sábado, 27 de março de 2010

Renato Russo completaria 50 anos de idade hoje, 27/03

Dizer que Renato Russo está vivo até hoje na memória de milhões de brasileiros é tão óbvio quanto ouvir uma música dele, cantarolar e relembrar de alguma época da vida. Nascido em 27 de março de 1960, o eterno líder da Legião Urbana completaria 50 anos de idade neste sábado. Renato liderou um dos maiores movimentos musicais do Brasil e ajudou a dar cara ao rock nacional com sua atitude por meio de suas letras e poesia. Leia mais >> AQUI

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Amizade é quando você encontra uma pessoa que olha na mesma direção que você, compartilha a vida contigo e te respeita como você é.
Uma pessoa com a qual você não precisa ter segredos e que goste até dos teus defeitos. Basicamente, é aquela pessoa com quem você quer compartilhar os bons momentos e os maus, também. (Renato Russo,1995)

A sua música, Poeta!

E a minha!

 Metal Contra as Nuvens

(Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá)

I
Não sou escravo de ninguém
Ninguém senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E por valor e tenho
E temo o que agora se desfaz.

Viajamos Sete léguas
Por entre abismos e florestas
Por Deus nunca me vi tão só
É a própria fé o que destrói
Estes são dias desleais.

Sou metal - raio, relâmpago e trovão
Sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Sou metal: me sabe o sopro do dragão.

Reconheço o meu pesar:
Quando tudo é traição
O que venho encontrar
É a virtude em outras mãos.

Minha terra
É a terra que é minha
E sempre ser

Minha terra
Tem a lua, tem estrelas e sempre ter

II

Quase acreditei na sua promessa
E o que vejo é fome e destruição
Perdi a minha sela e a minha espada
Perdi o meu castelo e minha princesa

Quase acreditei, quase acreditei
E, por honra, se existir verdade

Existem os tolos e existe o ladrão
E há quem se alimente do que é roubo.
Mas vou aguardar o meu tesouro
Caso você esteja mentido

Olha o sopro do dragão.

III

É a verdade o que assombra,
O descaso o que condena,
A estupidez o que destrói.

Eu vejo tudo o que se foi
E o que não existe mais.
Tenho os sentidos já dormentes,
O corpo quer, a alma entende.

Esta é a terra de ninguém
E sei que devo resistir
Eu quero a espada em minhas mãos

Sou metal - raio, relâmpago e trovão
Sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Sou metal: me sabe o sopro do dragão.

Não me entrego sem lutar
Tenho ainda coração
Não aprendi a me render
Que caia o inimigo então.

IV

Tudo passa, tudo passar

E nossa estória, não estar
Pelo avesso assim
Sem final feliz.
Teremos coisas bonitas pra contar.

E até lá vamos viver
Temos muito ainda por fazer.
Não olhe para trás
Apenas começamos

O mundo começa agora
Apenas começamos.

Sereníssima
Composição: Dado Villa-Lobos / Renato Russo / Marcelo Bonfá

Sou um animal sentimental
Me apego facilmente ao que desperta meu desejo
Tente me obrigar a fazer o que não quero
E você vai logo ver o que acontece.
Acho que entendo o que você quis me dizer
Mas existem outras coisas.

Consegui meu equilíbrio cortejando a insanidade,
Tudo está perdido mas existem possibilidades.
Tínhamos a idéia, mas você mudou os planos
Tínhamos um plano, você mudou de idéia
Já passou, já passou - quem sabe outro dia.

Antes eu sonhava, agora já não durmo
Quando foi que competimos pela primeira vez?
O que ninguém percebe é o que todo mundo sabe
Não entendo terrorismo, falávamos de amizade.

Não estou mais interessado no que sinto
Não acredito em nada além do que duvido
Você espera respostas que eu não tenho mas
Não vou brigar por causa disso
Até penso duas vezes se você quiser ficar.

Minha laranjeira verde, por que está tão prateada?
Foi da lua dessa noite, do sereno da madrugada
Tenho um sorriso bobo, parecido com soluço
Enquanto o caos segue em frente
Com toda a calma do mundo.

Hoje, num ato simbólico, apague a luz contra o aquecimento global das 20:30 às 21:30

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A Hora do Planeta acontece às 20h30, independentemente do local onde está o internauta. Para quem mora no Acre, Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Roraima, o cronômetro está uma hora adiantado. Já para quem está em Fernando de Noronha, São Pedro e São Paulo, assim como para as Ilhas Martin Vaz e Trindade, o contador está uma hora atrasado.

Diversas estações de conteúdo exibem um cronômetro regressivo para a Hora do Planeta de acordo com o horário de Brasília. Quando chegar o momento, o internauta será convidado a apagar as luzes e aderir ao movimento.

sexta-feira, 26 de março de 2010

A mobilização pró-leitura continua. Depois do Ano Ibero-americano da Leitura comemorado em 2005, foi criado o Prêmio Vivaleitura, com o objetivo de estimular, fomentar e reconhecer as melhores experiências que promovam a leitura.

As inscrições são gratuitas e terminam no dia 02 de julho.

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Estão abertas as inscrições para o Prêmio Vivaleitura 2010, iniciativa que tem como objetivo estimular, fomentar e reconhecer experiências relacionadas à leitura. Esta é a quinta edição do Vivaleitura, que tem duração inicial prevista para dez anos (2006-2016) e é a maior premiação individual para o fomento à leitura no Brasil. Durante as quatro edições anteriores, cerca de 8,5 mil projetos já foram inscritos.

O Vivaleitura é uma iniciativa da Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), dos ministérios da Cultura e da Educação. O Prêmio tem execução e patrocínio da Fundação Santillana.

Trabalhos em prol da leitura desenvolvidos por instituições, empresas, órgãos públicos e pessoas físicas do Brasil inteiro podem ser inscritos em três categorias distintas, concorrendo a um prêmio de R$ 30 mil por categoria. São elas:

1. Bibliotecas públicas, privadas e comunitárias;
2. Escolas públicas e privadas; e
3. Sociedade: empresas, ONGs, pessoas físicas, universidades e instituições sociais.

Na categoria Sociedade, haverá a distinção da Menção Honrosa a ser atribuída a projetos de empresas com foco no tema “formação de mediadores de leitura”. A distinção abrange programas e projetos de apoio, promoção e patrocínio, na área de leitura, desenvolvidas por empresas, públicas ou privadas.
O projeto que se destacar por sua abrangência, permanência confirmada e alta relevância será considerado merecedor da Menção Honrosa.

Mais informações e inscrições >> AQUI

Fonte: Prêmio Vivaleitura

quarta-feira, 24 de março de 2010

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"Ninguém pergunta pelo adubo quando vê a flor."
(Gertrude Stein)

Do Meme

segunda-feira, 22 de março de 2010

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META
Flora Figueiredo

Dispenso o emaranhado de tristeza.
Jogo a saudade sobre a mesa,
grudo os desapontos no teto.
Passo reto, abro alas.

Arrombo portas, devasso salas,
empurro mágoas pendentes no corredor.
Recolho um favor que, desprezado,
jaz no canto, roto e desbotado,
encosto de um lado um desafeto.
Abro alas, passo reto.

Banho-me lá fora
com a gota de lua caída da aurora,
e lavo minha história.

Quando enxuta,
divisam-se glórias impolutas.
Descubro-me mulher, guerreira, artista
e bato palma.

Abro meus braços, lavo a alma;
percebo logo ali um sol nascente.
Meu passo é reto,
abro alas.
Sigo em frente.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Culturas Populares
Literatura de Cordel ganha prêmio, após regulamentação da profissão, em 14 de Janeiro.

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                                            Imagem >> Daqui

Poetas, editores, produtores e pesquisadores que atuam com as culturas populares têm, agora, um prêmio de incentivo a suas produções. É a primeira ação de fomento ao segmento desde a regulamentação da profissão, em 14 de janeiro. O anúncio do lançamento da premiação foi feito pelo ministro da Cultura, Juca Ferreira, na última quinta-feira, 11 de março, durante a abertura da II Conferência Nacional de Cultura, em Brasília.

O Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel 2010 – Edição Patativa de Assaré fará a seleção de 200 iniciativas culturais vinculadas à criação e produção, pesquisa, formação e difusão da Literatura de Cordel e linguagens afins, a exemplo da Xilogravura, do Repente, do Coco e da Embolada. O Edital contará com R$ 3 milhões em recursos, a serem distribuídos entre as iniciativas contempladas.

Os interessados poderão concorrer em quatro categorias: Criação e Produção – apoio à edição e reedição de folhetos de cordel, livros, CDs e DVDs;
Pesquisa – dissertações de mestrado, teses de doutorado ou reedição de livros publicados até 10 de março de 2010; Formação – projetos que contribuam para a formação de profissionais que atuam em áreas que dialogam com a Literatura de Cordel e suas linguagens afins, como cursos e seminários;
Difusão – eventos e produtos culturais que contribuam para a valorização e propagação da cultura popular, como feiras, mostras, festivais e outras iniciativas.
Veja como será distribuído o apoio financeiro às iniciativas selecionadas
As inscrições seguem até o dia 26 de abril.

Saiba mais >> AQUI

Fonte:
Ministério da Cultura

quarta-feira, 17 de março de 2010

“Entre a parede e a espada, me atiro contra a espada.”
(Elis Regina)

Comigo é simples, eu divido tudo: minhas roupas, meus amigos... Mas o meu palco, esse não divido.
(Elis Regina)

Elis hoje estaria completando 65 anos.

elis5Elis Regina Carvalho Costa (Porto Alegre, 17 de março de 1945 – São Paulo, 19 de janeiro de 1982) É considerada por boa parcela de músicos e público como uma das maiores cantoras de todos os tempos da MPB.
De morte trágica e prematura, deixou vasta e brilhante obra na música popular brasileira.
Foi apelidada por Vinícius de Moraes de Pimentinha.

Elis é mãe de João Marcelo Bôscoli, filho do casamento com o músico Ronaldo Bôscoli, e de Pedro Camargo Mariano e Maria Rita, filhos do pianista César Camargo Mariano. Os três enveredaram pelo ramo da música.

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Dona Ercy, filha de imigrantes portugueses, cristãos novos, donos de mercearia no extremo sul do Brasil. Encontrou um Romeu brasileiro, filho de brasileiros, com cara de índio, caladão, emprego seguro numa fábrica de vidros. Foram morar no bairro de Navegantes, em Porto Alegre, numa casa de madeira, quintal de terra batida.

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A filha do casal nasceu estrábica e deve o nome Elis a uma amiga de dona Ercy. O Regina vem de uma exigência legal. Na burocracia da época, as crianças não podiam ser batizadas com nomes que tanto serviam para meninos como para meninas. Já prevendo que não pudesse batizar sua menina apenas Elis, dona Ercy mandou um Regina de reserva.
Elis Regina Carvalho Costa, 17 de março de 1945, parto normal feito pela parteira Conceição e pela enfermeira Marlene no Hospital Beneficência Portuguesa, Porto Alegre. Um sábado, às três e dez da tarde.

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Na casa dos Carvalho Costa, o rádio tocava a música do Brasil, pela Nacional, do Rio, e a música da Argentina, pelas ondas da Rádio Belgrano, de Buenos Aires. Aos domingos, quando se reuniam na casa da avó Ana, mãe de dona Ercy, a família costumava fazer barulho na mesa. Cantar alto, gargalhar. A pequena Elis cantava Adiós, pampa mia do começo ao fim, sem desafinar, sem errar a letra. E foi num desses domingos que a avó Ana teve um estalo: “Por que não levam essa guria ao Clube do Guri?”. Clube do Guri, programa infantil transmitido pela Rádio Farroupilha, sempre aos domingos. Elis tinha 7 anos quando enfrentou seu primeiro microfone. Foi um choque para a menina tímida, que costumava falar sozinha, encarar uma platéia estranha de auditório de rádio. O diretor do programa, Ary Rego, pediu que ela falasse alguma coisa. Nada, Elis ficou muda. Pediu que cantasse. Silêncio no ar. Dona Ercy, já nervosíssima, ajudava a pressionar Elis: “Canta, minha filha”. Ela, nada. Limitava-se a roer as unhas encobertas pelas luvas brancas. Voltou para casa calada, com dona Ercy nas orelhas. “Isso não é papel que se faça.” Cinco anos se passaram até Elis Regina ter coragem de pedir uma nova chance.

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Diálogo entre mãe e filha na Porto Alegre de 1956: "Mãe, tu me leva ao Clube do Guri?"
"O que é que tu vai fazer lá?"
"Vou cantar."
"Cantar? Tá louca, pensa que tenho tempo para perder?"
No domingo seguinte, dona Ercy pegou Elis e mais duas amigas e lá se foram todas para a Rádio Farroupilha. Mesmo não conseguindo se inscrever nesse domingo, Elis voltou na semana seguinte e cantou. Por mais que se esforce, dona Ercy não consegue lembrar qual foi a música de estréia de Elis. Sabe que era do repertório de Ângela Maria e não confirma a versão contada por Elis, anos mais tarde, de que cantou Lábios de Mel. Foi uma sensação no Clube do Guri. Elis, de cara, desbancou a favorita do auditório. Cinco anos depois do desastre da primeira tentativa, Elis dava o troco. O primeiro de uma série.

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Cantora aos onze anos de idade

Sobre o começo da carreira de Elis e a disputa entre quem de fato a lançou, o produtor Walter Silva disse à Folha de S. Paulo: “Poucas pessoas sabem quem realmente descobriu Elis. Foi um vendedor da gravadora Continental chamado Wilson Rodrigues Poso, que a ouviu cantando menina, aos quinze anos, em Porto Alegre. Ele sugeriu à Continental que a contratasse, e em 1962 saiu o disco dela. Levei Elis ao meu programa, fui o primeiro a tocar seu disco no rádio. Naquele dia eu disse: Menina, você vai ser a maior cantora do Brasil. Está gravado.”

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Década de 1960, surge uma estrela

Em 1960 foi contratada pela Rádio Gaúcha, e em 1961 viajou ao Rio de Janeiro, onde gravou o primeiro disco, Viva a Brotolândia. Lançou ainda mais três discos, enquanto morava no Rio Grande do Sul.
Em 1964, um ano com a agenda lotada de espetáculos no eixo Rio-São Paulo, assinou um contrato com a TV Rio para participar do programa Noites de Gala; é levada por Dom Um Romão para o Beco das Garrafas sob a direção da dupla Luís Carlos Miéle e Ronaldo Bôscoli, com os quais ainda realizaria diversas parcerias, e um casamento com Bôscoli em 1967. Acompanhada agora pelo grupo Copa trio, de Dom Um, canta no Beco das Garrafas, o reduto onde nasceu a bossa nova, e conhece o coreógrafo americano Lennie Dale, que a ensinou a mexer o corpo para cantar, tirando aquele nado que ela tinha com os braços.

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Participa do espetáculo Fino da Bossa organizado pelo Centro Acadêmico da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, que ficou conhecido também como Primeiro Demti-Samba, dirigido por Walter Silva, no Teatro Paramount, atual Teatro Abril (São Paulo). Ao final do mesmo ano (1964) conhece o produtor Solano Ribeiro, idealizador e executor dos festivais de MPB da TV Record. Um ano glorioso, que ainda traria a proposta de apresentar o programa O Fino da Bossa, ao lado de Jair Rodrigues. O programa, gravado a partir dos espetáculos e dirigido por Walter Silva, ficou no ar até 1967 (TV Record, Canal 7, SP) e originou três discos de grande sucesso: um deles, Dois na Bossa, foi o primeiro disco brasileiro a vender um milhão de cópias. Seria dela agora o maior cachê do show business.

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No final de 1967, Elis Regina e Ronaldo Bôscoli surpreenderam o mundo artístico com a bomba: iam casar.

Quando Ronaldo Bôscoli conheceu Elis Regina, ela estava apaixonada por Edu Lobo, o compositor que com ela iria dar a grande virada na música popular. Ele tem uma boa memória: "Ela ia toda hora ao telefone e se exibia demais para mim: 'Posso falar um instantinho no telefone, seu diretor?' E falava com o Edu".
Arquiinimigos no passado, Elis Regina e Ronaldo Bôscoli, uma união que muitos julgavam impossível.

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O Jornal da Tarde, na edição de 7 de dezembro, em matéria  não assinada, com o título "Um compositor levou Elis Regina" descreveu assim o casamento civil de Elis e Bôscoli: "O casamento civil de Elis Regina com Ronaldo Bôscoli foi muito simples e durou quatro minutos contados no relógio redondo da parede. O que durou mais foi a impaciência dos noivos, porque um dos padrinhos "o casal Paulo Machado de Carvalho Filho" só chegou às cinco e meia. O juiz já havia chegado, e o casamento estava marcado para as quatro e meia. A manequim Vera Barreto Leite, madrinha do noivo, não apareceu porque teve de filmar. Horas antes, foi substituída pela sra. Wanda Sá.
Bôscoli tinha 38 anos quando se casou com Elis. Ela, 22.
“Era uma relação perigosamente deliciosa. Voava tudo pelos ares e, de repente, estávamos nos agarrando de paixão. Fazíamos coisas estranhas e bonitas.”
Ronaldo Bôscoli

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Um novo parceiro na vida e na profissão: o pianista e arranjador César Camargo Mariano

O romance com César Mariano já tinha virado casamento. Elis permitiu-se interromper o ciclo das brigas frontais e viveu um pouco de paz. Era um momento de amor e um encontro musical que mudaria mais uma vez os rumos da carreira dela e de César. A sensibilidade musical de César Mariano criaria para ela arranjos belíssimos e abriria a possibilidade de uma harmonia perfeita e profunda entre a casa e o trabalho.

Elis e Tom

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O encontro Elis e Tom foi para comemorar os dez anos dela na gravadora Philips. Era seu 14o LP.

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Los Angeles, fevereiro, 74: gravação de um LP histórico: Elis e Tom.

Elis, mulher e mãe

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A mãezona Elis brinca com o primeiro filho, João Marcelo, de seu casamento com Bôscoli.

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Julho de 77: grávida de sete meses (Maria Rita), cantando no Anhembi.

 

Anos de chumbo

Elis Regina criticou muitas vezes a ditadura brasileira, nos difíceis Anos de chumbo, quando muitos músicos foram perseguidos e exilados. A crítica tornava-se pública em meio às declarações ou nas canções que interpretava. Em entrevista, no ano de 1969, teria afirmado que o Brasil era governado por gorilas (há ainda controvérsias em relação a essa declaração. Existem arquivos dos próprios militares onde ela se justifica dizendo que isso foi criado por jornalistas sensacionalistas). A popularidade a manteve fora da prisão, mas foi obrigada pelas autoridades a cantar o Hino Nacional durante um espetáculo em um estádio, fato que despertou a ira da esquerda brasileira.
Sempre engajada politicamente, Elis participou de uma série de movimentos de renovação política e cultural brasileira, com voz ativa da campanha pela Anistia de exilados brasileiros. O despertar de uma postura artística engajada e com excelente repercussão acompanharia toda a carreira, sendo enfatizada por interpretações consagradas de O bêbado e a equilibrista (João Bosco e Aldir Blanc), a qual vibrava como o hino da anistia. A canção coroou a volta de personalidades brasileiras do exílio, a partir de 1979. Um deles, citado na canção, era o irmão do Henfil, o Betinho, importante sociólogo brasileiro.
Outra questão importante se refere ao direito dos músicos brasileiros, polêmica que Elis encabeçou, participando de muitas reuniões em Brasília. Além disso, foi presidente da Assim, Associação de Intérpretes e de Músicos.

Últimos Momentos

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Causando grande comoção nacional, faleceu aos 36 anos de idade em 19 de janeiro de 1982, devido a complicações decorrentes de uma overdose de cocaína, tranquilizantes e bebida alcoólica. Foi sepultada no Cemitério do Morumbi.
Choram Marias e Clarices… Chora a nossa pátria mãe gentil. Em busca de um sol maior, Elis Regina embarcou num brilhante trem azul, deixando conosco a eternidade de seu canto pelas coisas e pela gente de nossa terra. E uma imensa saudade.


Essa é a pedido da Professora Rita de Cássia, e que ofereço também a Rose Nakamura e a seu filho Shinji, que estão lá no Japão… E esta música faz parte de uma passagem da vida deles. Beijos pros dois ;)

 

Fonte:
Furacão Elis, Regina Echeverria
Wikipédia
Youtube

domingo, 14 de março de 2010

14 de Março – Dia Nacional da Poesia

“Que a poesia seja abandonada, por que é no canto escuro da solidão que a poesia germina original, feito lírio branco despertando no pântano mais fétido da vida humana”.

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Poesia: pra quê? Num mundo onde a tecnologia impera, e já não há mais tempo para declarações, fica difícil imaginar tempo para se fazer ou ler poesia. Mas a poesia está aí – presente -, provando que sobrevive a qualquer tempo, qualquer época, mesmo quando não há mais tempo.
Enquanto o homem moderno busca meios que lhes traga mais conforto e segurança, a poesia prevalece, não para se contrapor, mas sim, alimentando a alma deste mesmo homem. A poesia faz emergir a sensibilidade dos mais céticos, e não há ser humano que nunca tenha se emocionado com alguma manifestação poética. Por que poética é a trajetória de vida humana – seja ela qual for (alegrias ou dores).
É a poesia que embala o coração sofrido, seca as lágrimas, ou faz chorar a alma empedernida. É a poesia que faz brotar a emoção recôndita, enquanto o mundo guerreia consigo mesmo, em disparates cada vez mais incompreensíveis. É a poesia que, fora do tempo e do espaço em que nasceu, acalma a realidade, e faz ver esperança onde antes só havia desespero. É a poesia, com humildade inútil, que transforma, sutilmente, o olhar a vida.
Se a poesia ainda persiste, é por que também persiste o homem, acreditando estar fazendo o melhor – para si, ou para todos. É justamente neste instante que a poesia se ergue – altiva -, garantindo um caminho mais leve para todos, por que pesada é a vida, se olhada somente pelo prisma da realidade perene.
Poesia é o que faz homem levantar, quando todos estão caídos. Poesia é o que faz o homem sorrir, em meio à dor avassaladora. Poesia é o que faz o homem dedicar-se às artes, enquanto pedra e chumbo tomam conta da paisagem. Poesia é o que faz o homem olhar para uma flor, e instintivamente buscar o perfume dela, e até regá-la para que não pereça.
Que a poesia continue sendo inútil, diante da realidade que espanca o cotidiano de cada um. Que a poesia seja deixada de lado, quando a ordem é lutar pela sobrevivência. Que a poesia seja silenciada, abafada pelos gritos dos que se acham poderosos. Que a poesia seja abandonada, por que é no canto escuro da solidão que a poesia germina original, feito lírio branco despertando no pântano mais fétido da vida humana.

Nara França
Texto para o Livro I Antologia Poética A Voz da Poesia, 2008

quinta-feira, 11 de março de 2010

Dia 13/03 - Seminário debate direito à educação e os limites da atual lei de direitos autorais (LDA)

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Gestores, organizações da sociedade civil, pesquisadores e educadores debaterão a reforma da lei de direitos autorais no Seminário O Direito à Educação e a reforma da lei de Direitos Autorais, dia 13 de março, em São Paulo

A Lei de Direitos Autorais (a chamada LDA, lei 9.610, de 1998) não permite que músicas, filmes, fotos, cópias de textos – mesmo aqueles que estão fora de circulação comercial – sejam usados para fins didáticos e educacionais. Escolas e universidades, assim como organizações não-governamentais que trabalham com atividades de formação, estão sujeitas a esses limites.

Depois de um processo de audiências iniciado em 2007 com diversos setores da sociedade civil, o Ministério da Cultura elaborou um anteprojeto de lei para a reforma da LDA, que está prestes a ser aberto para consulta pública, antes de ser encaminhado para votação no Congresso. A previsão é que a consulta se inicie ainda em março, de acordo com o Ministério.

INFORMAÇÕES

Data: 13 de março de 2010
Local: Instituto Paulo Freire - Casa da Cidadania Planetária: Rua Pedro de Souza Campos Filho, 289, Alto da Lapa l São Paulo l SP
Horário: das 10 às 17horas
Inscrições: gratuitas
Não é necessária inscrição prévia

Fonte: Instituto Paulo Freire
Imagem via Google, sem identiicação de autoria

quarta-feira, 10 de março de 2010

10 de Março – Dia do Telefone

No museu do telefone, em São Paulo, consta que o primeiro aparelho telefônico que veio ao Brasil foi dado de presente à D. Pedro II, em 1877, sendo que sua linha iria do palácio de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, até o centro da cidade. Ao ver o telefone em funcionamento D. Pedro II exclamou “meu Deus, isto fala!”.

Em 2002 Antonio Meucci foi reconhecido oficialmente o inventor do telefone.

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  Alexander Graham Bell          Antonio Meucci

Guerra de patentes

Bell patenteou o seu telefone nos Estados Unidos no início de 1876. No dia 10 de Março de 1876, conseguiu fazer a sua primeira transmissão, data designada como o dia do telefone.

A patente de Bell foi contestada repetidamente e apareceu mais de um reivindicador para a honra e recompensa de ser o inventor original do telefone. O caso mais importante foi o de Antonio Meucci, um emigrante italiano, que demonstrou com forte evidência que em 1849, em Havana, Cuba, tinha experimentado a transmissão de voz pela corrente eléctrica. Continuou a sua pesquisa em 1852 e 1853, e subsequentemente nos Estados Unidos, e em 1860 delegou a um amigo que visitava a Europa que procurasse pessoas interessadas na sua invenção. Em 1871, Meucci arquivou um requerimento no Gabinete de Patentes dos Estados Unidos, e tentou convencer o Sr. Grant, presidente da Companhia Telegráfica de Nova Iorque, a experimentar o instrumento.

A doença e a pobreza, consequência de um ferimento devido a uma explosão a bordo de um barco, retardaram suas experiências, e impediram que terminasse a sua patente. O instrumento experimental de Meucci foi exibido no exposição de Filadélfia de 1884, e atraiu muita atenção mas o modelo demonstrado não estava completo. No pedido de patente de 1872 diz que "eu emprego o bem conhecido efeito condutor dos condutores metálicos contínuos como meio para o som, e aumento o efeito eletricamente isolando o condutor e as partes que estão em comunicação. Isto dá forma a um telégrafo falador sem a necessidade de qualquer tubo oco." Na conexão com o telefone usou um alarme elétrico.

Porém, devido a dificuldades financeiras, Meucci apenas conseguiu pagar a patente provisória de sua invenção. Acabou vendendo o protótipo do telefone a Alexander Graham Bell, que, em 1876, patenteou a invenção como sua. Meucci o processou, mas acabou falecendo durante o julgamento e o caso foi encerrado. Assim, Graham Bell foi considerado durante muitos anos como inventor do telefone.

O trabalho de Meucci foi reconhecido postumamente em 11 de junho de 2002, quando o Congresso dos Estados Unidos aprovou a resolução N°. 269, estabelecendo que o inventor do telefone fora, na realidade, Antonio Meucci e não Alexander Graham Bell.


Fontes:
Wikipédia (Antonio Meucci)
Wikipédia (Graham Bell)

terça-feira, 9 de março de 2010

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Eu gostaria de lhe agradecer pelas inúmeras vezes que você me enxergou melhor do que eu sou.
Pela sua capacidade de me olhar devagar,
já que nessa vida muita gente já me olhou depressa demais.

(Pe. Fábio de Melo)

A Casa Fernando Pessoa e O Instituto Moreira Salles, em parceria, homenagearam no dia 8 de março, no Centro Cultural do Rio, a cantora Maria Bethânia e a professora Cleonice Berardinelli. Elas foram condecoradas com a Ordem do Desassossego, nome do título dedicado a quem divulga a obra de Fernando Pessoa.
O prêmio, destinado a homenagear aqueles que divulgaram a obra do escritor português, foi atribuído pela primeira vez, sendo o Brasil escolhido para essa inauguração, na pessoa dessas duas mulheres.

image Maria Bethânia gravou em 1971 o disco “Rosas dos Ventos”, e em 1972 o álbum “Drama”, incluindo poemas de Fernando Pessoa.
Também declama em seus shows poemas de Fernando Pessoa e outros poetas. “Só canto o que quero, com quem quero, como quero e quando quero. Nunca entendi nenhum movimento, porque não tenho paciência, não posso jamais ser uma cantora de bossa nova, uma cantora de protesto, uma cantora tropicalista. Como cada dia eu quero cantar uma coisa, prefiro não me ligar à nada e a ninguém, para poder cantar o que o meu coração mandar".
(site oficial)

cleoniceCleonice Berardinelli  é professora universitária, especialista em Camões e Fernando Pessoa.
Graduada em Letras Neolatinas pela Universidade de São Paulo (1938) e livre docente pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1959) com uma dissertação intitulada Poesia e Poética de Fernando Pessoa.
É acadêmica correspondente brasileira da Academia das Ciências de Lisboa, Classe de Letras, desde 27 de Novembro de 1975.
No dia 16 de Dezembro de 2009 foi eleita para ocupar a cadeira de número 8 na Academia Brasileira de Letras.
(Wikipédia)


Fontes:
Instituto Moreira Salles
Cultura Brasil - Portugal

segunda-feira, 8 de março de 2010

No Dia Internacional da Mulher, uma prece por todas as que lutam para ter Justiça, Dignidade e Igualdade Social.
E o reconhecimento àquelas que já conseguiram.

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AVE MARIA DAS MULHERES
Silvana Duboc

Mãe,
Aqui, agora e a sós
Quero lhe pedir por todas nós
Por aquelas que foram escolhidas
Para dar a vida
Mulheres de todas as espécies
De todos os credos, raças e nacionalidades;

Todas aquelas nas quais a vida
Está envolvida em sorrisos, lágrimas,
tristezas e felicidades
Aquelas que sofrem por filhos
que geraram e perderam
As que trabalham o dia inteiro
Em casa ou em qualquer emprego;

Quero pedir pelas mães
Que penam por seus filhos doentes
Quero pedir pelas meninas carentes
E pelas que ainda estão dentro de um ventre;

Pelas adolescentes inexperientes
Pelas velhinhas esquecidas em asilos
Sem abrigo, sem família, carinho e amigos
Peço também pelas mulheres enfermas
Que em algum hospital
aguardam pela sua hora fatal;

Quero pedir pelas mulheres ricas
Aquelas que apesar da fortuna
Vivem aflitas e na amargura
Peço por almas femininas mesquinhas,
pequenas e sozinhas
Por mulheres guerreiras a vida inteira
Pelas que não têm como dar a seus filhos
o pão e a educação;

Peço pelas mulheres deficientes
Pelas inconseqüentes
Rogo pelas condenadas,
aquelas que vivem enclausuradas
Por todas que foram obrigadas
a crescer antes do tempo
Que foram jogadas na lavoura
Ou em alguma cama devastadora;

Rogo pelas que mendigando nas ruas
Sobrevivem apesar dessa tortura
Pelas revoltadas,
as excluídas e as sexualmente reprimidas;

Peço pela mulher dominadora e pela traidora
Peço por aquela que sucumbiu sonhos dentro de si
Por todas que eu já conheci
Peço por mulheres solitárias e pelas ordinárias
As mulheres de vida difícil
e que fazem disso um ofício
E pelas que se tornaram voluntárias
por serem solidárias;

Rogo por aquelas que vivem acompanhadas
Embora tristes e amarguradas
E por todas que foram abandonadas
As que tiveram que continuar sozinhas
Sem um parceiro, um amigo, um ombro querido;

Peço pelas amigas
Pelas companheiras
Pelas inimigas
Pelas irmãs e pelas freiras
Suplico por aquelas que perderam a fé
Que se distanciaram da esperança
Quero pedir por todas que clamam por vingança
E com isso se perdem em sua inútil andança;

Rogo pelas que correm atrás de justiça
Que a boa vontade dos homens as assista
Peço pelas que lutam por causas perdidas
Pelas escritoras e as doutoras
Pelas artistas e professoras
Pelas governantes e pelas menos importantes
Suplico pelas fêmeas
que são obrigadas a esconder seus rostos
E amputadas do prazer vivem no desgosto;

Quero pedir também pelas ignorantes
E por todas que no momento estão gestantes
Por aquela mulher triste dentro do coração
Que vive com a alma mergulhada na solidão
Por aquela que busca um amor verdadeiro
Para se entregar de corpo inteiro
E peço pela que perdeu a emoção
Aquela que não tem mais paz dentro do coração
E rogo, imploro, por aquela que ama
E que não correspondida, vive uma vida sofrida
Aquela que perdeu o seu amor
E por isso, sua alma se fechou
Por todas que a droga destruiu
Por tantas que o vício denegriu
Suplico por aquela que foi traída
Por várias que são humilhadas
E pelas que foram contaminadas;

Mãe,
quero pedir por todas nós
Que somos o sorriso e a voz
Que temos o sentimento mais profundo
Porque fomos escolhidas tanto quanto você
Para gerar e, apesar de qualquer coisa,
Amar...
Independente de quem forem nossos filhos
Feios ou bonitos
Amáveis ou rebeldes
Perfeitos ou deficientes
Tristes ou contentes

Mãe,
ajuda-nos a continuar nessa batalha
Nessa guerra diária
Nessa luta sem fim
Ajuda-nos a ser feliz como a gente sempre quis
Dai-nos coragem para continuar
Dai-nos saúde para ao menos tentar
Resignação para tudo aceitar
Dai-nos força para suportar nossas amarguras
E apesar de tudo
continuarmos a ser sinônimo de ternura;

Perdoa-nos por nossos erros
E por nossos insistentes apelos
Perdoa-nos também por nossas revoltas
Nossas lágrimas e nossas derrotas
E não nos deixe nunca mãe, perdermos a fé
E sempre que puder
Peça por nós ao Pai
E lembre-lhe que quando ele criou EVA
Não deixou com ela nenhum mapa de orientação
Nenhum manual com indicação
Nenhuma seta indicando o caminho correto
Nenhuma instrução de como viver
De como, a despeito de tudo vencer
E mesmo assim... Conseguimos aprender.
Amém!

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UMA DATA DE MUITAS HISTÓRIAS

mundo
                   

Dia Internacional da Mulher - uma reflexão sofre as reivindicações femininas por melhores condições de trabalho, justiça e igualdade social.

domingo, 7 de março de 2010

Na semana da Mulher uma homenagem especial às poetisas. 

image ADALGISA NERY
Poetisa, jornalista e política
Nasceu: 29/10/1905
No Rio de Janeiro
Faleceu: 07/06/1980
Mov. Lit.: Modernismo

Na Voz da Poesia


Uma mulher fascinante, musa de toda uma geração, Adalgisa Nery despertou muitas paixões e algumas inimizades, teve uma infância triste e dois casamentos conturbados, com Ismael Nery e Lourival Fontes.

Autora de poemas, contos, crônicas e romances, Adalgisa teve seus dias de glória. Viúva aos 29 anos e dona de um perfil de mulher fatal, consta que ela destroçava corações. "Acho que todos nós a amávamos, mesmo sem saber que se tratava de amor", escreveu Carlos Drummond de Andrade após a morte dela.
(Fonte: A Voz da Poesia)

POEMA DA AMANTE

Eu te amo
Antes e depois de todos os acontecimentos,
Na profunda imensidade do vazio
E a cada lágrima dos meus pensamentos.

Eu te amo
Em todos os ventos que cantam,
Em todas as sombras que choram,
Na extensão infinita dos tempos
Até a região onde os silêncios moram.

Eu te amo
Em todas as transformações da vida,
Em todos os caminhos do medo,
Na angústia da vontade perdida
E na dor que se veste em segredo.

Eu te amo
Em tudo que estás presente,
No olhar dos astros que te alcançam
E em tudo que ainda estás ausente.

Eu te amo
Desde a criação das águas,
desde a idéia do fogo
E antes do primeiro riso e da primeira mágoa.

Eu te amo perdidamente
Desde a grande nebulosa
Até depois que o universo cair sobre mim
Suavemente.

In Poemas,1937

image ADÉLIA PRADO
Poetisa e escritora
Nasceu: 13/12/1935 
Em Divinópolis -MG
Mov. Lit.: Contemporâneo

Na Voz da Poesia

 


Adélia costuma dizer que o cotidiano é a própria condição da literatura. Morando na pequena Divinópolis, estão em sua prosa e em sua poesia temas recorrentes da vida de província, a moça que arruma a cozinha, a missa, um certo cheiro do mato, vizinhos, a gente de lá.

"Alguns personagens de poemas são vazados de pessoas da minha cidade, mas espero estejam transvazados no poema, nimbados de realidade. É pretensioso? Mas a poesia não é a revelação do real? Eu só tenho o cotidiano e meu sentimento dele. Não sei de alguém que tenha mais. O cotidiano em Divinópolis é igual ao de Hong-Kong, só que vivido em português."
(Fonte: A Voz da Poesia)

O AMOR NO ÉTER

Há dentro de mim uma paisagem
entre meio-dia e duas horas da tarde.
Aves pernaltas, os bicos mergulhados na água,
entram e não neste lugar de memória,
uma lagoa rasa com caniços na margem.
Habito nele, quando os desejos do corpo
e a metafísica, exclamam:
como és bonito!
Quero escavar-te até encontrar
onde segregas tanto sentimento.
Pensas em mim, teu meio-riso secreto
atravessa mar e montanha,
me sobressalta em arrepios,
o amor sobre o natural.
O corpo é leve como a alma,
os minerais voam como borboletas.
Tudo deste lugar
entre meio-dia e duas horas da tarde.

 

imageALFONSINA STORNI
Poetisa, atriz e professora
Nasceu: 29/05/1892 
Em Sala Capriasca, Suíça
Nac.: Argentina
Faleceu: 25/10/1938

Na Voz da Poesia



Alfonsina está entre as inúmeras mulheres espalhadas pelo mundo durante a Belle Epoque que saíram das sombras para abalar as estruturas de sociedades inteiras.
Neste período várias escritoras surgiram pelo continente latino americano, quebrando com os mitos culturais que rodeavam a aura feminina e libertando a natureza humana que havia sido aprisionada dentro da alma das mulheres.
Através de seus versos começaram a enraizar na sociedade idéias para combater a opressão, ajudando a desenvolver uma consciência coletiva na qual a mulher deveria libertar tudo o que em sua alma estava aprisionado durante séculos e mostrar para a sociedade o que era e o que realmente queria uma mulher.
Em 1938, três dias antes de se suicidar, envia de um hotel de Mar del Plata para um jornal, o soneto “Voy a Dormir”. Consta que suicidou-se andando para dentro do mar — o que foi poeticamente registrado na canção "Alfonsina y el mar", de Ariel Ramírez e Félix Luna (gravada por Mercedes Sosa, Simone, entre outros). Ouça AQUI

A CARÍCIA PERDIDA

Sai-me dos dedos a carícia sem causa,
Sai-me dos dedos… No vento, ao passar,
A carícia que vaga sem destino nem fim,
A carícia perdida, quem a recolherá?

Posso amar esta noite com piedade infinita,
Posso amar ao primeiro que conseguir chegar.
Ninguém chega. Estão sós os floridos caminhos.
A carícia perdida, andará… andará…

Se nos olhos te beijarem esta noite, viajante,
Se estremece os ramos um doce suspirar,
Se te aperta os dedos uma mão pequena
Que te toma e te deixa, que te engana e se vai.

Se não vês essa mão, nem essa boca que beija,
Se é o ar quem tece a ilusão de beijar,
Ah, viajante, que tens como o céu os olhos,
No vento fundida, me reconhecerás?

 

imageANA CRISTINA CESAR
poeta, tradutora e ensaísta
Nasceu: 02/06/1952
Rio de Janeiro – RJ
Faleceu em 29/10/1983
Mov. Lit.: Contemporâneo

Na Voz da Poesia

 

Ela era inquieta, lúcida, bonita. Sedutora e literária sempre, da fala ao gesto irreverente ou delicado.
Sua morte, prematura e voluntária, aos 31 anos, em 1983, legou aos contemporâneos uma perplexidade incômoda e uma obra dispersa que ainda assombra.
Dona de uma literatura de imagens e referências sofisticadas - tramada em sutilezas e armadilhas que por isso mesmo a diferenciam da chamada poesia marginal em que germinou.
Seus últimos versos refletem bem a angústia que vivia: "Estou muito compenetrada de meu pânico/ lá dentro tomando medidas preventivas”.
Ana Cristina César suicidou-se no dia 29 de outubro de 1983. Tinha 31 anos.
(Fonte: A Voz da Poesia)

FAGULHA

Abri curiosa
o céu.
Assim, afastando de leve as cortinas.

Eu queria entrar,
coração ante coração,
inteiriça
ou pelo menos mover-me um pouco,
com aquela parcimônia que caracterizava
as agitações me chamando

Eu queria até mesmo
saber ver,
e num movimento redondo
como as ondas
que me circundavam, invisíveis,
abraçar com as retinas
cada pedacinho de matéria viva.

Eu queria
(só)
perceber o invislumbrável
no levíssimo que sobrevoava.

Eu queria
apanhar uma braçada
do infinito em luz que a mim se misturava.

Eu queria
captar o impercebido
nos momentos mínimos do espaço
nu e cheio

Eu queria
ao menos manter descerradas as cortinas
na impossibilidade de tangê-las

Eu não sabia
que virar pelo avesso
era uma experiência mortal.

image CECÍLIA MEIRELES
Poetisa, professora e jornalista
Nasceu: 07/11/1901
Cidade: Rio de Janeiro - RJ
Mov. Lit.: Modernismo
Faleceu: 09/11/1964

Na Voz da Poesia

 

Considerada pela crítica a mais alta personalidade feminina da poesia brasileira e um dos maiores nomes de nossa literatura, em qualquer época, sem distinções preconceituosas de sexos, Cecília Meireles deixou uma obra poética longa, intensa e perturbadora. Foram quase trinta livros de versos, um roteiro que se inicia sob a influência parnasiana e simbolista, se depura numa luta permanente pela expressão pessoal, até atingir aquela altitude para a qual quaisquer definições são inconsistentes: a poesia pura.
Tendo feito aos 9 anos sua primeira poesia, estreou em 1919 com o livro de poemas Espectros, escrito aos 16 anos.

"Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar.
Fonte: A Voz da Poesia

A MULHER E A TARDE

O denso lago e a terra de ouro:
até hoje penso nessa luz vermelha
envolvendo a tarde de um lado e de outro.

E nas verdes ramas, com chuvas guardadas,
e em nuvens beijando os azuis e os roxos.

Perguntava a sombra: “Quem há pelo teu rosto?”
“Que há pelos teus olhos?” – a água perguntava.

E eu pisando a estrada, e eu pisando a estrada,
vendo o lago denso, vendo a terra de ouro,
com pingos de chuva numa luz vermelha…

E eu não respondendo nada.

Sonho muito, falo pouco.
Tudo são riscos de louco
e estrelas da madrugada…

In Vaga Música, 1942

image DENISE EMMER
Poeta, compositora, cantora, violoncelista e escritora.
Rio de Janeiro - RJ

Na Voz da Poesia

 

 

Filha dos escritores Janete Clair e Dias Gomes, tornou-se primeiramente conhecida por temas musicais compostos para personagens das telenovelas, tais como "Pelas muralhas da adolescência", Bandeira 2, e "Alouette", Pai Herói, "Companheiros", Sinhá Moça, entre outros, alcançando depois, reconhecimento pela sua vasta e premiada produção poética.
É violoncelista da Orquestra Rio Camerata.
A poesia de Denise Emmer pode ser tida como um exemplo de obra que, mesmo antes do julgamento implacável do tempo histórico, irá se inscrever no cânone dos grandes poetas brasileiros. São poucos os autores dos quais podemos fazer tal ilação extemporânea, afirmando-a a partir, não da subjetividade do gosto, mas da análise do conjunto da própria obra em questão.
Prêmio ABL de Poesia 2009
Em maio, Denise ganhou o prêmio de poesia da Academia Brasileira de Letras com o livro "Lampadário", publicado pela 7Letras.
(Fonte: A Voz da Poesia)

O BEIJO

Levou-me sem feitas frases
Somente passo e camisa
Roubou-me um beijo de brisa
Na quadratura da tarde

Jogou-me contra a parede
Rasgou-me a blusa de linho
Roubou-me um beijo de vinho
Diante das aves vesgas

Puxou-me para seu fundo
Rompeu a rosa pirâmide
Roubou-me um beijo de sangue
E bateu asas no mundo.

image FERNANDA DE CASTRO
Romancista, poeta e conferencista
Nasceu: 8/12/1900 - Lisboa - Portugal
Faleceu em 19/12/1994

Na Voz da Poesia

 

Conferencista, declamadora de poesia, dramaturga, poetisa, ficcionista, autora de guiões cinematográficos, casada com o escritor António Ferro e mãe do escritor António Quadros, viveu na Guiné até aos 12 anos e terminou os estudos liceais em Lisboa.
O escritor David Mourão-Ferreira, durante as comemorações dos cinquenta anos de atividade literária de Fernanda de Castro disse: “Ela foi a primeira, neste país de musas sorumbáticas e de poetas tristes, a demonstrar que o riso e a alegria também são formas de inspiração, que uma gargalhada pode estalar no tecido de um poema, que o Sol ao meio-dia, olhado de frente, não é um motivo menos nobre do que a Lua à meia-noite”.
Parte da vida de Fernanda de Castro, foi dedicada à infância, tendo sido a fundadora da Associação Nacional de Parques Infantis, associação na qual teve o cargo de presidente.
Como escritora, dedicou-se à tradução de peças de teatro, a escrever poesia, romances, ficção e teatro.
Foi juntamente com o marido e outros, fundadora da Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses.
(Fonte: A Voz da Poesia)

ASA NO ESPAÇO

Asa no espaço, vai pensamento!
Na noite azul, minha alma, flutua!
Quero voar no braços do vento,
quero vogar nos barcos da Lua!

Vai, minha alma, branco veleiro,
vai sem destino, a bússola tonta.
Por oceanos de nevoeiro,
corre o impossível, de ponta a ponta.

Quebra a gaiola, pássaro louco!
Não mais fronteiras, foge de mim,
que a terra é curta, que o mar é pouco,
que tudo é perto, princípio e fim.

Castelos fluidos, jardins de espuma,
ilhas de gelo, névoas, cristais,
palácios de ondas, terras de bruma,
asa, mais alto, mais alto, mais!

image SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
poeta, contista
Nasceu: 06/11/1919
Porto - Portugal
Faleceu: 02/07/2004

Na Voz da Poesia


Nascida no Porto, de origem dinamarquesa pelo lado paterno e educada num meio aristocrático, esteve muito cedo ligada à luta antifascista e, a seguir ao 25 de Abril, foi deputada à Assembleia Constituinte. Os seus principais poemas de resistência política foram reunidos na antologia Grades (1970), sem prejuízo da aspiração à liberdade e à justiça impregnarem toda a sua obra, como uma ética poética que lhe fosse natural. Viu a sua carreira consagrada com o Prémio Camões, em 1999.
"Recordo-me de descobrir que num poema era preciso que cada palavra fosse necessária, as palavras não podem ser decorativas, não podiam servir só para ganhar tempo até ao fim do decassílabo, as palavras tinham que estar ali porque eram absolutamente indispensáveis".
A extensa obra que nos legou reparte-se pelos domínios da poesia, da ficção, do conto para crianças, do ensaio, do teatro e tradução (com magníficas versões de textos de Eurípides, Shakespeare, Claudel e Dante).
(Fonte: A Voz da Poesia)

PORQUE

Porque os outros se mascaram e tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não

Porque os outros são os túmulos calados
Onde germina calada podridão
Porque os outros se calam mas tu não

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo
Porque os outros são hábeis mas tu não

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos
Porque os outros calculam mas tu não.


Muitas outras poetisas merecem estar neste post, mas escolhi estas para representar todas elas. Convido-os a conhecê-las no site A Voz da Poesia.

EXTRAÍDOS DO SITE WWW.AVOZDAPOESIA.COM.BR

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