quarta-feira, 21 de março de 2012

Leonid_Afremov_autumm

MOÇAS OUTONAIS
Anderson Cnristofoletti

No outono a luz morna da aurora delineia as folhas
ruivas e as copas das árvores se entreabrem
revelando novas cores e horizontes.
No outono os arrebóis são mais passionais; as
paixões, mais promissoras;
O pôr-do-sol é um capítulo à parte: vertiginosos
dourados que dessangram azuis numa tela viva de
Monet.
As moças - então outonais - passam corn seus
vestidos longos e deixam escorrer um perfume de
cravo e canela quando sorriem.
É a estação na qual as janelas estão sempre
abertas e os olhos sempre procuram outros olhos.
O outono, definitivamente, é a estação dos versos
silentes, das belezas tácitas e da compreensão
inefável das coisas.
hummingbirdredrose[1]
©Anderson Christofoletti
In Da Poesia à Poesia Inexistente
Imagem: Leonid Afremov

terça-feira, 20 de março de 2012

image

A ORAÇÃO DAS ROSAS
Federico Garcia Lorca

Ave rosas, estrelas solenes!
Rosas, rosas, jóias vivas de infinito;
bocas, seios e almas vagas perfumadas;
prantos, beijos!, grãos, pólen da lua;
doces lotes das almas estancadas;
ave rosas, estrelas solenes!

Amigas de poetas
e de meu coração,
ave rosas, estrelas
de luminosa Sião!
Panidas, sim, Panidas;
o trágico Rubén
assim chamou em versos
o lânguido Verlaine,
que era rosa sangrenta
e amarela também.
Deixai que assim os chame,
Panidas, sim, Panidas,
essência de um Éden,
de lábios dançarinos,
e seios de mulher.
Vós outros junto ao mármore
o sangue dele sois,
porém se fôsseis aroma
do vergel
em que os funos moram,
teríeis em vosso ser
uma essência divina:
Maria de Nazaré,
que esconde em vossos peitos
brancura de seu mel;
flor única e divina,
flor de Deus e Luzbel.

Flor eterna. Conjuro ao suspiro.
Flor grandiosa, divina, enervante,
flor de fauno e de virgem cristã,
flor de Vênus furiosa e tonante,
flor mariana celeste e sedante,
flor que é vida e fonte azul
do amor juvenil e arrogante
que em seu cálix as ânsias aclara.

O que seria a vida sem rosas!
Uma senda sem ritmo nem sangue,
um abismo sem noite nem dia.
Elas emprestam suas asas à alma
que sem elas a alma morria,
sem estrelas, sem fé, sem as claras
ilusões que a alma queria.

Elas são refúgio de muitos corações,
elas são estrelas que sentem o amor,
elas são silêncios que lentos escaparam
do eterno poeta noturno e sonhador,
e com ar e com céu e com luz se formaram,
por isso todas elas ao nascer imitaram
a cor e a forma de nosso coração.
Elas são as mulheres entre todas as flores,
tíbios sancta sanctorum da eterna poesia,
neáporis grandiosas de todo o pensamento,
cibórios de perfume que azul o vento bebe,
cromáticos enxames, pérolas do sentimento,
adornos das liras, poetas sem acento.
Amantes olorosas de doces rouxinóis.

Mães de todo o belo,
sois eternas, magníficas, tristes
como tardes caladas de outubro,
que ao morrer, melancólicas, vagas,
uma noite de outono as cobre,
porque ao ser como sois a poesia
estais cheias de outono, de tardes,
de pesares, de melancolia,
de tristezas, de amores fatais,
de crespúculo gris de agonia,
que sois tristes, ao ser poesia
que é uma água de vossos rosais.
Santas rosas divinas e várias,
esperanças, anelos, paixão,
deposito em vós outras, amigas;
dai-me um cálice vazio, já morto,
que em seu fundo, melancólico e deserto,
verterei meu fatal coração.

Ave, rosas, estrelas!
Rosas plenas de graça e amor,
o céu e a terra são vossos
e benditos serão os mestres
que proclamam a voz de tua flor.
E bendito será o belo fruto
de teu belo evangelho solene,
e bendito o teu aroma perene,
e bendito o teu pálido alvor.
Solitárias, divinas e graves,
soluçais, pois sois flores do amor,
soluçais pelos meninos que vos decepam,
soluçais por ser alma e ser flor,
soluçais pelos maus poetas
que não vos podem cantar com dor,
soluçai pela lua que vos ama,
soluçai por tanto coração
que na sombra vos escute calado,
e também soluçai por meu amor.
Ai! incensários carnais da alma,
chopinescas romanças de odor,
soluçais por meus beijos ocultos
que deu minha boca a vós.
Soluçai pela névoa de tumba
onde sangra o meu coração,
e em minha hora de estrela apagada,
que meus olhos se fechem ao sol,
sede meu branco e severo sudário,
chopinescas romanças de odor.
Ocultai-me em um vale tranqüilo,
e esperando minha ressurreição,
ide sorvendo com vossas raízes
a amargura de meu coração.

Rosas, rosas divinas e belas,
soluçai, pois sois flores de amor.

13-3
FEDERICO GARCIA LORCA
In Poemas Esparsos

quinta-feira, 15 de março de 2012


BILHETE EM PAPEL ROSA
A meu amado secreto, Castro Alves

Quantas loucuras fiz por teu amor, Antônio.
Vê estas olheiras dramáticas,
este poema roubado:
“o cinamomo floresce
em frente ao teu postigo.
Cada flor murcha que desce,
morro de sonhar contigo”.
Ó bardo, eu estou tão fraca
e teu cabelo é tão negro,
eu vivo tão perturbada, pensando com tanta força
meu pensamento de amor,
que já nem sinto mais fome,
o sono fugiu de mim. Me dão mingaus,
caldos quentes, me dão prudentes conselhos,
e eu quero é a ponta sedosa do teu bigode atrevido,
a tua boca de brasa, Antônio, as nossas vias ligadas.
Antônio lindo, meu bem,
ó meu amor adorado,
Antônio, Antônio.
Para sempre tua.

1-14

© Adélia Prado
Voz da autora
Áudio do CD "O Sempre Amor"

www.avozdapoesia.com.br/castroalves

www.avozdapoesia.com.br/adeliaprado

quarta-feira, 14 de março de 2012

castroalves_vozdapoesia

Castro Alves no blog  Poética e Cotidiana

Castro Alves no site A Voz da Poesia

Castro Alves na página  Facebook

sábado, 10 de março de 2012

“As flores do jardim de nossa casa morreram todas…”

Um verso de uma música de Roberto Carlos que hoje diz tudo aqui.
Esse jardim não existe mais… > O JARDIM DE DONA ROSA
a Jardineira, Dona Rosa, não tem mais saúde para cuidar  - e ele deixou de existir.

Hoje ela faz 85 anos.
Parabéns, Dona Rosa. Guerreira.

Os lírios rosa da Dona Rosa

Um dia, ainda no auge do meu problema de saúde, acordei com esse vaso de lírios na porta do meu quarto. Ela não disse nada, nem naquele momento, nem depois. Apenas deixou o vaso de flores lá, para quando eu acordasse fosse a primeira coisa a ver.
Foi  a forma dela dizer que eu ia me levantar daquela cama.

Hoje, no seu aniversário, não tenho mais esse vaso de lírios para lhe dar… mas tenho a imagem e o gesto daquele dia tatuado em mim para sempre.

E enquanto eu tiver forças vou continuar na queda-de-braço com Deus. Ele precisa dos seus cuidados no Jardim Dele. Eu preciso no meu. Mesmo sabendo quem vence, estou lutando…


AS MÃOS DA MINHA MÃE
Luiz Menezes

As mãos da minha mãe
Diante dos meus olhos  
Mostram-me as cicatrizes
Que a vida esculpiu
 
As mãos da minha mãe
Hoje gastas pelo tempo
Pelo tempo de ser mãe
Sendo escrava desse tempo
 
As mãos da minha mãe
Acalentou o meu sono
Amenizando o cansaço
De um dia de criança
 
As mãos da minha mãe
Afagaram a minha face
Amenizando a dor
Pelas quedas do destino
 
As mãos da minha mãe
Tornaram-se grandes
Amparando os meus sonhos
Quando tentei no céu chegar
 
As mãos da minha mãe
Sovaram minhas nádegas
Para que eu ressentisse
O valor da obediência
 
As mãos da minha mãe
Juntaram os meus sonhos
Quando na queda da desilusão
Não consegui sustentar a fé
 
As mãos da minha mãe
Só ficavam quietas
Em posição de oração
Quando agradecia a Deus
 
As mãos da minha mãe
Tremeram de medo
Quando o destino lhe disse
Ele agora é meu
 
As mãos da minha mãe
Já não sovam mais o pão
Já não lava mais o chão
Já não mexem mais panelas
 
As mãos da minha mãe
Vivem firme em orações
E com gestos de carinho
Entrelaça o seu terço
 
As mãos da minha mãe
Abandonaram o trabalho
Ociosas só lhe restam
O terço em oração.
 
As mãos da minha mãe
Hoje recebem o meu carinho
Com beijos e afagos
De um filho agradecido.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Abraçamos carinhosamente todas as mulheres pelo seu dia!

Para deixar marcada esta data, a VOZ DA POESIA está oferecendo um marcador de livro à sua escolha.

PARA PEGAR O SEU MARCADOR:

1. clique na imagem para abrir em outra janela;
2. copie e cole no Word;
3.ajuste para o tamanho que lhe agradar;
4. imprima.

Dicas para imprimir:

use impressora jato de tinta e papel VERGÊ ou papel AP 60.

Se for imprimir em papel comum a sugestão é que seja plastificado depois.

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Criação: by Enlou

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