quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

 nascer_do_sol 
                                                                        Imagem da internet

GÊNESE
NUNO JÚDICE

Todo o poema começa de manhã, com o sol. Mesmo
que o poema não esteja à vista (isto é céu de chuva)
o poema é o que explica tudo, o que dá luz
à terra, ao céu, e com nuvens à mistura – a luz incomoda
quando é excessiva. Depois, o poema sobe
com as névoas que o dia arrasta; mete-se pelas copas das
árvores, canta com os pássaros e corre com os ribeiros
que vêm não se sabe de onde e vão para onde
não se sabe. O poema conta como tudo é feito:
menos ele próprio, que começa por um acaso cinzento,
como esta manhã, e acaba, também por acaso,
com o sol a querer romper.

[Gênese - Nuno Júdice]

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Conduta e Poesia
Pablo Neruda

Quando o tempo nos vai comendo com o seu relâmpago quotidiano decisivo, as atitudes fundadas, as confianças, a fé cega se precipitam e a elevação do poeta tende a cair como o mais triste nácar cuspido, perguntamo-nos se já chegou a hora de envilecermos. A hora dolorosa de ver como o homem se sustém a puro dente, a puras unhas, a puros interesses. E como entram na casa da poesia os dentes e as unhas e os ramos da feroz árvore do ódio. É o poder da idade, ou proventura, a inércia que faz retroceder as frutas no próprio bordo do coração, ou talvez o «artístico» se apodere do poeta e, em vez do canto salobro que as ondas profundas devem fazer saltar, vemos cada dia o miserável ser humano defendendo o seu miserável tesouro de pessoa preferida?
Aí, o tempo avança com cinza, com ar e com água! A pedra que o lodo e a angústia morderam floresce com prontidão com estrondo de mar, e a pequena rosa regressa ao seu delicado túmulo de corola.
O tempo lava e desenvolve, ordena e continua.
E que fica então das pequenas podridões, das pequenas conspirações do silêncio, dos pequenos frios sujos da hostilidade? Nada, e na casa da poesia não permanece nada além do que foi escrito com sangue para ser escutado pelo sangue.

[Pablo Neruda, in Nasci para Nascer]

domingo, 4 de janeiro de 2009
ouvindo_mar


DIÁFANO
Rita Costa

Não é preciso que me demore.
Basta um simples olhar furtivo
para que eu veja nos teus olhos
o fulgor das noites sedentas
que o tempo nos concedeu.

Mas se me demoro neles,
vejo um universo em expansão,
onde nasceram as certezas
que deram sentido afetivo às palavras
e nos guiaram por emoções.

Tudo posso ler no teu olhar.
Reconheço nele cada verso…
há um brilho de poesia primitiva
e o sorriso, de quando eles
cruzaram com os meus... um dia.


Imagem da Internet, pelo Google
sábado, 3 de janeiro de 2009

Once I Loved
Vincent Herring
(O amor em paz) Vrs. Ray Gilbert
Autores: Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes

Do Album:
Vincent Herring - Jobim For Lovers (1999)

Fonte do vídeo

Quartas –   21:00h
Sábados –  21:00h
Domingos – 19:00h

Encontro marcado com a Poesia, boa música e amigos. 
Entre no link acima, faça seu cadastro, adicione o nick Serenissima, venha participar da sala!

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

ortografia

DOWNLOAD >> AQUI 

Passou a vigorar a partir de 01 de Janeiro de 2009

Mudanças no alfabeto
Trema
Mudanças nas regras de acentuação
Uso do hífen

FONTE: Guia Reforma Ortografica Michaelis

Saiba mais >> ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS
                     PORTAL DA LÍNGUA PORTUGUESA

veleiro[1]  

MEU VELEIRO
Licínia Quitério

Tenho um veleiro amarrado na varanda do olhar. Solto-o no odor salgado das tardes de verão e fico a vê-lo sorrir enquanto cavalga ondas meninas. Elegante e ágil esta nau de inventos, navegando à vista de todas as praias. Sabe de cor seu tempo de passeio, no verso e reverso da rota que traçou. Quando relembro a hora, ele regressa, revigorado, à sua amarração, seu cais, seu porto, seu país. Flor do Mar, meu veleiro, minha terra firme, minha única viagem.

Imagem da Internet, pelo Google
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009



Oswaldo Montenegro

Vontade de ser sozinho
Sem grilo do que passou
A taça do mesmo vinho
Sem brinde mas por favor

Não é que eu não tenha amigos, não
Não é que eu não dê valor
Mas hoje é preciso a solidão

Em nome do que acabou
Vontade de ser sozinho
Mas por uma causa sã

Trocar o calor do ninho
Pelo frio da manhã
Valeu a orquestra se valeu
Agora é flauta de Pã

Hojé é preciso a solidão
Com a benção do Deus Tupã, ô menina
E a quem perguntar quando o vento sopra
Responda que já soprou
Mas o vento não traz resposta
Acabou

A flecha que passa rente
Cantor implorando um bis
O cara que sempre mente
A feia que quer ser miss

Gaivota voando sob o céu
A letra que eu nunca fiz
Tudo é a mesma solidão

Mas dá pra se ser feliz, ô menina
E a quem perguntar quando o vento sopra
Responda que já soprou
Mas o vento não traz resposta
Acabou

E todo mundo é sozinho
E ai de quem pensar que não
A moça com seu vizinho
Soldado com capitão

E resta a quem tá sem seu amor
Amar sua solidão
Hoje é preciso um uivo
De lobo na escuridão, ô menina

E a quem perguntar quando o vento sopra
Responda que já soprou
O vento não traz resposta
Acabou

E a quem perguntar quando o vento sopra
Responda que já soprou
O vento não traz resposta
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