sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

thais_gulin1
Imagem: LastFm

Thaís Gulin é cantora e compositora. Lançou seu primeiro disco em 2007.
Em 2008 foi indicada a cantora revelação no Prêmio Rival BR de Música Brasileira. Participou de homenagens a Edu Lobo (Programa Som Brasil, Rede Globo) e Cássia Eller (TV Cultura).
Considerada uma das grandes revelações musicais do ano por críticos das publicações Rolling Stone Brasil e Folha de São Paulo com seu CD de estréia, “Thaís Gulin”, lançado em 2007 [Fonte: LastFm]

Thais Gulin - 2007
thais_gulin

01 - Garoto de Aluguel (Taxi Boy)
(Zé Ramalho)
02 - Piano (Ofídico Fatídico)
(Iara Rennó e Anélis Assumpção)
03 - Lua Cheia
(Toquinho e Chico Buarque)
04 - Defeito 10: Cedotardar
(Tom Zé e Moacyr de Albuquerque)
05 - Bloco da Solidão
(Jair Amorim e Evaldo Gouveia)
06 - De Boteco em Boteco
(Nelson Sargento)
07 - Hino de Duran
(Chico Buarque)
08 - Cisco
(Zeca Baleiro e Carlos Careqa)
09 - Cinema Incompleto (Núpcias)
(Thais Gulin e Arrigo Barnabé)
10 - História de Fogo
(Otto e Alessandra Negrini)
11 - A Vida da Outra (Dela) ou Eu
(Thais Gulin e Rogério Guimarães)
12 - 78 rotações
(Jards Macalé e Capinam)

Ouça Bloco da Solidão >> AQUI

 escaravelho_rosa
                                                                                 imagem: Ni Ribeiro

Não sou como a abelha saqueadora que vai sugar o mel de uma flor, e depois de outra flor. Sou como o negro escaravelho que se enclausura no seio de uma única rosa e vive nela até que ela feche as pétalas sobre ele; e abafado neste aperto supremo, morre entre os braços da flor que elegeu.

[Roger Martin du Gard, in Os Thibault]

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

 green 
                                                    Imagem: William Whitaker


Quando olho para mim não me percebo.
Tenho tanto a mania de sentir
Que me extravio às vezes ao sair
Das próprias sensações que eu recebo.

O ar que respiro, este licor que bebo,
Pertencem ao meu modo de existir,
E eu nunca sei como hei de concluir
As sensações que a meu pesar concebo.

Nem nunca, propriamente reparei,
Se na verdade sinto o que sinto. Eu
Serei tal qual pareço em mim? Serei

Tal qual me julgo verdadeiramente?
Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu,
Nem sei bem se sou eu quem em mim sente.

[Quando - Álvaro de Campos]
Heterônimo de Fernando Pessoa

nova_ortografia

DOWNLOAD >> AQUI


OBS.:
Como baixar arquivo no 4shared:
1. clica na palavra "AQUI" aí em cima
2. Na janela que abrir, clica no icone azul com a palavra "DOWNLOAD NOW"
3. Aguarde a contagem regressiva dos segundos
4. quando zerar a contagem vai aparecer esta frase:
"Click here to download this file " clica nela e salve seu arquivo no local desejado no seu pc.

Fonte

urca13 
                                                                            imagem da internet


Quantas coisas, que temos por certas ou justas, não são mais que os vestígios dos nossos sonhos, o sonambulismo da nossa incompreensão! Sabe acaso alguém o que é certo ou justo? Quantas coisas, que temos por belas, não são mais que o uso da época, a ficção do lugar e da hora?  Quantas coisas, que temos por nossas, não são mais que aquilo de que somos perfeitos espelhos, ou invólucros transparentes, alheios no sangue à raça da sua natureza!
Quanto mais medito na capacidade, que temos, de nos enganar, mais se me esvai entre os dedos lassos a areia fina das certezas desfeitas. E todo o mundo me surge, em momentos em que a meditação se me torna um sentimento, e com isso a mente se me obnubila, como uma névoa feita de sombra, um crepúsculo dos ângulos e das arestas, uma ficção do interlúdio, uma demora da antemanhã. Tudo se me transforma em um absoluto morto de ele mesmo, numa estagnação de pormenores. E os mesmos sentidos, com que transfiro a meditação para esquecê-la, são uma espécie de sono, qualquer coisa de remoto e de sequaz, interstício, diferença, acaso das sombras e da confusão.
Nesses momentos, em que compreenderia os ascetas e os retirados, se houvesse em mim poder de compreender os que se empenham em qualquer esforço com fins absolutos, ou em qualquer crença capaz de produzir um esforço, eu criaria, se pudesse, toda uma estética da desconsolação, uma rítmica íntima de balada de berço, coada pelas ternuras da noite em grandes afastamentos de outros lares.
Encontrei hoje em ruas, separadamente, dois amigos meus que se haviam zangado um com o outro. Cada um me contou a narrativa de porque se haviam zangado. Cada um me disse a verdade. Cada um me contou as suas razões. Ambos tinham razão. Ambos tinham toda a razão. Não era que um via uma coisa e o outro outra, ou que um via um lado das coisas e outro um lado diferente. Não: cada um via as coisas exatamente como se haviam passado, cada um as via com um critério idêntico ao do outro, mas cada um via uma coisa diferente, e cada um, portanto, tinha razão.
Fiquei confuso desta dupla existência da verdade.

Bernardo Soares - Livro do Desassossego
Heterônimo de Fernando Pessoa

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

 nascer_do_sol 
                                                                        Imagem da internet

GÊNESE
NUNO JÚDICE

Todo o poema começa de manhã, com o sol. Mesmo
que o poema não esteja à vista (isto é céu de chuva)
o poema é o que explica tudo, o que dá luz
à terra, ao céu, e com nuvens à mistura – a luz incomoda
quando é excessiva. Depois, o poema sobe
com as névoas que o dia arrasta; mete-se pelas copas das
árvores, canta com os pássaros e corre com os ribeiros
que vêm não se sabe de onde e vão para onde
não se sabe. O poema conta como tudo é feito:
menos ele próprio, que começa por um acaso cinzento,
como esta manhã, e acaba, também por acaso,
com o sol a querer romper.

[Gênese - Nuno Júdice]

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Conduta e Poesia
Pablo Neruda

Quando o tempo nos vai comendo com o seu relâmpago quotidiano decisivo, as atitudes fundadas, as confianças, a fé cega se precipitam e a elevação do poeta tende a cair como o mais triste nácar cuspido, perguntamo-nos se já chegou a hora de envilecermos. A hora dolorosa de ver como o homem se sustém a puro dente, a puras unhas, a puros interesses. E como entram na casa da poesia os dentes e as unhas e os ramos da feroz árvore do ódio. É o poder da idade, ou proventura, a inércia que faz retroceder as frutas no próprio bordo do coração, ou talvez o «artístico» se apodere do poeta e, em vez do canto salobro que as ondas profundas devem fazer saltar, vemos cada dia o miserável ser humano defendendo o seu miserável tesouro de pessoa preferida?
Aí, o tempo avança com cinza, com ar e com água! A pedra que o lodo e a angústia morderam floresce com prontidão com estrondo de mar, e a pequena rosa regressa ao seu delicado túmulo de corola.
O tempo lava e desenvolve, ordena e continua.
E que fica então das pequenas podridões, das pequenas conspirações do silêncio, dos pequenos frios sujos da hostilidade? Nada, e na casa da poesia não permanece nada além do que foi escrito com sangue para ser escutado pelo sangue.

[Pablo Neruda, in Nasci para Nascer]

domingo, 4 de janeiro de 2009
ouvindo_mar


DIÁFANO
Rita Costa

Não é preciso que me demore.
Basta um simples olhar furtivo
para que eu veja nos teus olhos
o fulgor das noites sedentas
que o tempo nos concedeu.

Mas se me demoro neles,
vejo um universo em expansão,
onde nasceram as certezas
que deram sentido afetivo às palavras
e nos guiaram por emoções.

Tudo posso ler no teu olhar.
Reconheço nele cada verso…
há um brilho de poesia primitiva
e o sorriso, de quando eles
cruzaram com os meus... um dia.


Imagem da Internet, pelo Google
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