sábado, 31 de outubro de 2009

Música: Arrumação
Interpréte: Mônica Albuquerque
Composição: Elomar

Josefina sai cá fora e vem vê
Olha os forro ramiado vai chuvê
Vai trimina riduzi toda criação
Das bandas de lá do ri gavião
Chiquera pra cá já ronca o truvão

Futuca a tuia, pega o catadô
Vamo planta feijão no pó
Futuca a tuia, pega o catadô
Vamo planta feijão no pó

Mãe purdença inda num cuieu o ai
O ai roxo dessa lavora tardã
Diligença pega panicum balai
Vai cum tua irmã, vai num pulo só
Vai cuiê o ai, o ai da tua avó

Futuca a tuia, pega o catadô
Vamo planta feijão no pó
Futuca a tuia, pega o catadô
Vamo planta feijão no pó

Lua nova sussarana vai passá
Sêda branca, na passada ela levô
Ponta d´unha, lua fina risca no céu
A onça prisunha, a cara de réu
O pai do chiquêro a gata comeu
Foi um trovejo c´ua zagaia só
Foi tanto sangue que dá dó

Os cigano já subiro bêra ri
É só danos, todo ano nunca vi
Paciênça, já num guento as pirsiguição
Já só caco véi nesse meu sertão
Tudo que juntei foi só pra ladrão

Futuca a tuia, pega o catadô
Vamo planta feijão no pó
Futuca a tuia, pega o catadô
Vamo planta feijão no pó

Jack_Vettriano_Yesterdays_Dreams  
                                         Jack Vettriano


POEMA PARA UM AMOR – XVI
© Fernanda Guimarães

 À janela do olhar
A solidão da saudade
Desnuda-me numa ternura explícita
No horizonte em que me perco
O infinito ilumina-se de ti
Nada mais há a ser dito
Enquanto a tarde se desdobra
Colorindo-se de lilases
Presenciando o teu habitar-me

Sempre resta algo de mim
Que teu olhar busca encontrar
Sabes que meu coração
Nunca desperdiçou gestos
Guiando-te ao lado mais real
Onde o afeto, o amor, a emoção
Ignoram a mais pura das lógicas
Deambulo serenamente por teu olhar
E mesmo que ainda não compreendas
Há a memória do sonho
Que sempre me conduz para ti...

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Renato Russo e Almas Perfumadas – para lembrar sempre de você, Guria.

ALMAS PERFUMADAS
De Ana Cláudia Saldanha Jácomo
para  sua avó Edith

Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta. De sol quando acorda. De flor quando ri. Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda. Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça. Lambuzando o queixo de sorvete. Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher. O tempo é outro. E a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende a ver.
Tem gente que tem cheiro de colo de Deus. De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul. Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis. Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo. Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga pra isso. Ao lado delas, pode ser abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel.
Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu e daquelas que conseguimos acender na Terra. Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza. Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria. Recebendo um buquê de carinhos. Abraçando um filhote de urso panda. Tocando com os olhos os olhos da paz. Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave que sua presença sopra no nosso coração.
Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa. Do brinquedo que a gente não largava. Do acalanto que o silêncio canta. De passeio no jardim. Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro e que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo. Corre em outras veias. Pulsa em outro lugar. Ao lado delas, a gente lembra que no instante em que rimos Deus está dançando conosco de rostinho colado. E a gente ri grande que nem menino arteiro.
Costumo dizer que algumas almas são perfumadas, porque acredito que os sentimentos também têm cheiro e tocam todas as coisas com os seus dedos de energia. Minha avó era alguém assim. Ela perfumou muitas vidas com sua luz e suas cores. A minha, foi uma delas. E o perfume era tão gostoso, tão branco, tão delicado, que ela mudou de frasco, mas ele continua vivo no coração de tudo o que ela amou. E tudo o que eu amar vai encontrar, de alguma forma, os vestígios desse perfume de Deus, que, numa temporada, se vestiu de Edith, para me falar de amor.

Fonte do texto:
http://anajacomo.blogspot.com/2009/10/almas-perfumadas.html
Fonte do Vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=9xXzKivx4rE

VÍDEO: LER DEVIA SER PROIBIDO
Campanha de incentivo à leitura idealizada e produzida por: Deborah Toniolo, Marina Xavier, Julia Brasileiro, Igor Melo, Jader Félix, João Paulo Moura, Luciano Midlej, Marcos Diniz, Paulo Diniz, Filipe Bezerra. (Alunos do 2ºano - turma pp02/2003 - do curso de Publicidade e Propaganda da UNIFACS - Universidade Salvador).
Adaptação do texto de Guiomar de Grammont.


O Dia Nacional do Livro é comemorado em 29 de outubro. Essa data foi escolhida para a comemoração, considerando-se a data da fundação da Biblioteca Nacional (29/10/1810), por D. João VI. O grande acontecimento permitiu a popularização do livro, tornando mais fácil o acesso à leitura.

OUTRAS DATAS PARA O DIA DO LIVRO

18 de Abril – Dia Nacional do Livro Infantil
23 de Abril  - Dia Internacional do Livro

Dia do Livro Infantil, é fundamental lembrar que o dia 18 de abril foi escolhido para comemorar, por ser esse o dia do nascimento de Monteiro Lobato, um dos precursores da obra literária infantil no Brasil.

O Dia Internacional do Livro teve a sua origem na Catalunha, uma região semi-autônoma da Espanha. A data começou a ser celebrada em 7 de outubro de 1926, em comemoração ao nascimento de Miguel de Cervantes, escritor espanhol. O escritor e editor valenciano, estabelecido em Barcelona, Vicent Clavel Andrés, propôs este dia para a Câmara Oficial do Livro de Barcelona.

Em 6 de fevereiro de 1926, o governo espanhol, presidido por Miguel Primo de Rivera, aceitou a data e o rei Alfonso XIII assinou o decreto real que instituiu a Festa do Livro Espanhol.

No ano de 1930, a data comemorativa foi trasladada para 23 de abril, dia do falecimento de Cervantes. Mais tarde, em 1995, a UNESCO instituiu 23 de abril como o Dia Internacional do Livro e dos Direitos dos Autores, em virtude de a 23 de abril se assinalar o falecimento de outros escritores, como Josep Pla, escritor catalão, e William Shakespeare, dramaturgo inglês.

No caso do escritor inglês, tal data não é precisa, pois que na Inglaterra, naquele tempo, ainda utilizava o calendário juliano, pelo que havia uma diferença de 10 dias para o calendário gregoriano usado na Espanha. Assim Shakespeare faleceu efetivamente 10 dias depois de Cervantes.

Fonte: http://pt.wikipedia.org

simoneenloucrescida
clique na imagem para entrar na página

"Sou apenas uma simples mulher, que gosta de brincar com palavras e tem, na poesia, o melhor e mais barato tratamento psicanalista.
E tudo o que me dá mais prazer, calma e satisfação, está no brincar com as letrinhas, tentando fazer delas poesia."


www.avozdapoesia.com.br/simoneenloucrescida

E hoje a Simone Enloucrescida faz aniversário... com a sua página no site da Voz da Poesia brindamos e celebramos esta data festiva, com votos de felicidades.

Tem celebração também no post abaixo.

Hoje celebramos a vida da nossa amiga Simone “Enloucrescida”

E a presenteio com 3 momentos de uma música – que ela sabe – dispensa qualquer palavra:

CARMINA BURANA

UC Davis University Chorus, Alumni Chorus, Symphony Orchestra, and the Pacific Boychoir perform Carl Orff's "Carmina Burana," at the Mondavi Center on the campus of UC Davis. Jeffrey Thomas, conducting, Shawnette Sulker, soprano, Gerald Thomas Gray, tenor, and Malcolm MacKenzie, baritone. Series: Mondavi Center Presents [6/2007]

noite_65
                                            By Google
NOITE TRISTE
J. J. Leandro
 
A noite é curta
para quem dorme.
A noite é longa
para quem vela.
Quem vela
sabe que a noite é triste;
quem dorme
sonha que a noite é bela.
domingo, 25 de outubro de 2009

Música: Campo Branco
Interpréte: Mônica Albuquerque
Composição: Elomar

Campo branco minhas penas que pena secou
todo bem que nóis tinha era a chuva era o amor
num tem nada não nóis dois vai penando assim
campo lindo ai que tempo ruim
tu sem chuva e a tristeza em mim
peço a Deus a meu Deus grande Deus de Abraão
pra arrancar as penas do meu coração
dessa terra seca in ança e aflição
todo bem é de Deus qui vem
quem tem bem lôva a Deus seu bem
quem não tem pede a Deus qui vem
pela sombra do vale do ri gavião
os rebanhos esperam a trovoada chover
num tem nada não
também no meu coração
vô ter relampo e trovão
minh'alma vai florescer
quando a amada e esperada trovoada chegá
iantes das quadra as marrã vão tê
sei que ainda vô vê marrã pari sem querer
amanhã no amanhecer
tardã mais sei qui vô vê
meu dia inda vai nascer
e esse tempo da vinda tá perto de vir
sete casca aruêra cantaram pra mim
tatarena vai rodar vai botar fulô
marela de u'a veis só
pra ela de u'a veis só

(Faixa 3, lado A do disco de Diana "Eterno como Areia". Faixa 2, lado B, Disco 1, do duplo "Na quadrada das águas perdidas", de Elomar)

sábado, 24 de outubro de 2009

Postando um comentário deixado pela Renata Seixas, por entender que essa medida vá beneficiar a todos que lutam pela cultura.
Divulguem, liguem para seus representantes, mandem e-mails (o link com os endereços de e-mails dos deputados está no final do post, copie e cole no seu navegador).

Renata Seixas disse...

“A PEC da Música ganha forças a cada dia e o seu blog está ajudando muito.
Em função da votação de uma Medida Provisória que trancou a pauta, a PEC não foi a Plenário no dia 21/10, conforme previsto. A expectativa é de que seja votada na semana que vem, embora ainda não tenhamos definição quanto à data. Comprometo-me de comunicar assim que houver a confirmação.
A luta continua! Ainda há tempo de colaborar com a música brasileira, aumentando a divulgação!
É importante que as pessoas contatem os deputados de seu Estado e peçam que votem a favor da PEC da Música. Informe seus leitores, é muito importante a participação de todos!

Maiores informações: http://www.otavioleite.com.br/pesquisa.asp?q=pec+da+musica
Twitter da PEC: http://twitter.com/pecdamusica
Twitter do Deputado Otavio Leite (autor da proposta): http://twitter.com/otavioleite

A lista de e-mail de todos os parlamentares está disponível aqui:
http://www2.camara.gov.br/deputados/arquivo”

SAIBA O QUE É A PEC >> AQUI

Quando o político faz algo que justifica o seu cargo, ou seja, representar os interesses da população, deve ter o seu mérito reconhecido, embora não esteja fazendo nenhum favor, porque pra isso ele foi eleito e é muito bem remunerado.

Cao_Yong_winds_of_love
                           Pintura de Cao Yong
 

Clique para ouvir

FAZER AMOR É PISAR NA ETERNIDADE
Texto atribuído a um Frei do Colégio Santo Agostinho


Fazer amor é coisa séria demais…
Não basta um corpo e outro corpo,
Misturados num desejo insosso desses que dão feito fome trivial,
Nascida da gula descuidada aplacada sem zelo,
Sem composturas, sem respeito,
Atendendo exclusivamente a voracidade do apetite. 

 
Fazer amor é percorrer as trilhas da alma,
Uma alma tateando outra alma,
Desvendando véus, descobrindo profundezas,
Penetrando nos escondidos sem pressa… com delicadeza. 


Porque alma tem textura de cristal,
Deve ser tocada nas levezas apalpada com amaciamentos,
Até que o corpo descubra cada uma das suas funções…
Quando a descoberta acontece é que o ato de amor começa. 


As mãos deslizam sobre as curvas, como se tocando nuvens,
A boca vai acordando e retirando gostos, provando os sabores,
Bebendo a seiva que jorra das nascentes escorrendo em dons.


É o côncavo e convexo em amorosa conjunção.
Fazer amor é ressurreição! É nascer de novo!
No abraço que aperta sem sufocamentos,
No beijo que fala a sede gritante,
Na escada dos degraus celestiais que levam ao gozo! 


Vale chorar!
Vale gemer!
Vale gritar! 


Porque aí já se chegou ao paraíso,
E qualquer som há de sair,
Quem sabe afinado,
Seja grave, agudo, pianinho,
Há de ser sempre o acorde faltante,
Quando amantes iniciam o milagre do encontro. 


Corpos se ajustaram, almas matizaram:
Fez-se o êxtase
É o instante de Paz
É a escritura da serenidade
E os amantes em assunção, pisam eternidades! 


 

Fonte do áudio:
Voz: Carlos Alberto de Oliveira
Trilha: Love History



Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.
sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Música: Que amor não me engana
Interpréte: Dulce Pontes
Composição: José Afonso

Que amor não me engana
Com a sua brandura
Se da antiga chama
Mal vive a amargura

Duma mancha negra
Duma pedra fria
Que amor não se entrega
Na noite vazia?

E as vozes embarcam
Num silêncio aflito
Quanto mais se apartam
Mais se ouve o seu grito

Muito à flor das àguas
Noite marinheira
Vem devagarinho
Para a minha beira

Em novas coutadas
Junta de uma hera
Nascem flores vermelhas
Pela Primavera

Assim tu souberas
Irmã cotovia
Dizer-me se esperas
Pelo nascer do dia

terça-feira, 20 de outubro de 2009

diadopoeta
                                                imagem by Enloucrescida

 

O POETA É PERIGOSO
Artur da Távola

A palavra é a melhor e mais imprecisa forma de representar o real. Nada é tão único, direto e simples quanto à palavra e nada tão pantanoso. O homem vive a dificuldade de aprisionar a palavra, para, só assim, descobrir o termo preciso. Essa luta só acaba quando, no esforço de aprisionar a palavra, ela o aprisiona. Esse jogo (Luta? Tarefa? Alegria? Catarse), o de aprisionar a palavra e ser aprisionado, fascina de tal modo que quem o empreende faz-se um apaixonado por ele. Este é o jogo do escritor; e também o do poeta. E ainda o do bom político Aprisionar a palavra que escapa, dela desejando ser vítima, amante, senhor e escravo.

Poetas e políticos possuem essa afinidade: a de descobrir a palavra, a de viver da palavra. Eles se tornam cúmplices da palavra no processo através do qual ela impera sobre eles, ao mesmo tempo em que precisa ser vencida por ambos. Pois é desse esforço bendito e maldito (porque sempre incompleto e insatisfatório) que nasce o poeta.

A poesia, porém, não pára na palavra. Ela é também - e sobretudo - a busca do sentido das coisas. E o que é o sentido das coisas? Este, aparece rapidamente em nossa mente e logo foge, escapa, nem sempre se torna claro para o homem. Este, porém, prefere chamar esse clarão fugidio de verdade. Mas é sempre errático e fugidio.

Eu perguntaria a vocês: é fácil saber o que é a vida? A morte? É claro saber o que é a liberdade? O que é a política? Não! Nós temos impressões, percepções, e há sempre algo a fugir no sentido das coisas. Aí está o poeta. O poeta é esse ser à margem dos homens, um tanto subversivo em relação aos comportamentos dos homens, que busca pilhar a lucidez fugidia. Enquanto os homens vivem atados às suas paixões, o poeta (que também tem as dele), guarda dentro de si um outro lado em permanente vigilância, em alerta de sensibilidade. Ele não tenta entender o sentido das coisas apenas; ele tenta - se me permitem a palavra - sentir o sentido das coisas. E nesse momento o sentido das coisas não é apenas algo fluido em sua inteligência mas uma vivência ou intuição presente sobretudo no órgão do sentimento.

O poeta vê o verso, vê o outro lado. Por isso, ele é perigoso. Por isso, ele é grandioso. Por isso, ele ameaça. A história dos homens conta inúmeros casos de poeta assassinados, degredados, exilados, perseguidos, porque eles dominam esse mistério, essa deusa: a palavra. Dominam, não nos esqueçamos, porque são dominados por ela. E ao dominá-la e serem, por ela dominados, conseguem ver mais e melhor, ver além, por dentro. Ver o verso das coisas é ser profeta.

Assim, mataram poetas nas revoluções, baniram poetas nas crises políticas. O poeta é perigoso, porque está sozinho, longe dos apetites do mundo, a trabalhar com a sensibilidade, tarefa subversiva porque oposta ao mundo de hoje, o da predominância do consumo, da máquina, do fazer, no qual a única ética é o êxito. Ele não se entrega às "verdades" das aparências; ele prefere ficar com o verso. Prefere ficar, como dizia Cruz e Souza: "entre raios, pedradas e metralhas, ficou gemendo mas ficou sonhando".

segunda-feira, 19 de outubro de 2009
vermeer_rendeira 
                                                                VERMEER
A RENDEIRA
Adriano Espínola
 
Na teia da manhã que se desvela
a rendeira compõe seu labirinto,
movendo sem saber e por instinto
a rede dos instantes numa tela
Ponto a ponto, paciente, tenta ela
traçar no branco linho mais distinto
a trama de um desenho tão sucinto
como a jornada humana se revela.

Em frente, o mar desfia a eternidade
noutra tela de espuma e esquecimento
enquanto, entrelaçado, o pensamento
costura sobre o sonho a realidade.

Em que perdida tela mais extrema
foi tecida a rendeira e este poema?


Adriano Espínola, poeta nascido em Fortaleza (CE) em 1952. É professor de Literatura Brasileira na Universidade Federal do Ceará.
sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Edvard_Munch 
                                                                   Edvard Munch

“O ciúme é aquela dor que dá quando percebemos que a pessoa amada pode ser feliz sem a gente”
(Rubens Alves)

"Meu Senhor, livrai-me do ciúme! É um monstro de olhos verdes, que escarnece do próprio pasto que o alimenta. Quão felizardo é o enganado que, cônscio de o ser, não ama a sua infiel! Mas que torturas infernais padece o homem que, amando, duvida, e, suspeitando, adora." (William Shakespeare)

A suspeita e o ciúme são como venenos empregados na medicina: se pouco, salva; se muito, mata.
(Antonio Perez)

"Os ciumentos não precisam de motivo para ter ciúme. São ciumentos porque são. O ciúme é um monstro que a si mesmo se gera e de si mesmo nasce."
(William Shakespeare)

"De todas as enfermidades que acometem o espírito, o ciúme é aquela a qual tudo serve de alimento e nada serve de remédio."
(Michel de Montaigne)

"Para que um bom relacionamento continuar e seja agradável, é preciso não apenas suspeitar prudentemente como ocultar discretamente a suspeita."
(Stendhal)

"No banquete do amor, o ciúme é o saleiro, que ao querer verdadeiro empresta vivo sabor. Advirta-se porém ser erro temperar em demasia. O ciúme, por ser só sal um retrato, se posto demais no prato, não tempera, antes maltrata."
(Tirso de Molina)

"É próprio da condição do ciumento enxergar como sendo maiores e mais valiosas, aos olhos da amada, as qualidades do seu rival."
(Miguel de Cervantes)

"O ciúme da mulher, de quem se espera amor, é uma revelação agradável, ainda mesmo que valha pouco para a felicidade do coração."
(Camilo Castelo Branco)

quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Se essa votação lhe interessa, pressione o seu representante no Congresso Nacional.
Uma caravana de artistas e músicos desembarca dia 21 em Brasília. É quarta-feira que vem a votação na Câmara da PEC da Música, que dá imunidade tributária às gravações de canções e videoclipes. Autor do projeto, o deputado Otavio Leite (PSDB-RJ) prevê queda de 25% no preço de CDs: “Se passar, será um golpe na pirataria”.

Fonte: Jornal O Globo
14/10/2009, Coluna Negócios & cia

O QUE É O PEC

Depois de dois anos e diversas audiências públicas, a PEC 98/07 (Proposta de Emenda à Constituição) - que deve revolucionar os parâmetros do mercado fonográfico brasileiro - será votada na Câmara dos Deputados no dia 21. Elaborada pelo parlamentar Otavio Leite (PSDB-RJ), a proposta estabelece imunidade tributária para gravações de artistas brasileiros, com o objetivo de diminuir o impacto da pirataria e dos downloads ilegais.

Ou seja: caso a medida, conhecida como PEC da Música, seja aprovada, não haverá mais cobrança de impostos sobre a venda de suportes físicos (CDs e DVDs) e formatos digitais (telefonia móvel e na internet). As publicações de livros, jornais e revistas já contam com esse benefício.

O autor do projeto diz que a mudança poderá reduzir em 25% os preços desses produtos. Atualmente, discos e DVDs custam R$ 25 e R$ 40, respectivamente, em média.

"Acredito também que as empresas poderão vender 35% mais barato as músicas baixadas por telefonia, os ringtones. em que há incidência tributária elevada. Será possível proporcionar impulso e formalização do mercado na internet, porque há muita coisa feita de forma irregular", explica o deputado.

O parlamentar conta que a PEC não foi bem recebida pelos que representam no Congresso a Zona Franca de Manaus, no Amazonas, atualmente único estado que usufrui de isenção de impostos para o setor.

Para evitar resistências, Leite alterou a proposta: enquanto os outros estados ficarão isentos de ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias) e ISS (Imposto sobre Serviço), o Amazonas também será beneficiado com a isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).

"Existem apenas cinco fábricas de discos no Brasil e todas ficam em Manaus. Fizemos a ressalva para que o benefício nessa área da fabricação valha apenas para essa região."

Favorável ao projeto, o presidente da ABMI (Associação Brasileira de Música Independente). Roberto de Carvalho comenta que houve equívoco por parte dos parlamentares. "Eles temem, erroneamente, que a fabricação de CDs desloque-se para outras praças. Estão fazendo esse lobby contrário porque, graças à malha tributária absurda, os fabricantes de Manaus aproveitaram-se dos incentivos e também tornaram-se distribuidores. E não querem perder esse filé."

Carvalho ressalta ainda que a PEC pode acabar com o atraso do País em relação à música digital. "A venda de conteúdos musicais por telefone no Brasil é taxada em 30% como operação de telecomunicações Para quem produziu, não sobra nada."

Ao contrário de análises feitas por parcela da imprensa especializada, Carvalho não acredita na extinção do formato CD. "Essa é outra falácia, a maior mentira que alguém poderia dizer. No Japão, que tem o mercado digital mais desenvolvido do mundo, 70% do movimento financeiro de venda de música é feito através de CD e DVD. No Brasil, isso pula para perto de 90%."

PIRATARIA - Outro apoiador é o presidente da ABPD (Associação Brasileira dos Produtores de Discos), Paulo Rosa. "Em um ambiente onde imperam a pirataria de CDs e DVDs, e de alguns anos para cá aquela praticada através da internet, é mais que bem-vinda essa redução de custos fiscais, que irá beneficiar o setor que produz música, aquele que a comercializa e o consumidor final."

Engajado na defesa do projeto desde 2007, o cantor e compositor carioca Leoni enumera outro benefícios. "A PEC vai tirar da informalidade bandas pequenas que gravam discos, vendem em seus shows e não pagam impostos. Também dará à música, maior representante da arte brasileira no Exterior. o status que ela merece. O papel de jornal, por exemplo já tem isenção."

A lista de defensores do projeto na classe musical é extensa e inclui outros nomes como os sertanejos Zezé Di Camargo & Luciano, o Rei Roberto Carlos, o compositor Francis Hime e os cantores Sandra de Sá, Fagner e Roberto Frejat.

Fonte:
www.otavioleite.com.br/conteudo.asp?pec-da-musica-3600

rosas_g_037  


DESVENTURA
Cecília Meireles

Tu és como o rosto das rosas:
diferente em cada pétala.

Onde estava o teu perfume?
Ninguém soube.
Teu lábio sorriu para todos os ventos
e o mundo inteiro ficou feliz.

Eu, só eu, encontrei a gota de orvalho
que te alimentava,
como um segredo que cai do sonho.

Depois, abri as mãos, - e perdeu-se.

Agora, creio que vou morrer.

Leia mais Cecília Meireles >> AQUI

sábado, 10 de outubro de 2009
flordepessegueiro_Paulo_Henrique_Lopes_Rodrigues
                        Foto de Paulo Henrique Lopes Rodrigues

A FLOR DE PESSEGUEIRO
António Feijó

 
A melindrosa flor de pessegueiro
Deixei-a, como dádiva de amores,
A essa que tem o rosto feiticeiro
E os lábios cor das purpurinas flores.

E a tímida andorinha, de asas quietas,
Dei-a também como lembrança minha,
A essa que tem as sobrancelhas pretas,
Iguais às asas da andorinha.

No dia imediato a flor morria,
E a andorinha voava, entre esplendores,
Sobre a Grande Montana onde vivia
O Génio oculto qu preside às flores.

Mas nos seus lábios, como a flor abrindo,
Conserva a mesma carnação,
E não voaram, pelo azul fugindo
As asas negras dos seus olhos, não!

in Poesias Completas - Edições Caixotim
sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Foto e notícia recebi da Nara Françaclariceemazul

As pinturas da Esfinge
Uma mostra no Rio de Janeiro traz pela primeira
vez os quadros de Clarice Lispector – e uma biografia propõe novas explicações para os mistérios da escritora

A escritora Clarice Lispector comprazia-se em cultivar uma aura de mistério. Definia-se em frases como "sou tão misteriosa que não me entendo" ou "eu não decifrei a Esfinge, mas ela também não me decifrou". Seus romances talvez contenham elementos autobiográficos, mas indiretos e crípticos. Clarice não gostava de literatura confessional. É no aspecto biográfico (mais do que na inexistente qualidade artística) que reside o interesse de um pequeno e pouco conhecido conjunto de dezesseis pinturas sobre madeira realizadas por Clarice, que será exposto ao público pela primeira vez neste mês, no Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro. Todos os quadros foram pintados em 1975 e ficaram guardados desde sua morte, em 1977, na Fundação Casa de Rui Barbosa. Testemunham um período especialmente difícil para a autora. Um ano antes, ela fora demitida do Jornal do Brasil, no qual escrevia crônicas semanais, e estava preocupada com sua situação financeira. Embora ainda não soubesse do câncer que a mataria dois anos depois, sua saúde já estava debilitada. Aos 54 anos, escritora consagrada, ela se dizia cansada da literatura e declarava que pretendia parar de escrever, talvez para sempre. Ao longo desse ano, pintou freneticamente. São obras abstratas, algumas sombrias, outras muito coloridas, todas com nomes trágicos: Medo, Explosão, Tentativa de Ser Alegre ou Caos da Metamorfose sem Sentido. Sobre Medo, escreveu que fora aconselhada a não olhar para o quadro, porque lhe fazia mal: "Eu conseguira pôr para fora de mim, quem sabe se magicamente, todo o medo-pânico de um ser no mundo". A pintora diletante supervalorizava sua produção – os borrões de Medo, afinal, só apavoram pela feiura. Mas um biógrafo da escritora acredita que os quadros tenham pistas para os traumas mais profundos e ocultos da autora de A Paixão Segundo G. H.

A relação de Clarice com a pintura é analisada em detalhes pelo americano Benjamin Moser em Why This World (Por que Esse Mundo?), biografia lançada em agosto nos Estados Unidos e na Inglaterra. Moser lembra que em dois romances – Água Viva, de 1973, e o póstumo Um Sopro de Vida – as personagens centrais são artistas plásticas, e há títulos de quadros que foram usados pela autora nas obras que pintou depois. Ele destaca que Clarice trabalhava seguindo com o pincel as nervuras da madeira. Assim, ao mesmo tempo em que cobria o quadro de tinta, ela ressaltava sua textura original. "É uma maneira de pintar oposta ao trompe-l’oeil, recurso que dá ao espectador a impressão de estar diante de um objeto que não existe. Ou seja, também nos quadros de Clarice existe a tensão entre real e inventado que marca sua produção literária", diz Moser.

Clarice já foi objeto de pelo menos três biografias no Brasil, mas Por que Esse Mundo?, que será lançada no país em novembro, traz algumas novidades interpretativas. Moser sustenta que a autora foi muito mais influenciada por sua origem judaica do que ela própria admitia. Os estudiosos brasileiros sempre acentuaram a marca do exílio na vida de Clarice, cuja família fugiu da Ucrânia para o Brasil, chegando aqui em 1922, pouco depois do nascimento da escritora. Mas o biógrafo americano acredita que ela nutria um misticismo ligado à tradição da cabala judaica, aspecto de sua formação cultural que ainda não teria sido suficientemente estudado no Brasil.

Na origem da família residiria, também, um detalhe trágico. Com evidências um tanto especulativas, Moser afirma que Mania, mãe de Clarice, foi estuprada por soldados russos, e que a paralisia progressiva que a levou à morte, em 1930, foi causada por uma sífilis contraída nessa violação. Essa afirmação ousada é baseada em duas circunstâncias. A primeira é histórica: nas perseguições a judeus na Ucrânia, os estupros eram comuns, e os casos de sífilis, muito frequentes. A segunda vem da ficção de Elisa Lispector, a irmã mais velha de Clarice. Moser fala de "uma estranha lacuna" em No Exílio, romance autobiográfico de Elisa. A autora revela que, em 1915, sua casa havia se transformado em refúgio de mulheres e crianças. No meio da noite, ouviram-se tiros, e sua mãe resolveu sair, sozinha, para ver o que estava acontecendo. "Ela decidiu salvar suas filhas e as outras pessoas que buscaram abrigo em nossa casa", escreveu Elisa, para depois contar que Mania voltou exausta e afundou-se, muda, numa cadeira. No livro Clarice, uma Vida que Se Conta, da pesquisadora da Universidade de São Paulo Nádia Gotlib, há uma nota de rodapé na qual a autora credita ao médico Henrique Rabin a hipótese da sífilis contraída num estupro. Ela diz, entretanto, que não há como confirmá-la.

É provável que nunca se saiba o que de fato aconteceu na Ucrânia, antes que a família partisse para o Brasil. A hipótese de que Mania tenha sido estuprada carrega consequências trágicas para Clarice: a futura escritora teria sido concebida justamente para livrar sua mãe da paralisia. Segundo crença difundida entre os ucranianos, a gravidez teria o poder de curar doenças nas mulheres. Se isso é verdade, o fracasso nessa missão marcaria Clarice pelo resto da vida. Numa crônica publicada em 1968 no Jornal do Brasil, ela comenta: "Sei que meus pais me perdoaram por eu ter nascido em vão e tê-los traído na grande esperança. Mas eu, eu não me perdoo".

Marcelo Bortoloti

Veja a galeria de imagem
http://veja.abril.com.br/galeria-de-imagens/clarice-lispector-494795.shtml

Fonte:
http://veja.abril.com.br/020909/pinturas-esfinge-p-132.shtml

Jean-Baptiste Valadie_Lumiere_blanche
                                          Jean-Baptiste Valadie
AMOR
Maria Esther Maciel
 
Na véspera de ti
eu era pouca
e sem
sintaxe
eu era um quase
uma parte
sem outra
um hiato
de mim.

No agora de ti
aconteço
tecida em ponto
cheio
um texto
com entrelinhas
e recheio:
um preciso corpo
um bastante sim.
terça-feira, 6 de outubro de 2009
OldWomanoftheSealo
Imagem da Internet by Bing(*)
A VELHA
Adriano Espínola

Esculpida em silêncio
sentada e sábia,
fita o horizonte da mágoa.

Ao seu lado,
o mar murmura
as sílabas do ocaso.
Ó beleza antiga e súbita:
sobre o seu ombro
o instante se debruça
iluminado. 

Adriano Espínola, poeta nascido em Fortaleza (CE) em 1952. É professor de Literatura Brasileira na Universidade Federal do Ceará.
(*) Fonte da imagem:
sci.sdsu.edu/salton/TheOldWomanand%20theSea.html
(com a ajuda prestimosa do amigo Bert Bomb)
domingo, 4 de outubro de 2009

mercedes_sosa                            Foto by Google

A cantora argentina Mercedes Sosa, de 74 anos, morreu neste domingo (4)  em Buenos Aires, segundo o hospital em que ela estava internada.

Ela morreu em consequência de uma doença hepática complicada por problemas respiratórios.

Sosa foi uma das intérpretes mais conhecidas da música regional latino-americana, e uma das artistas mais famosas na Argentina depois de Carlos Gardel e Astor Piazzolla.

Ela havia sido internada em 18 de setembro, depois de ter sofrido uma complicação renal, mas seu estado piorou nos últimos dias por causa de uma falha cardiorrespiratória.

Nascida na cidade de San Miguel de Tucumán em 1935, Sosa teve uma atuação marcante durante a ditadura militar argentina, entre 1976 e 1983 e acabou exilada na Europa.

Apelidada carinhosamente de "La Negra", por sua ascendência que misturava índio e francês, ela ficou fora de cena por algum tempo anos atrás por um problema de saúde, mas retornou em 2005.

Neste ano, ela lançou um disco em dois volumes denominado "Cantora", em que canta em parceria com artistas como Joan Manuel Serrat, Caetano Veloso e Shakira, razão pela qual estava indicada a três prêmios Grammy Latino.

Fonte: Do G1, com agências internacionais

Algumas das canções inesquecíveis de Mercedes Sosa

Gracias a la Vida
Comp.: Violeta Parra

Todo Cambia
Comp.: Julio Numhauser

 

Solo le pido a Dios
Comp.: Leon Gieco

Volver a los 17
Comp.: Violeta Parra
Mercedes Sosa con Caetano Veloso ,Gal Costa, Chico Buarque e Milton Nascimento (1986).

sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Aleksei_Tivetsky_rondo_venezia 
                          Pintura de Aleksei Tivetsky
TUA FALA
Everardo Norões
 
Tua fala parecia
uma rede de varandas,
branca,
no meio da sala.

(Uma coisa que envolve
e, ao mesmo tempo, se esquiva):
gesto seco de uma chama,
morrendo,
e sempre mais viva.

Era assim, tua palavra:
escorreita, sem medida.
Falas como pés descalços,
presos à relva macia.
Ou um cheiro de curral
quando a manhã principia.

(Tua fala parecia
a rede, toda bordada,
onde a noite amanhecia). 

In A Rua do Padre Inglês, 2006
Everardo Norões, nasceu no Crato, Ceará,
é economista, poeta e crítico literário.
quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Carrie_Graber_let's_dance
                                Carrie Graber

LIMITES DO AMOR
Affonso Romano de Sant'Anna

Condenado estou a te amar
nos meus limites
até que exausta e mais querendo
um amor total, livre das cercas,
te despeça de mim, sofrida,
na direção de outro amor
que pensas ser total e total será
nos seus limites da vida.

O amor não se mede
pela liberdade de se expor nas praças
e bares, em empecilho.
É claro que isto é bom e, às vezes,
sublime.
Mas se ama também de outra forma, incerta,
e este o mistério:

- ilimitado o amor às vezes se limita,
proibido é que o amor às vezes se liberta.

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