segunda-feira, 10 de junho de 2013

POEMA QUIETO
Flora Figueiredo


Deixe que o silêncio discorra por nós
e ache as respostas.
Que nos beije o peito,
que nos coce as costas
e nos dê o direito de calar o tempo.
Deixe que ele cubra o momento
e se distenda leve
como um lençol de renda;
que seja arguto o bastante
para impedir o instante de ser breve,
Deixe que o silêncio nos proteja.
Pra que ninguém escute,
nada se revele
e possamos trocar as nossas peles
sem que a censura veja.

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© FLORA FIGUEIREDO
In Calçada de Verão, 1989
Fonte:
A Voz da Poesia

Imagem: Freydoon Rassouli

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