sexta-feira, 27 de março de 2009

 
Palavra (En)Cantada é um documentário dirigido por Helena Solberg, que faz uma viagem na história do cancioneiro brasileiro com um olhar para a relação entre poesia e música, costurando depoimentos de grandes nomes da nossa cultura, performances musicais e surpreendente pesquisa de imagens.
"Palavra (En)cantada" conta com a participação de Adriana Calcanhotto, Antônio Cícero, Arnaldo Antunes, BNegão, Chico Buarque, Ferréz, Jorge Mautner, José Celso Martinez Correa, José Miguel Wisnik, Lirinha (Cordel do Fogo Encantado), Lenine, Luiz Tatit, Maria Bethânia, Martinho da Vila, Paulo César Pinheiro, Tom Zé e Zélia Duncan. Imagens de arquivo resgatam momentos sublimes de Dorival Caymmi, Caetano Veloso e Tom Jobim.


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                                        Rainer Maria Rilke

A impressionante história do nascimento das Elegias de Duíno, como nos conta Emmanuel Carneiro Leão na introdução do livro Sonetos a Orfeu e Elegias de Duíno (Editora Vozes, Petrópolis, 1989):
”As Elegias operam a explosão de seu próprio nascimento. Nasceram de uma experiência extra-ordinária do extra-ordinário: um acontecimento inesperado, violento, perigoso, um verdadeiro furacão de poesia se abatera sobre o espírito do poeta. Em janeiro de 1912 Rilke passava o inverno no Castelo de Duíno numa falésia à beira do Adriático. Tinha recebido uma carta de negócios. A resposta exigia uma decisão grave de mudanças e transformação. Saiu para pensar na resposta ao ar livre. Formava-se uma tempestade e o vento começou a soprar forte. A resposta o absorvia. Andava de um lado para o outro, a uns 70 metros da água, lutando por uma decisão. De repente parou. Era como se do meio da tempestade uma voz lhe retirasse da boca e inscrevesse no barulho do vento as palavras: Se gritasse, quem das legiões de anjos escutaria o grito?
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                                      Castelo de Duíno
Rilke se recolheu todo à escuta do que estava por vir. Sentindo a presença da poesia, anotou as palavras e alguns outros versos que ainda se formaram sem nenhuma participação sua. Voltou para o Castelo e naquela mesma noite a primeira elegia estava pronta. A segunda seguiu alguns dias depois, e no final do inverno os primeiros versos de todas as outras lhe foram dados da mesma maneira. Alguns fragmentos apareceram ainda em viagens a Toledo, Ronda e Paris e logo tudo silenciou. Rilke sabia da importância do que lhe sucedera e esperou por 10 anos o retorno do Inesperado.
[...] Espera retomar o fluxo interrompido tão logo encontre um abrigo adequado, como o Castelo de Duíno destruído na [Primeira] guerra [Mundial]. Passando pelo país do Valais, chega a Sierre e descobre o lugar ideal num pequeno castelo do século XIII: Muzot. Um cartaz anunciava venda ou aluguel. Seu amigo, Walter Reinhart, o adquire e põe à disposição do poeta que lá se instala no início do verão de 1921.
No retiro de Muzot Rilke espera. Mas era uma espera criadora. Lia e traduzia Paul Valéry [...] Na noite de 1º de Janeiro de 1922 chegou uma carta de Gertrude Oukama Knoop. A mãe relata a doença e morte da filha. Era um sinal. Na passagem do ano o Anjo da morte falava de transformação: uma jovem com estranho poder de sedução, uma pessoa extra-ordinária, feita para a dança, a música e as artes, deixara a juventude para entrar na morte e reintegrar-se ao todo. Rilke é tomado pelo canto criador de Orfeu. [...] Prepara-se a fúria de uma nova tempestade semelhante à que o surpreendera dez anos antes na falésia de Duíno. [...]Após uma angústia de dez anos, a poesia retomou a força dos elementos e em nova tempestade abriu caminho para a liberdade. Em cinco dias de total dedicação, de 7 a 11 de fevereiro, todo o conjunto das Elegias estava pronto.”
E para quem tiver curiosidade: o Castelo de Duíno (foto) fica no Trieste e pertence à família von Thurn und Taxis. Reconstruído, é a residência particular da Princesa von Thurn und Taxis, e encontra-se em parte aberto à visitação pública.


Fonte: paraserzen.blogspirit.com

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                               Imagem: Michael and Inessa Garmash


SUGESTÃO
CECÍLIA MEIRELES

Sede assim - qualquer coisa
serena, isenta, fiel.

Flor que se cumpre,
sem pergunta.

Onda que se esforça,
por exercício desinteressado.

Lua que envolve igualmente
os noivos abraçados
e os soldados já frios.

Também como este ar da noite:
sussurrante de silêncios,
cheio de nascimentos e pétalas.

Igual à pedra detida,
sustentando seu demorado destino.
E à nuvem, leve e bela,
vivendo de nunca chegar a ser.

À cigarra, queimando-se em música,
ao camelo que mastiga sua longa solidão,
ao pássaro que procura o fim do mundo,
ao boi que vai com inocência para a morte.

Sede assim qualquer coisa
serena, isenta, fiel.

Não como o resto dos homens.



Música: Mulher Eu Sei
Intérpretes: Ana Carolina e Chico César
Composição: Chico César


Eu sei como pisar
No coração de uma mulher
Já fui mulher eu sei
Já fui mulher eu sei
Para pisar no coração de uma mulher
Basta calçar um coturno
Com os pés de anjo noturno
Para pisar no coração de uma mulher
Sapatilhas de arame
O balé belo infame
Eu sei como pisar
No coração de uma mulher
Já fui mulher eu sei
Já fui mulher eu sei
Para pisar no coração de uma mulher
Alpercatas de aço
O amoroso cangaço
Para pisar no coração de uma mulher
Pés descalços sem pele
Um passo que a revele
já fui mulher eu sei
poetica e cotidiana

gilkamachado

Corajosa, livre para falar de intimidades. O poeta Drummond diz que “nela os sentidos operavam em sincronia”. Gilka Machado fazia poesia desde menina. Nascida no Rio em 1893, casou-se e enviuvou cedo. Estreou nas letras ganhando concurso de jornal. A crítica veio ácida: “poemas laborados por uma matrona imoral”. Mulher alguma havia ousado tanto. Nenhuma havia dito que gostava de estar “toda nua, completamente exposta à volúpia do vento”. Assustando e escandalizando, publicou onze livros. Títulos como Mulher Nua (1922) e  Meu Glorioso Pecado (1928) causaram mal-estar. A audácia comprometeu a carreira literária. Gilka morreu em 17 de dezembro de 1980. Drummond comentou: “As mulheres que gozam hoje de plena liberdade literária para cantar as expansões do instinto e as propriedades eróticas do corpo deviam ser gratas a essa antecessora.”


Fonte: almanaquebrasil.com.br

 
Trailer oficial do filme "Budapeste", que deve sair em Abril de 2009. Adaptação do romance de Chico Buarque.
- Direção: Walter Carvalho
- Roteiro: Chico Buarque e Rita Buzzar.
-Elenco: Leonardo Medeiros, Gabriella Hámori, Giovanna Antonelli, Antonie Kamerling, Ivo Canelas, Andrea Balogh, Nicolau Breyner, Chico Buarque de Hollanda.
- Sinopse: José Costa, um ghost-writter brasileiro, viaja a Budapeste, onde descobre que tem um duplo de si naquela cidade.

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Endereço da imagem: www.cineplayers.com

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