quarta-feira, 16 de agosto de 2017

DIÁLOGO
Nuno Júdice

«Posso beber o amor pelo copo dos teus lábios?»
O disco chega ao fim;
um ruído de rua entra pela janela;
não sei se ainda é dia,
ou se a noite começa.
Mas o mundo não interfere
no equilíbrio frágil das nossas vidas.
Este copo não se esvazia;
e os teus olhos
levam-me à fronteira do sonho,
para que a passe,
e entre contigo num país de nuvem.
O meu passaporte são as tuas mãos;
o mapa que nos guia,
a respiração incerta do desejo.
«Por isso me perco», dizes.
«Por isso te encontro», respondo.
E a noite que nos separa é o dia que nos reúne.



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