sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Pompeo_Batoni_Apollo_and_musas_da_musica_e_poesia_euterpia_e_urania 
   imagem: Pompeo Battoni (Apollo, Euterpia e Urania:
                                     deusas da música e da poesia)


O Deus da parecença
que nos costura em igualdade
que nos papel-carboniza
em sentimento
que nos pluraliza
que nos banaliza
por baixo e por dentro,
foi este Deus que deu
destino aos meus versos,

Foi Ele quem arrancou deles
a roupa de indivíduo
e deu-lhes outra de indivíduo
ainda maior, embora mais justa.

Me assusta e acalma
ser portadora de várias almas
de um só som comum eco
ser reverberante
espelho, semelhante
ser a boca
ser a dona da palavra sem dono
de tanto dono que tem.

Esse Deus sabe que alguém é apenas
o singular da palavra multidão
É mundão
todo mundo beija
todo mundo almeja
todo mundo deseja
todo mundo chora
alguns por dentro
alguns por fora
alguém sempre chega
alguém sempre demora.

O Deus que cuida do
não-desperdício dos poetas
deu-me essa festa
de similitude
bateu-me no peito do meu amigo
encostou-me a ele
em atitude de verso beijo e umbigos,
extirpou de mim o exclusivo:
a solidão da bravura
a solidão do medo
a solidão da usura
a solidão da coragem
a solidão da bobagem
a solidão da virtude
a solidão da viagem
a solidão do erro
a solidão do sexo
a solidão do zelo
a solidão do nexo.

O Deus soprador de carmas
deu de eu ser parecida
Aparecida
santa
puta
criança
deu de me fazer
diferente
pra que eu provasse
da alegria
de ser igual a toda gente

Esse Deus deu coletivo
ao meu particular
sem eu nem reclamar
Foi Ele, o Deus da par-essência
O Deus da essência par.

Não fosse a inteligência
da semelhança
seria só o meu amor
seria só a minha dor
bobinha e sem bonança
seria sozinha minha esperança


[O Poema do Semelhante - Elisa Lucinda]

Ex_Animo

ACALANTO

Ada Ciocci

Vai amado.
Busca por onde quiseres,
com quem quiseres,
como quiseres,
o prazer.
Até mesmo,
aquele prazer que um dia alguém apelidou de amor.
E, se por acaso te cansares e,
do compromisso que um dia nos uniu te lembrares,
se desejares, volta.
Serei a que conforta.
Não saberás da dor,
da saudade,
das lágrimas sentidas que tua ausência causou.


imagem: Tomasz  Rut


CANTIGA
Intérprete: Ceumar
Autor: Zeca Baleiro 


Flower não é flor
Mas eu te dou meu amor,
little flower
Sete cravos, sete rosas,
liro-liro lê, liro-liro lá
Girândolas, girândolas

Give me your love
Love me alive
Leve me leve

Nas asas da borboleta leta
Que borbole bole - bole
Sol que girassole,
Sole mio amore
Flore me now and forever
Never more flores
Never more flores

Fonte do vídeo

John Henry Twachtman

 
Clique na imagem para entrar no álbum do Picasa

John Henry Twachtman, pintor americano, nasceu em 4 de agosto de 1853, e faleceu em 8 de agosto de 1902.
O seu estilo de pintura variou amplamente ao longo de sua carreira. Historiadores de arte consideram que o estilo de Twachtman de impressionismo é entre o mais pessoal e experimental de sua geração. Fazia parte de um movimento chamado de "Os Dez", um grupo aliado de artistas americanos descontentes com organizações de artes profissionais que se uniram em 1898 para exibir os seus trabalhos num grupo de estilos unificado. 
Twachtman nasceu em Cincinnati, Ohio e a sua primeira pintura foi treinando lcom Frank Duveneck.
Como a maioria dos artistas da era, Twachtman foi então para a Europa para se aprimorar, matriculando-se  na Academia de Belas artes em Munique em 1875 e visitou Veneza com Duveneck e William Merritt Chase.
As suas paisagens deste periodo exibem as técnicas que ensinou em Munique.
Twachtman também aprendeu gravura, e às vezes levava chapas onde registrava uma cena que surgia de repente, para depois passar pra tela.
Depois de um retorno breve para a América, Twachtman estudou de 1883 a 1885 ao Académie Julian em Paris, e as pinturas dele trocaram dramaticamente para um estilo de tonalidade macio, cinza e verde. Durante este tempo pintou o que alguns historiadores de arte consideram ser as suas maiores obra-primas, inclusive Arques-la-Bataille, na coleção do Museu Metropolitano de Arte em Nova Iorque, e Estação da primavera, na coleção do Cincinnati Arte Museu.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Angel_of_Capricorn
                                               imagem: Jonhaton Earl Bowser 


Têm todos bocas cansadas
e almas claras, sem orla.
E passa-lhes por vezes pelos sonhos
uma saudade (como de pecado).
Parecem-se quase todos uns aos outros;
estão calados nos jardins de Deus,
como muitos, muitos intervalos
no seu poderio e melodia.
Só quando desdobram as asas
é que despertam qualquer vento:
Como se Deus, com as suas largas
mãos de estatuário, passasse
as folhas do escuro Livro do Princípio


[Os anjos - Rainer Maria Rilke]


                              Imagem: Washington Maguetas

 
Vamos ter lençóis de aura ligeira,
profundo divã como um mausoléu,
e flores estranhas na prateleira
abertas pra nós sob um outro céu.

No fim da paixão, chama derradeira,
nossos corações, como um fogaréu,
irão refletir sua luz parceira
nas almas iguais, espelhos sem véu.

Numa tarde rosa e azul-desmaio,
nós vamos trocar um único raio,
um longo soluço cheio de adeus;

e depois um Anjo, ao abrir as portas,
dará vida novas aos teus e meus
espelhos sombrios e chamas mortas.


A Morte dos Amantes  - Charles Baudelaire
Ttradução Jorge Pontual

Dizziness_Iman_Maleki
                                            imagem: Iman Maleki


De tal modo é,
que eu jamais negá-lo poderia:
sou agarrada na saia da poesia!
Para dar um passeio que seja,
uma viagem de carro avião ou trem,
à montanha, à praia, ao campo,
uma ida a um consultório
com qualquer possibilidade, ínfima que seja, de espera,
passo logo a mão nela pra sair.
É um Quintana, uma Adélia, uma Cecília, um Pessoa
ou qualquer outro a quem eu ame me unir.
Porque sou humano e creio no divino da palavra,
pra mim é um oráculo a poesia!
É meu tarô, meu baralho, meu tricot,
meu i ching, meu dicionário, meu cristal clarividente, meus búzios,
meu copo d'água, meu conselho, meu colo de avô,
a explicação ambulante para tudo o que pulsa e arde.
A poesia é síntese filosófica, fonte de sabedoria, e bíblia dos que,
como eu, crêem na eternidade do verbo,
na ressurreição da tarde
e na vida bela.
Amém!


[Credo - Elisa Lucinda in "A Fúria da Beleza"]

quarta-feira, 5 de novembro de 2008



A MEDIDA DA PAIXÃO
Intérprete: Adriana Godoy
Autor: Lenine e Dudu Falcão


É como se a gente
Não soubesse
Prá que lado foi a vida
Por que tanta solidão?
E não é a dor
Que me entristece
É não ver uma saída
Nem medida da paixão (2x)
Foi
O amor se foi perdido
Foi tão distraído
Que nem me avisou
Foi
O amor se foi calado
Tão desesperado
Que me machucou
É como se a gente
Pressentisse
Tudo que o amor não disse
Diz agora essa aflição
E ficou o cheiro pelo ar
Ficou o medo de ficar
Vazio demais meu coração
Foi
O amor se foi perdido
Foi tão distraído
Que nem me avisou
Nem me avisou
Foi
O amor se foi calado
Tão desesperado
Que me maltratou
 
Fonte do vídeo

Do CD Adriana Godoy - Todos os Sentidos - 2003
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