quinta-feira, 30 de setembro de 2010

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A MEU FAVOR
Alexandre O'Neill

A meu favor
Tenho o verde secreto dos teus olhos
Algumas palavras de ódio, algumas palavras de amor
O tapete que vai partir para o infinito
Esta noite ou uma noite qualquer

A meu favor
As paredes que insultam devagar
Certo refúgio acima do murmúrio
Que da vida corrente teime em vir
O barco escondido pela folhagem
O jardim onde a aventura recomeça.

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Imagem: pintura de Gary Benfield

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EU SOU METADE!
Lis Ribeiro
 

Engasgada em solidão,
Tropeço em saudades,
Vontade de ter em meus braços
O que nunca foi meu.
Acostumado, meu corpo não teme
A minha ausência,
Apenas encara a fria muralha
Que me separa em
carne e vazio...

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Imagem: pintura de Childe Hassam

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

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VOX POPULI, VOX DEI
A voz do povo, a voz de deus

Um dos maiores estudiosos do nosso folclore, Câmara Cascudo, em Superstição no Brasil, fala sobre a origem desse dito popular:

É hábito nosso fazer adivinhações, por exemplo, como saber o nome do futuro marido ou da futura mulher. Existem várias crenças. (...)
Outra registrada por Câmara Cascudo é a superstição de pôr-se água na boca e esconder-se atrás de uma porta.
O primeiro nome ouvido será o do futuro cônjuge.

A curiosidade é que este hábito não é apenas brasileiro, mas tem origem européia.
As pessoas consultavam o deus Hermes, na cidade grega de Acaia, e faziam uma pergunta ao ouvido do ídolo.
Depois o crente cobria a cabeça com um manto e saía à rua. As primeiras palavras que ele ouvisse eram a resposta a sua dúvida.
Assim, vox populi, vox dei. "a voz do povo, a voz de deus" (do deus Hermes)

 

Imagem da Internet: deus Hermes

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COMPOSIÇÃO – I
Eunice Arruda

Criar impactos
com
palavras

Pérolas
deslizando
na correnteza

Como barcos
me transportam
aonde nenhuma viagem chega
e eu colho frutos raros
Nesta ilha – entre
pedras – ressuscito

Com o fôlego
das
palavras

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Fonte >> DAQUI
Imagem da Internet, pelo Google

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Aniversário do meu irmão, só que não ganha presente hoje, porque todos os dias ele é presenteado com essa maravilha dada por Deus.
Desejo que tenha saúde e paz para desfrutar desse presente por toda a sua vida.

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Cahoeira 3 Pancadas (Pancada Grande), Ituberá-Ba.
Imagens da Internet, sem id. de autoria, by Google


Vídeo >> DAQUI

Ah! Esse amor
Autoria: Rosany Costa (Plenytude)
Voz: perfumeforwoman

Vídeo >> DAQUI


Eu sonhei que tu estavas tão linda
Composição: Lamartine Babo e Francisco Mattoso
Intérprete: Renato Motha

Eu sonhei que tu estavas tão linda
Numa festa de raro esplendor,
Teu vestido de baile lembro ainda,
Era branco, todo branco, meu amor.

A orquestra tocou umas valsas dolentes,
Tomei-te aos braços, fomos bailando
Ambos silentes,
E os pares que rodeavam entre nós
Diziam coisas, trocavam juras
A meia voz.

Violinos enchiam o ar de emoções
E de desejos uma centena de corações.

Pra despertar teu ciúme
Tentei flertar alguém,
Mas tu não flertaste ninguém,
Olhavas só para mim,
Vitórias de amor cantei,
Mas foi tudo um sonho, acordei.
 

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 RUMOR
Eugênio de Andrade

Acorda-me
um rumor de ave.
Talvez seja a tarde
a querer voar.

A levantar do chão
qualquer coisa que vive,
e é como um perdão
que não tive.

Talvez nada.
Ou só um olhar
que na tarde fechada
é ave.

Mas não pode voar.

-.-.-

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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

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PRIMAVERAS
Casimiro de Abreu

I

A primavera é a estação dos risos.
Deus fita o mundo com celeste afago,
Tremem as folhas e palpita o lago
Da brisa louca aos amorosos frisos.

Na primavera tudo é viço e gala,
Trinam as aves a canção de amores,
E doce e bela no tapiz das flores
Melhor perfume a violeta exala.

Na primavera tudo é riso e festa,
Brotam aromas do vergel florido,
E o ramo verde de manhã colhido
Enfeita a fronte da aldeã modesta.

A natureza se desperta rindo,
Um hino imenso a criação modula
Canta a calhandra, a juriti arrula,
O mar é calmo porque o céu é lindo

Alegre e verde se balança o galho,
Suspira a fonte na linguagem meiga,
Murmura a brisa:- Como é linda a veiga!
Responde a rosa: - Como é doce o orvalho!

II

Mas como às vezes sobre o céu sereno
Corre uma nuvem que a tormenta guia,
Também a lira alguma vez sombria
Solta gemendo de amargura um treno.

São flores murchas: - o jasmim fenece,
Mas bafejado s’erguerá de novo
Bem como o galho do gentil renovo
Durante a noite quando o orvalho desce.

Se um canto amargo de ironia cheio
Treme nos lábios do cantor mancebo,
Em breve a virgem do seu casto enlevo
Dá-lhe um sorriso e lhe intumesce o seio.

Na primavera - na manhã da vida -
Deus às tristezas o sorriso enlaça,
E a tempestade se dissipa e passa
A voz mimosa da mulher querida.

Na mocidade, na estação fogosa,
Ama-se a vida- a mocidade é crença,
E a alma virgem nesta festa imensa,
Canta, palpita, s’ stasia e goza.

 

Casimiro de Abreu
1° de Julho - 1858

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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

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Carinho especial para meu irmão que faz niver hoje…

Faz tempo que pergunto a ele:

É Primavera porque é seu aniversário,

ou é seu aniversário porque é Primavera?

Grande Beijo!

PRIMAVERA
Cecília Meireles

A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.

Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.

Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.

Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.

Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.

Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.

 

In Obra em Prosa - Volume 1

terça-feira, 21 de setembro de 2010

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A noite – enorme – tudo dorme
menos teu nome.

Paulo Leminski

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PROCURA-SE UMA ROSA
Vinicius de Moraes


Silêncio, silêncio
Que melancolia
Perdeu-se uma rosa
De dia, de dia.

Tristeza, tristeza
Que vida vazia
Perdeu-se uma rosa
Quem a encontraria?

Como era formosa
Que pele macia
Perdeu-se uma rosa
Morreu a poesia.

Ó rosa da aurora
Ó rosa do dia
Só a noite escura
Te receberia.

Se virem a rosa
Na sua agonia
Ó digam à bela
À rosa macia
Que a vida sem ela
Não tem alegria.

in Poesia completa e prosa: "Teatro"
Fonte:
www.viniciusdemoraes.com.br

Imagem >> DAQUI

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

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SONETO MUSICAL
Dora Brisa


Música tem o tamanho do mar,
O cheiro de sopa ao anoitecer,
O brilho do olhar,
O formato de uma nuvem ao amanhecer.


Música tem, do crepúsculo, a cor,
Do silêncio, o acorde melodioso,
Da Mãe Terra, o sabor,
Da vida, o toque harmonioso.


Música precisa dizer mais,
Aquém ou além,
Sempre ou jamais.


Se alma não contém,
Não é música, não é nada,
Nem sombra de ninguém. 

 

Leia mais Dora Brisa >> AQUI

Imagem da Internet, by Google, sem id. de autoria

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LEMBRE-SE DE MIM COMO UM POETA
Osho

Quando eu me for, por favor lembre-se de mim como um poeta, e não como um filósofo.

A poesia precisa ser entendida de maneira diferente — você precisa amar a poesia, e não interpretá-la.

Você precisa repeti-la muitas vezes, de tal modo que ela se misture com o seu sangue, com os seus ossos, com a sua própria medula.

Você precisa recitar poesia muitas vezes, de tal modo que possa sentir todas as nuanças, as suas formas sutis.

Você precisa sentar-se simplesmente e deixar a poesia entrar em você, para que ela passe a ser uma força viva. Você a digere e depois se esquece dela; ela entra cada vez mais fundo e o transforma.

Deixe que eu seja lembrado como um poeta. É claro — não estou escrevendo poesias em palavras. Estou escrevendo num veículo mais vivo — em você. E é isso que toda a existência está fazendo.


Imagem da Internet, by Google, sem id. de autoria

domingo, 19 de setembro de 2010

Este post é dedicado a amiga Valéria Braz.
Que a música e a oração tragam alegrias para o seu coração, neste dia tão especial.
Feliz Aniversário!

Que jamais, em tempo algum, o teu coração acalente ódio.
Que o canto da maturidade jamais asfixie a tua criança interior.
Que o teu sorriso seja sempre verdadeiro.
Que as perdas do teu caminho sejam sempre encaradas como lições de vida.
Que a musica seja tua companheira de momentos secretos contigo mesmo.
Que os teus momentos de amor contenham a magia de tua alma eterna em cada beijo.
Que os teus olhos sejam dois sóis olhando a luz da vida em cada amanhecer.
Que cada dia seja um novo recomeço, onde tua alma dance na luz.
Que em cada passo teu fiquem marcas luminosas de tua passagem em cada coração.
Que em cada amigo o teu coração faça festa, que celebre o canto da amizade profunda que liga as almas afins.
Que em teus momentos de solidão e cansaço, esteja sempre presente em teu coração a lembrança de que tudo passa e se transforma, quando a alma é grande e generosa.
Que o teu coração voe contente nas asas da espiritualidade consciente, para que tu percebas a ternura invisível, tocando o centro do teu ser eterno.
Que um suave acalanto te acompanhe, na terra ou no espaço, e por onde quer que o imanente invisível leve o teu viver.

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Fontes:

Vídeo >> DAQUI
Texto >>
DAQUI

sábado, 18 de setembro de 2010
Ah, se eu fosse poeta!…
Mas. como de poeta tenho apenas a alma inquieta, não vou dizer mais do que umas quatro palavrinhas, Professora Rita de Cássia:
Obrigada por você existir!…
E é pra você
este vídeo,
esta música e
este meu carinho!



POR ONDE ANDA A ALMA INQUIETA DO POETA?
Letra: Gujo Teixeira
Música: Marcello Caminha
Intérprete: Miguel Marques

Por onde anda a alma inquieta do poeta?
Que nos deixou, cantando versos de saudade
Talvez buscando um rumo nas estradas que criou
Ou procurando algum amor da mocidade

A sombra grande dos teus versos ainda vejo
Pousada mansa, nos meus livros da estante
Ao mesmo tempo que eu a tenho assim nas mãos
Abrem suas asas, pra voarem tão distante

Só quem já teve madrugadas pela cara
Dessas que os galos acordavam no cantar
Sabe que a alma de um poeta tem estrelas
E versos claros que por si sabem falar

Por onde anda a alma inquieta do poeta
Que cantou versos pra saudade dos amigos?
Talvez andeje pelo céu que ela merece
E eu bem queria, que ela andasse aqui comigo

Quem sabe ande numa tropa estrada à fora
Ou ronde mansa algum silencio
Quem sabe ande pelas tintas das canetas
Que esboçam versos, pela angustia de uma espera

É um desafio trazer meu canto assim pequeno
Sombra miúda que ante as frondes que expande
E que tua “luz” alem da herança, nos deixou
Uma estrelita, junto ao céu deste rio grande

Fonte do vídeo
sexta-feira, 17 de setembro de 2010

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quinta-feira, 16 de setembro de 2010
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QUASE SEM QUERER
Composição: Renato Russo
Interp.: Maria Gadu

Tenho andado distraído,
Impaciente e indeciso,
E ainda estou confuso.
Só que agora é diferente:
Estou tão tranqüilo
E tão contente.
Quantas chances desperdicei
Quando o que eu mais queria
Era provar pra todo o mundo
Que eu não precisava
Provar nada pra ninguém.
Me fiz em mil pedaços
Pra você juntar
E queria sempre achar
Explicação pro que eu sentia.
Como um anjo caído
Fiz questão de esquecer
Que mentir pra si mesmo
É sempre a pior mentira.
Mas não sou mais
Tão criança a ponto de saber Tudo.
Já não me preocupo
Se eu não sei porquê
Às vezes o que eu vejo
Quase ninguem vê
E eu sei que você sabe.
Quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você.
Tão correto e tão bonito:
O infinito é realmente
Um dos deuses mais lindos.Sei que às vezes uso
Palavras repetidas
Mas quais são as palavras
Que nunca são ditas?
Me disseram que você estava chorando
E foi então que percebi
Como lhe quero tanto.
Já não me preocupo
Se eu não sei porquê
Às vezes o que eu vejo
Quase ninguém vê
E eu sei que você sabe
Quase sem querer
Que eu quero o mesmo que você.

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A ESTÁTUA
Augusto Sérgio Bastos


          No mar estava escrita uma cidade.”
           Carlos Drummond de Andrade


Ser estátua
não é pedido que se faça.
E ele nem pediu.

No banco de pedra, de costas pro mar,
pensa a cidade.
Acolhe pombos e aves agourentas.

No meio-dia branco de luz,
o menino permanece sozinho.
O homem atrás dos óculos
quer a sombra de amendoeiras.
Tem oitenta por cento de ferro na alma.
Cem por cento de bronze na eternidade.

Alguns anos viveu no Rio de Janeiro,
serviu à cidade
que agora de nada lhe serve.

Ao povo sem memória,
a história mais bonita,
comprida história que não acaba mais.

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Saiba como adquirir  >> AQUI

Mais da autora >> A Voz da Poesia

quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Ver meu campo florir e uma rosa se abrir em minha mão

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Uma Rosa Em Minha Mão
Composição: Toquinho / Vinícius de Moraes
Intérprete: Marília Barbosa

 
Procurei um lugar
Com meu céu e meu mar,
Não achei.

Procurei o meu par,
Só desgosto e penar
Encontrei.

Onde anda o meu rei,
Que me deixa tão só
Por aí.

A quem tanto busquei
E de tanto que andei,
Me perdi.

Quem me dera encontrar,
Ter meu chão, ter meu mar,
Ter meu chão.

Ver meu campo florir
E uma rosa se abrir
Em minha mão.
terça-feira, 14 de setembro de 2010

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SONETO DE CONTRIÇÃO
Vinícius de Moraes

Eu te amo, Maria, eu te amo tanto
Que o meu peito me dói como em doença
E quanto mais me seja a dor intensa
Mais cresce na minha alma teu encanto.

Como a criança que vagueia o canto
Ante o mistério da amplidão suspensa
Meu coração é um vago de acalanto
Berçando versos de saudade imensa.

Não é maior o coração que a alma
Nem melhor a presença que a saudade
Só te amar é divino, e sentir calma...

E é uma calma tão feita de humildade
Que tão mais te soubesse pertencida
Menos seria eterno em tua vida.

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Rio de Janeiro, 1938
in Novos Poemas
in Antologia Poética
in Livro de Sonetos
in Poesia completa e prosa: "A saudade do cotidiano"
Fonte: www.viniciusdemoraes.com.br

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A aniversariante de hoje é uma amiga querida de animadas pescarias:

pescando grandes (grandes? 3D Smiles (127) ) peixes, lá na represa,

e de pescarias musicais que acontecem na sala A Voz da Poesia.

 

Recebo todos os dias os seus recadinhos animados no Orkut, hoje retribuo essa delicadeza com o mesmo carinho, desejando de todo o coração o que diz a mensagem.

FELIZ ANIVERSÁRIO, YEDA!

recados para Orkut de férias !!

   Imagem >> DAQUI

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Hoje, no aniversário da poeta Rosany Costa, o presente é ela quem nos oferece.
Convido-os a um passeio poético pela obra da autora.

image  Clique na imagem para abrir o site

“Os poemas de Rosany desvelam sua alma, seu âmago com tamanha transparência, que o leitor, ao adentrar os versos, percebe que ali está mais do que as próprias palavras dizem, pois verifica-se que há uma ânsia de liberdade, um desejo infindo de se revelar tal como ela se vê e sente diante da vida e do mundo.
Trabalha  com plenitude e em plenitude dos versos que vão se alinhavando diante de seu fazer poético.” (Ceição Di Castro)

 

   Parabéns, Rosany Costa – PLENYTUDE!

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   A “champanhe” é sua…

  champanhe 

   … o champanhe é nosso!…

 arranjorosasvermelhas

“… e as rosas, sempre vermelhas!”

sábado, 11 de setembro de 2010

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                                      Imagem: Carlos Casamayor


TUA VOZ
Anderson Christofoletti

Fecho os olhos e ouço
tua voz doce
recitando palavras
de face puída,
mas de alma renascida
por entre teus lábios;
ouço a manhã colhida
da noite mais longa do mundo;
ouço a canção dos ventos:
solfejos penetrando muralhas
irigidas em dias desleais;
ouço a saudade tua
pulsando em meu peito
feito corcel que escorre
entre labaredas de um incêndio
que não se rende...

Nestes dias de íntimo sol
à flor da pele
qualquer intenção de sombra
torna-se abraço acolhedor.

As paredes brancas parecem sustentar
a leve voz do silêncio.
Não há fuga, nem exércitos aliados:
somos apenas eu e o tempo,
sendo este último implacável
algoz dos corações apartados
pela distância.
Mas flertarei com ele
sob a suposta onipresença
do livro sem versos
e tentarei, debalde, extirpar de meu coração
a pena cravada em sangue e dor.
Quiçá, nasça desta desconstrução
uma palavra que atravesse
barreiras e que rompa as correntes da ausência.
Por hora, tenho estas linhas e tenho
absoluta certeza que, sobre elas,
parte minha se esvai e,
uma vez não colhidas por teus olhos,
transformar-se-á em esquecimento
e entrega vã
.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

soldeinverno

E no meio de um inverno,
eu finalmente aprendi,
que havia dentro de mim,
um verão invencível.

Mahatma Gandhi

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

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   Imagem: divulgação "Ária", Christian Gaul

Em 34 anos de carreira Djavan sempre gravou seu próprio repertório. Em "Ária" pela primeira vez ele é só intérprete.
Numa escolha apurada, - e acertadíssima - o melhor da música brasileira. E ainda um passeio pelo som jazzístico de Fly me to the Moon e o flamenco de La Noche.
Um dos melhores lançamentos do ano.
Recomendadíssimo!

“Das reminiscências mais remotas à informação mais atual, e tendo o cancioneiro brasileiro como base, Djavan apresenta um disco de raro
desprendimento estético. E de intenso compromisso com o que importa, a música. O resultado ouve-se com a alegria e a surpresa sempre renovada da ária mais aguardada.

- Nunca imaginei fazer um disco assim, porque o meu prazer sempre foi compor. Pensava: vou me divertir pouco. E pensava também: vai ser um disco fácil, já que não preciso compor. E me enganei: acabei me divertindo muito reinventando e pesquisando as canções dos outros, e foi um dos discos mais difíceis de fazer, sobretudo na hora de escolher o que cantar – sentencia Djavan.” (Fonte: site oficial do cantor: www.djavan.com.br)

O critério para a escolha do repertório
”Foram vários os critérios. Tem coisas que são reminiscências de infância, da adolescência e da época em que eu trabalhava cantando na noite. A música “Sabes mentir”, de Othon Russo, por exemplo. Aprendi aos 6 anos, quando minha mãe cantava a versão de Ângela Maria. “Brigas nunca mais”, de Tom e Vinícius, veio da época em que eu trabalhava como crooner em boates. “Nada a nos separar”, de Wayne Shanklin, vem da minha adolescência, pois eu amava a voz da Evinha, cantora do Trio Esperança, que a gravou na época. Já “Fly me to the moon” e “Palco” são duas das músicas do disco mais conhecidas, mais batidas, mais clássicas. Incluí exatamente para tentar refrescá-las. Porque é difícil fazer algo novo com uma canção como "Palco”, por exemplo, que já tem uma versão tão definitiva com Gil.

"La noche" já tem uma história diferente. Estava em turnê, viajando de ônibus de uma cidade para outra, quando Max (Vianna, guitarrista e filho de Djavan) me mostrou a canção no computador. Fiquei encantando com a voz da cantora, uma espanhola chamada Montse Cortez. Pensei: “Nossa, quem dera gravar isso um dia”. Mas não imaginei que fosse acontecer de fato (risos)” Leia na íntegra > AQUI

Video > Djavan fala sobre a sessão de fotos para a capa do cd

O DISCO

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  Capa


01   Disfarça e Chora
Autores: Angenor de Oliveira / Dalmo Martins Castello

02 Oração ao Tempo
Autores: Caetano Veloso

03 Sabes Mentir
Autores: Othon Fortes Russo

04 Apoteose ao Samba
Autores: Silas Oliveira de Assumpção

05 Luz e Mistério
Autores: Beto Guedes / Caetano Veloso

06 La Noche
Autores: Enrique Heredia Carbonell/Juan Jose Suarez Escobar

07 Treze de Dezembro (instrumental)
Autores: Luiz Gonzaga / Zé Dantas

08 Valsa Brasileira
Autores: Edu Lobo / Chico Buarque

09 Brigas Nunca Mais
Autores: Antonio Carlos Jobim / Vinícius de Moraes

10 Fly Me To The Moon
Autores: Bart Howard

11 Nada A Nos Separar (West of the Wall)
Autores: vers. Romeu Nunes / Wayne Shanklin

12 Palco
Gilberto Gil


Ficha Técnica

Violão Nylon – Djavan
Baixo Acústico – André Vasconcellos
Guitarra – Torcuato Mariano
Percussão – Marcos Suzano / Leonardo Reis / Marco Lobo
Violão Nylon – Djavan

BISCOITO FINO E LUANDA PRODUÇÕES

segunda-feira, 6 de setembro de 2010


PÁTRIA MINHA
Vinicius de Moraes
Na voz do autor

A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.

Se me perguntarem o que é a minha pátria, direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.

Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias, pátria minha
Tão pobrinha!

Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação e o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus!

Tenho-te no entanto em mim como um gemido
De flor; tenho-te como um amor morrido
A quem se jurou; tenho-te como uma fé
Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito
Nesta sala estrangeira com lareira
E sem pé-direito.

Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra
Quando tudo passou a ser infinito e nada terra
E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu
Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz
À espera de ver surgir a Cruz do Sul
Que eu sabia, mas amanheceu...

Fonte de mel, bicho triste, pátria minha
Amada, idolatrada, salve, salve!
Que mais doce esperança acorrentada
O não poder dizer-te: aguarda...
Não tardo!

Quero rever-te, pátria minha, e para
Rever-te me esqueci de tudo
Fui cego, estropiado, surdo, mudo
Vi minha humilde morte cara a cara
Rasguei poemas, mulheres, horizontes
Fiquei simples, sem fontes.

Pátria minha... A minha pátria não é florão, nem ostenta
Lábaro não; a minha pátria é desolação
De caminhos, a minha pátria é terra sedenta
E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Que bebe nuvem, come terra
E urina mar.

Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um libertas quae sera tamen
Que um dia traduzi num exame escrito:
"Liberta que serás também"
E repito!

Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão...
Que vontade me vem de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.

Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.

Agora chamarei a amiga cotovia
E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama:
"Pátria minha, saudades de quem te ama…
Vinicius de Moraes."
Barcelona, 1949
in Antologia Poética
in Pátria minha
in Poesia completa e prosa: "Nossa Senhora de Los Angeles"

Fonte: www.viniciusdemoraes.com.br


Declamação feita por:  Chico Buarque, Caetano Veloso, Edu Lobo, Ferreira Gullar, Maria Bethânia e Toquinho, no Documentário de Miguel Faria Jr. 


                                                                     


Fonte deste vídeo
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Quando entrar Setembro e a boa nova andar nos campos



Sol de Primavera
Composição: Beto Guedes / Ronaldo Bastos 

Intérprete: Beto Guedes 


Quando entrar setembro
E a boa nova andar nos campos
Quero ver brotar o perdão
Onde a gente plantou
Juntos outra vez...

Já sonhamos juntos
Semeando as canções no vento
Quero ver crescer nossa voz
No que falta sonhar...

Já choramos muito
Muitos se perderam no caminho
Mesmo assim não custa inventar
Uma nova canção
Que venha nos trazer...

Sol de primavera
Abre as janelas do meu peito
A lição sabemos de cór
Só nos resta aprender
Aprender...

Já choramos muito
Muitos se perderam no caminho
Mesmo assim não custa inventar
Uma nova canção
Que venha trazer...

Sol de primavera
Abre as janelas do meu peito
A lição sabemos de cór
Só nos resta aprender
Aprender...

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