domingo, 7 de setembro de 2008

pegadas_1  
                                          imagem da internet

A forma que uma tarde, na montanha, entrevi, e que me fez tão tristemente temer minha própria poesia.
É apenas um prenúncio do mistério
Um suspiro da morte íntima, ainda não desencantada...
Vim para ser lembrado
Para ser tocado de emoção, para chorar
Vim para ouvir o mar contigo
Como no tempo em que o sonho da mulher nos alucinava, e nós
Encontrávamos força para sorrir à luz fantástica da manhã.

[Fragmento de Elegia ao primeiro amigo - Vinicius de Moraes]

Rio de Janeiro, 1943
in Cinco elegias

foto_dablink 
              imagem da internet (modificada no dablink.com)

Pousa sobre esses espetáculos infatigáveis
uma sonora ou silenciosa canção:
flor do espírito, desinteressada e efêmera.
Por ela, os homens te conhecerão:
por ela, os tempos versáteis saberão
que o mundo ficou mais belo, ainda que inutilmente,
quando por ele andou teu coração.

[Epigrama nº I - Cecília Meireles]

sábado, 6 de setembro de 2008

memoria_aguas



MEMÓRIA DAS ÁGUAS
Comp.: Roberto Mendes/Jorge Portugal
Intérprete: Maria Bethânia

Amores são águas doces
Paixões são águas salgadas
Queria que a vida fosse
Essas águas misturadas

Eu que já fui afluente
Das águas da fantasia
Hoje molho mansamente
As margens da poesia

Cachoeira da Vitória
Timbó das pedras de seixo
Vocês são minha memória
Correm em mim desde o começo

Quando o Subaé subia
Beijando o Sergimirim
Um amor de águas limpas
Nascia dentro de mim

E foi assim pela vida
Navegando em tantas águas
Que mesmo as minhas feridas
Viraram ondas ou vagas

Hoje eu lembro dos meus rios
Em mim mesma mergulhada
Águas que movem moinhos
Nunca são águas passadas

Eu sou memória das águas
Eu sou memória das águas
sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Música: Ai
Autores: Kléber Albuquerque e Tata Fernandes

Fonte

quinta-feira, 4 de setembro de 2008


CADÊ VOCÊ

Comp.: Chico Buarque e João Donato
Intérpretes.: Zé Luis Mazziotti e Chico Buarque



Me dê noticia de você
Eu gosto um pouco de chorar
A gente quase não se vê
Me deu vontade de lembrar

Me leve um pouco com você
Eu gosto de qualquer lugar
A gente pode se entender
E não saber o que falar

Seria um acontecimento
Mas lógico que você some
No dia em que o seu pensamento
Me chamou

Eu chamo o seu apartamento
Não mora ninguém com esse nome
Que linda a cantiga do vento
Já passou

A gente quase não se vê
Eu só queria me lembrar
Me dê noticia de você
Me deu vontade de voltar
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
amor_54

VIDA
José Antônio Gama de Souza

E se perdesse a eternidade, o tempo
Que aos meus olhos passa
No montanhês horizonte

E se perdesse a maviosidade, o canto
Que meu sentido capta
Do pássaro cantante

E se perdesse a velocidade, o vento
Que o meu rosto toca
Como acaricia o monte 

E se perdesse a passividade, o campo
Que meu corpo acolhe
Como se fosse amante

Ainda assim, seriam
O tempo, o canto, o vento e o campo
Básicos atores

Na teatral moldura deste instante...
Em que a vida
Que inspira o amor
Maior que tudo
É sempre o mais importante...


imagem: da internet

ajanela_Elizabeth_Snow
                      imagem: Elizabeth Snow

Às vezes julgo ver nos meus olhos
A promessa de outros seres
Que eu podia ter sido,
Se a vida tivesse sido outra.
Mas dessa fabulosa descoberta
Só me vem o terror e a mágoa
De me sentir sem forma, vaga e incerta
Como a água.

[Às Vezes - Sophia de Mello Breyner Andresen]

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