quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
solidao_788  


 RETRATO PARA SER VISTO DE LONGE
 Francisco Carvalho

Sou um ser, o outro é metade
que não sabe de onde veio.
Sou treva, sou claridade.
Solidão partida ao meio
e entre os dois a eternidade.

Sei quem sou, não me conheço.
Parado, estou sempre indo
para um país sem regresso.
Sou fonte e estou me esvaindo,
fluir sem fim nem começo.

Coração partido ao meio,
pulsando em cada metade.
O lirismo do espantalho
a espuma do devaneio.
Entre os dois a eternidade.


Imagem da Internert, pelo Google

Sobre o autor:
Francisco Carvalho, nasceu em 1927, na cidade de Russas- Ceará
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

                                                                Fonte

Oh! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh! dias de minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez de mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
De camisa aberta ao peito,
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo,
E despertava a cantar!

Oh! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
- Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

foto_rara_mpb                                                                       imagem recebida da Lari

Clique na imagem para ampliar

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Van Gogh


Rebelde, inclinado à solidão, até mesmo insociável, van Gogh é um desajustado no seu lar, em sua terra e em sua sociedade.

Desde jovem, tem dificuldade em se adequar aos padrões e passa por diversos trabalhos, até que descobre sua verdadeira aptidão, a pintura. É ajudado por seu irmão mais novo Theodore, a quem chama carinhosamente de Theo. Foi seu amparo afetivo, emocional e econômico.

Em 1876, vive suas primeiras crises nervosas e tem na religião um refúgio. Resolve ser pastor. Mas nem assim ele se aquieta. Pregava pouco e se preocupava demais com os doentes e crianças.

Quando resolve pintar, Theo o ajuda, pois neste período é um dos dirigentes da Galeria Goupil. Theo está em Paris, o centro artístico. Com o dinheiro que ele manda, van Gogh estuda anatomia e perspectiva. Resolve pintar a sua terra e os homens simples. Não deseja fazer uma pintura clássica, pintar "gente que não trabalha". E diz:

"Eu não quero pintar quadros, quero pintar a vida".

Vida para ele são paisagens e gente, isto é, camponeses e mineiros, campo e trigais.

Em 1885/86, van Gogh está em Antuérpia, onde ele se apaixona definitivamente pela cor:

"O pintor do futuro será um colorista como nunca foi possível antes".

Era um excepcional artista que foi buscar lá fora, na própria natureza, o colorido, as formas revoltas, as árvores farfalhantes, as casas solitárias, os rostos sofridos, os corpos alquebrados, os céus estrelados, o amarelo dos girassóis e dos trigais, tudo com um brilho muito exagerado para ter mais expressão. Ele dizia:

"Procuro com o vermelho e o verde exprimir as mais terríveis paixões humanas. Quero pintar o retrato das pessoas como eu as sinto e não como eu as vejo".

Em 1888 (Arles) pinta ao ar livre. Quando chega o verão e o sol, van Gogh liberta as cores:

"Eu quero a luz que vem de dentro, quero que as cores representem as emoções".

A seu convite, Gauguin chega em Outubro, para trabalharem juntos. Seguem-se dois meses de trabalho duro é fértil para ambos. Mas a diferença de temperamento e de atitude diante da vida acaba explodindo numa inevitável desavença.

Van Gogh tem crises de humor, discute, agride o amigo, sofre de mania de perseguição e numa das crises tenta ferir Gauguin com uma navalha. Perde a luta, é levado para a cama em lágrimas e com descontrole muscular. Arrependido, corta, de propósito, um pedaço da orelha e manda num envelope à mulher que motivou a briga.

Recolhido ao hospital Saint-Paul para doentes nervosos, mais tarde pinta, diante do espelho , o Auto-retrato com a orelha cortada. Seu olhar é de espanto, mágoa e melancolia.

Em maio de 1889 ele mesmo pede ao irmão que o interne. Vai ao hospital de Saint-Rémy. Seu quarto do hospital é transformado em atelier.Pinta sem parar, e manda dizer ao irmão que está pintando bem. Pinta paisagens, o hospital, os doentes, as celas, o pátio e os médicos. Apesar de sua grande produção, vendeu um único quadro em sua vida toda.

Seus últimos quadros já mostram deformações mais fortes, pois van Gogh prefere pintar a sua própria realidade. Os trigais são turbulentos e inquietos, os ciprestes estão trêmulos, angustiantes, cheios de tensão, as oliveiras tornam-se exaltadas e torcidas.

No dia 27 de julho de 1890 sai para o campo de trigo com um revólver na mão. É domingo, o grão está dourado, o céu incrivelmente azul. Corvos muitos pretos gritam e fogem em revoada. Dias antes ele pintou esse quadro. No meio do campo dá um tiro no peito.

Vincent van Gogh com sua pintura contribuiu para a pintura moderna com a vitória da cor sobre o desenho, libertando a cor. Foi o precursor do Expressionismo.

Fonte

domingo, 30 de novembro de 2008
A canção vencedora IV Festival Internacional da Canção - 1969



CANTIGA POR LUCIANA
Comp.: Edmundo Souto e Paulinho Tapajós

Interpretação: Evinha

capa


01 - Cantiga Por Luciana - Evinha
(Edmundo Souto e Paulinho Tapajós)
02 - Juliana - Antônio Adolfo e A Brazuca (Antônio Adolfo e Tibério Gaspar)
03 - Visão Geral - Clara Nunes
(César Costa Filho, Ruy Maurity e Ronaldo Monteiro de Souza) 
04 - Razão de Paz Para Não Cantar - Quarteto Forma
(Eduardo Lages e Alesio Barros)
05 - Minha Marisa - Golden Boys
(Fred Falcão e Paulinho Tapajós)
06 - O Tempo e o Vento - Beth Carvalho
(Jorge Omar e Billy Blanco)
07 - Quem Mandou - Quarteto Forma
(Sergio Bittencourt e Eduardo Souto Neto)
08 - Ave Maria dos Retirantes - Clara Nunes
(Alcyvando Luz e Carlos Coquejo)
09 - Beijo Sideral - Marcos Valle
(Marcos Valle e Paulo Sergio Valle)
10 - Flor Manequim Depois Mulher - Taiguara e Quarteto Forma (Taiguara)


Vencedores:
1º lugar: Cantiga por Luciana - também 1º lugar na fase internacional;
2º lugar: Juliana
3º lugar: Visão geral
4º lugar: Razão de paz pra não cantar
5º lugar: Minha Marisa

SAIBA MAIS
sábado, 29 de novembro de 2008

capa_fic3


DOWNLOAD >> AQUI

1 - Maré Morta - Edu Lobo
     (Edu Lobo e Ruy Guerra)
2 - O Sonho - Egberto Gismonti
      (Egberto Gismonti)
3 - Amada Canta - Claudete Soares
      (Luis Bonfá e Maria Helena Toledo)
4 - Maria é só você - Agora 4
      (Alcyvando Luz e Carlos Coqueijo)
5 - Mestre Sala - Tuca
      (Reginaldo Bessa e Ester Bessa)
6 - Corpo e Alma - Paulo Cesar
      (Augusta Maria Tavares)
7 - Rainha do Sobrado - Elmo Rodrigues
      (Eduardo Souto Neto)
8 - Rua da Aurora - Lucelena
      (Durval Ferreira e F. Gaspar)
9 - Engano - Márcia
      (R. de Oliveira e F. Cesar)
10 - Por causa de um amor - Paulo Marquez
       (Capiba)
11 - Herói de Guerra - Silvia Maria e O Vocal
       (Adilson Godoi)
12 - Pra não dizer que não falei de flores - Trio Marayá
       (Geraldo Vandré)
13 - Praia só - Geise
       (Irinea Ribeiro)

Vencedores:

Sabiá (Tom Jobim e Chico Buarque), com Cynara e Cybele.
Pra não dizer que não falei de flores, ou "Caminhando" (Geraldo Vandré), com Geraldo Vandré;
Andança (Edmundo Souto, Danilo Caymmi e Paulinho Tapajós), com Beth Carvalho e Golden Boys.
Passaralha (Edino Krieger), com Grupo 004;
Dia de vitória (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle), com Marcos Valle.

fic 
Imagem: Agencia O Globo

Criado por Augusto Marzagão, o Festival Internacional da Canção (FIC) foi realizado em sete edições, de 1966 a 1972, no Maracanãzinho (RJ). O I FIC foi transmitido pela TV Rio e os demais pela TV Globo. O evento era dividido em duas fases, nacional e internacional. A canção classificada em 1º lugar na fase nacional representava o Brasil na fase internacional do festival, disputando com representantes de outros países o Prêmio Galo de Ouro, desenhado por Ziraldo e confeccionado pela joalheria H. Stern. Apenas duas canções brasileiras foram contempladas com o Galo de Ouro: "Sabiá" (Tom Jobim e Chico Buarque), interpretada por Cynara e Cybele, vencedora em 1968 do III FIC, e "Cantiga por Luciana" (Edmundo Souto e Paulinho Tapajós), interpretada por Evinha, vencedora em 1969 do IV FIC. Destaque para Hilton Gomes, apresentador oficial do FIC, que imortalizou a frase "Boa sorte, maestro!", e para Erlon Chaves, que compôs o "Hino do FIC", tema de abertura do festival. 

Finalistas

1966
Saveiros (Dori Caymmi e Nelson Motta), com Nana Caymmi.
O cavaleiro (Tuca e Geraldo Vandré), com Tuca.
Dia das rosas (Luiz Bonfá e Maria HelenaToledo), com Maysa.

1967
Margarida (Gutenberg Guarabyra), com Gutemberg Guarabyra e o Grupo Manifesto.
Travessia (Milton Nascimento e Fernando Brant), com Milton Nascimento (prêmio de melhor intérprete).
Carolina (Chico Buarque), com Cynara e Cybele.
Fuga e antifuga (Edino Krieger e Vinicius de Moraes), com o Grupo 004 e As Meninas;
São os do Norte que vêm (Capiba e Ariano Suassuna), com Claudionor Germano.

1968
Sabiá (Tom Jobim e Chico Buarque), com Cynara e Cybele.
Pra não dizer que não falei de flores, ou "Caminhando" (Geraldo Vandré), com Geraldo Vandré;
Andança (Edmundo Souto, Danilo Caymmi e Paulinho Tapajós), com Beth Carvalho e Golden Boys.
Passaralha (Edino Krieger), com Grupo 004;
Dia de vitória (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle), com Marcos Valle.

1969
Cantiga por Luciana (Edmundo Souto e Paulinho Tapajós), com Evinha.
Juliana (Antonio Adolfo e Tibério Gaspar), com A Brasuca;
Visão geral (César Costa Filho, Ruy Maurity e Ronaldo Monteiro de Souza), com César Costa Filho e Grupo 004;
Razão de paz pra não cantar (Eduardo Laje e Alésio Barros), com Cláudia
Minha Marisa (Fred Falcão e Paulinho Tapajós).

1970
BR-3 (Antonio Adolfo e Tibério Gaspar), com Tony Tornado e Trio Ternura.
O amor é o meu país (Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza), com Ivan Lins.
Encouraçado (Sueli Costa e Tite de Lemos), com Fábio;
Um abraço terno em você, viu mãe (Gonzaguinha), com Gonzaguinha;
Abolição 1860-1960 (Dom Salvador e Arnoldo Medeiros), com Luís Antônio, Mariá e o Conjunto Dom Salvador.

1971
Kyrie (Paulinho Soares e Marcelo Silva), com Trio Ternura.
Karany Karanuê (José de Assis e Diana Camargo), com Trio Ternura.
Desacato (Antônio Carlos e Jocáfi), com Antônio Carlos e Jocáfi.
Canção pra senhora (Sérgio Bittencourt), com O Grupo;
João Amém (W. Oliveira e Sérgio Mateus), com Sérgio Mateus.

1972
Fio Maravilha (Jorge Ben), com Maria Alcina.
Diálogo (Baden Powell e Paulo César Pinheiro), com Tobias e Cláudia Regina.
Let me sing (Raul Seixas), com Raul Seixas.
Eu sou eu Nicuri é o diabo (Raul Seixas)


Fontes:
Dicionário Cravo Albim da Música Popular Brasileira
Wikipédia

Eurynome_and_Ophion
                                                 Jonhaton Earl Bowser


Escreverás meu nome com todas as letras,
com todas as datas,
— e não serei eu.

Repetirás o que me ouviste,
o que leste de mim, e mostrarás meu retrato,
— e nada disso serei eu

Dirás coisas imaginárias,
invenções sutis, engenhosas teorias,
— e continuarei ausente,

Somos uma difícil unidade,
de muitos instantes mínimos,
— isso serei eu,

Mil fragmentos somos, em jogo misterioso,
aproximamo-nos e afastamo-nos, eternamente,
— Como me poderão encontrar?

Novos e antigos todos os dias,
transparentes e opacos, segundo o giro da luz,
nós mesmos nos procuramos.

E por entre as circunstâncias fluímos,
leves e livres como a cascata pelas pedras.
— Que mortal nos poderia prender?

[Biografia - Cecília Meireles]

Related Posts with Thumbnails

Poética

Poesias

Poetas

Vídeos

A Voz aqui

A Poética dos Amigos

Pesquisar neste blog

Rádio

Arquivos