sábado, 31 de janeiro de 2009

Dahl_Hans_In_The_Mountains  
                                                               Hans Dahl

UNS
RICARDO REIS

(heterônimo de Fernando Pessoa)


Uns, com os olhos postos no passado,
Vêem o que não vêem: outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, vêem
O que não pode ver-se.

Por que tão longe ir pôr o que está perto —
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este o momento, isto
É quem somos, e é tudo.

Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
Em que vivemos, morreremos. Colhe
o dia, porque és ele.

creative_commons 

Registrar uma obra sob Creative Commons não significa tornar seu próprio material algo sem dono. Continuam existindo regras para a utilização.

Normalmente, um conteúdo sob Creative Commons pode ser baixado e distribuído livremente, desde que citada a fonte.

Alguns autores permitem que sua criação seja alterada ou adaptada, outros, não.

O escritor de um livro que o queira licenciar em Creative Commons, no Brasil, tem cinco opções de termos disponíveis, por exemplo.

De acordo com o site internacional da iniciativa, já foram completamente adaptadas licenças Creative Commons para atender à lei de 54 países, como EUA, China e Argentina.

Preencher os dados para a publicação de algo em Creative Commons é rápido. De forma básica, aqui no Brasil, basta responder a duas perguntas com respostas em alternativas.

Sem burocracia

Um dos objetivos por trás desse recurso é a desburocratização dos direitos autorais na internet.

No endereço (creativecommons.org/license/?lang=pt), o usuário encontra os passos para licenciar uma obra.

Depois de completar o cadastro, a pessoa recebe um código para mostrar uma etiqueta representando a licença escolhida por ele em um site. Quem clica nessa etiqueta tem acesso às condições detalhadas dos direitos daquele conteúdo.

Gustavo Villas Boas
da Folha de São Paulo

Fonte:
folha uol com br

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

mito_caverna
Gerd Bornheim


SÓCRATES – Figura-te agora o estado da natureza humana, em relação à ciência e à ignorância, sob a forma alegórica que passo a fazer. Imagina os homens encerrados em morada subterrânea e cavernosa que dá entrada livre à luz em toda extensão. Aí, desde a infância, têm os homens o pescoço e as pernas presos de modo que permanecem imóveis e só vêem os objetos que lhes estão diante. Presos pelas cadeias, não podem voltar o rosto. Atrás deles, a certa distância e altura, um fogo cuja luz os alumia; entre o fogo e os cativos imagina um caminho escarpado, ao longo do qual um pequeno muro parecido com os tabiques que os pelotiqueiros põem entre si e os espectadores para ocultar-lhes as molas dos bonecos maravilhosos que lhes exibem.

GLAUCO - Imagino tudo isso.

SÓCRATES - Supõe ainda homens que passam ao longo deste muro, com figuras e objetos que se elevam acima dele, figuras de homens e animais de toda a espécie, talhados em pedra ou madeira. Entre os que carregam tais objetos, uns se entretêm em conversa, outros guardam em silêncio.

GLAUCO - Similar quadro e não menos singulares cativos!

SÓCRATES - Pois são nossa imagem perfeita. Mas, dize-me: assim colocados, poderão ver de si mesmos e de seus companheiros algo mais que as sombras projetadas, à claridade do fogo, na parede que lhes fica fronteira?

GLAUCO - Não, uma vez que são forçados a ter imóveis a cabeça durante toda a vida.

SÓCRATES - E dos objetos que lhes ficam por detrás, poderão ver outra coisa que não as sombras?

GLAUCO - Não.

SÓCRATES - Ora, supondo-se que pudessem conversar, não te parece que, ao falar das sombras que vêem, lhes dariam os nomes que elas representam?

GLAUCO - Sem dúvida.

SÓRATES - E, se, no fundo da caverna, um eco lhes repetisse as palavras dos que passam, não julgariam certo que os sons fossem articulados pelas sombras dos objetos?

GLAUCO - Claro que sim.

SÓCRATES - Em suma, não creriam que houvesse nada de real e verdadeiro fora das figuras que desfilaram.

GLAUCO - Necessariamente.

SÓCRATES - Vejamos agora o que aconteceria, se se livrassem a um tempo das cadeias e do erro em que laboravam. Imaginemos um destes cativos desatado, obrigado a levantar-se de repente, a volver a cabeça, a andar, a olhar firmemente para a luz. Não poderia fazer tudo isso sem grande pena; a luz, sobre ser-lhe dolorosa, o deslumbraria, impedindo-lhe de discernir os objetos cuja sombra antes via.

Que te parece agora que ele responderia a quem lhe dissesse que até então só havia visto fantasmas, porém que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, via com mais perfeição? Supõe agora que, apontando-lhe alguém as figuras que lhe desfilavam ante os olhos, o obrigasse a dizer o que eram. Não te parece que, na sua grande confusão, se persuadiria de que o que antes via era mais real e verdadeiro que os objetos ora contemplados?

GLAUCO - Sem dúvida nenhuma.

SÓCRATES - Obrigado a fitar o fogo, não desviaria os olhos doloridos para as sombras que poderia ver sem dor? Não as consideraria realmente mais visíveis que os objetos ora mostrados?

GLAUCO - Certamente.

SÓCRATES - Se o tirassem depois dali, fazendo-o subir pelo caminho áspero e escarpado, para só o liberar quando estivesse lá fora, à plena luz do sol, não é de crer que daria gritos lamentosos e brados de cólera? Chegando à luz do dia, olhos deslumbrados pelo esplendor ambiente, ser-lhe ia possível discernir os objetos que o comum dos homens tem por serem reais?

GLAUCO - A princípio nada veria.

SÓCRATES - Precisaria de algum tempo para se afazer à claridade da região superior. Primeiramente, só discerniria bem as sombras, depois, as imagens dos homens e outros seres refletidos nas águas; finalmente erguendo os olhos para a lua e as estrelas, contemplaria mais facilmente os astros da noite que o pleno resplendor do dia.

GLAUCO - Não há dúvida.

SÓCRATES - Mas, ao cabo de tudo, estaria, decerto, em estado de ver o próprio sol, primeiro refletido na água e nos outros objetos, depois visto em si mesmo e no seu próprio lugar, tal qual é.

GLAUCO - Fora de dúvida.

SÓCRATES - Refletindo depois sobre a natureza deste astro, compreenderia que é o que produz as estações e o ano, o que tudo governa no mundo visível e, de certo modo, a causa de tudo o que ele e seus companheiros viam na caverna.

GLAUCO - É claro que gradualmente chegaria a todas essas conclusões.

SÓCRATES - Recordando-se então de sua primeira morada, de seus companheiros de escravidão e da idéia que lá se tinha da sabedoria, não se daria os parabéns pela mudança sofrida, lamentando ao mesmo tempo a sorte dos que lá ficaram?

GLAUCO - Evidentemente.

SÓCRATES - Se na caverna houvesse elogios, honras e recompensas para quem melhor e mais prontamente distinguisse a sombra dos objetos, que se recordasse com mais precisão dos que precediam, seguiam ou marchavam juntos, sendo, por isso mesmo, o mais hábil em lhes predizer a aparição, cuidas que o homem de que falamos tivesse inveja dos que no cativeiro eram os mais poderosos e honrados? Não preferiria mil vezes, como o herói de Homero, levar a vida de um pobre lavrador e sofrer tudo no mundo a voltar às primeiras ilusões e viver a vida que antes vivia?

GLAUCO - Não há dúvida de que suportaria toda a espécie de sofrimentos de preferência a viver da maneira antiga.

SÓCRATES - Atenção ainda para este ponto. Supõe que nosso homem volte ainda para a caverna e vá assentar-se em seu primitivo lugar. Nesta passagem súbita da pura luz à obscuridade, não lhe ficariam os olhos como submersos em trevas?

GLAUCO - Certamente.

SÓCRATES - Se, enquanto tivesse a vista confusa -- porque bastante tempo se passaria antes que os olhos se afizessem de novo à obscuridade -- tivesse ele de dar opinião sobre as sombras e a este respeito entrasse em discussão com os companheiros ainda presos em cadeias, não é certo que os faria rir? Não lhe diriam que, por ter subido à região superior, cegara, que não valera a pena o esforço, e que assim, se alguém quisesse fazer com eles o mesmo e dar-lhes a liberdade, mereceria ser agarrado e morto?

GLAUCO - Por certo que o fariam.

SÓCRATES - Pois agora, meu caro GLAUCO, é só aplicar com toda a exatidão esta imagem da caverna a tudo o que antes havíamos dito. O antro subterrâneo é o mundo visível. O fogo que o ilumina é a luz do sol. O cativo que sobe à região superior e a contempla é a alma que se eleva ao mundo inteligível. Ou, antes, já que o queres saber, é este, pelo menos, o meu modo de pensar, que só Deus sabe se é verdadeiro. Quanto à mim, a coisa é como passo a dizer-te. Nos extremos limites do mundo inteligível está a idéia do bem, a qual só com muito esforço se pode conhecer, mas que, conhecida, se impõe à razão como causa universal de tudo o que é belo e bom, criadora da luz e do sol no mundo visível, autora da inteligência e da verdade no mundo invisível, e sobre a qual, por isso mesmo, cumpre ter os olhos fixos para agir com sabedoria nos negócios particulares e públicos.


Extraído de "A República" de Platão . 6° ed. Ed. Atena, 1956, p. 287-291

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009



ORAÇÃO
FERNANDO PESSOA


Senhor, que és o Céu e a Terra,
e que és a Vida e a Morte!
O Sol és Tu e a Lua és Tu e o Vento és Tu também!
Onde nada está Tu habitas e onde tudo está é o Teu templo.
Eis o Teu Corpo!
Dá-me vida para Te servir e alma para Te amar.
Dá-me vista para Te ver sempre no Céu e na Terra,
ouvidos para Te ouvir no Vento e no Mar,
e mãos para trabalhar em Teu nome."
Torna-me puro como a água e alto como o céu.
Que não haja lama nas estradas dos meus pensamentos,
Nem folhas mortas nas lagoas dos meus propósitos.
Faze com que eu saiba amar os outros como irmãos, e,
Te Servir como a um Pai.
Minha vida seja digna da Tua presença.
Meu corpo seja digno da Terra, Tua cama.
Minha alma possa aparecer diante de Ti,
Como um filho que volta ao lar.
Torna-me grande como o Sol,
Para que eu Te possa adorar em mim;
E, torna-me puro como a Lua,
Para que eu Te possa rezar em mim;
E torna-me claro como o dia para que,
Eu Te possa ver sempre em mim.
Senhor, protege-me e ampara-me.
Dá-me que eu me sinta Teu.
Senhor, livra-me de mim.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

logo_moci2

Com o enredo "Estrelas em poesia! Livros de contos, crônicas e fantasias... Mocidade apresenta: Clube Literário Machado de Assis", a Mocidade Independente de Padre Miguel entra na avenida no domingo de carnaval (22 de Fevereiro), homenageando Machado de Assis e Guimarães Rosa.

Capitu e Riobaldo, Diadorim e Bentinho, todos juntos numa homenagem a dois grandes escritores brasileiros.
"O gancho que une esses dois escritores é o ano de morte de Machado, 1908, que coincide com o nascimento de Guimarães Rosa. Por isso, retratamos a obra de ambos no nosso desfile". A Marquês de Sapucaí vai se transformar em verso e prosa", promete o carnavalesco Cláudio Cavalcante, o Cebola.
Entre as atrações que a verde-e-branca prepara em seu desfile, está a apresentação do grupo de teatro Nós no Morro, que encenará o espetáculo "Machado 3 X 4" na segunda alegoria, que retrata a vida do autor de "Dom Casmurro". Capitu, sua célebre personagem, será representada no desfile, segundo o carnavalesco, pela atriz Maria Fernanda Cândido, que já a incorporou na minissérie homônima, exibida em dezembro passado. Já o ator Stepan Nercessian viverá Guimarães Rosa.
A Academia Brasileira de Letras (ABL), fundada por Machado de Assis, será lembrada numa grande alegoria que reproduzirá a fachada do prédio. A comissão de frente, coordenada pelo coreógrafo Fábio de Mello, também se inspira nos grandes acadêmicos. Os integrantes, devidamente paramentados de literatos imortais, tomarão o famoso chá das cinco em plena Marquês de Sapucaí.
"Durante esse chá, muita coisa vai acontecer. Vários personagens vão surgir", adianta o carnavalesco.

Fonte:
http://g1.globo.com/Carnaval2009

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

No_Cafe 
                                            Renoir


AMOR É FOGO QUE ARDE SEM SE VER
LUÍS VAZ DE CAMÕES

Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009



Olhos Nos Olhos
Intérprete: Chico Buarque
Composição: Chico Buarque

Quando você me deixou, meu bem
Me disse pra ser feliz e passar bem
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci
Mas depois, como era de costume, obedeci
Quando você me quiser rever
Já vai me encontrar refeita, pode crer
Olhos nos olhos
Quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais
E que venho até remoçando
Me pego cantando, sem mais, nem por quê
Tantas águas rolaram
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você
Quando talvez precisar de mim
Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim
Olhos nos olhos
Quero ver o que você diz
Quero ver como suporta me ver tão feliz

Fonte do vídeo
poetica e cotidiana
domingo, 25 de janeiro de 2009

ze_renato_1

Compositor respeitado e cantor amadurecido na dura disciplina dos conjuntos vocais, em décadas de Boca Livre, já como solista, Zé Renato havia reinterpretado a obra de Silvio Caldas, de Zé Kéti e de Chico Buarque em discos notáveis, com prêmios e criticas consagradoras. Agora ele oferece a mais bonita, elegante e sofisticada releitura da Jovem Guarda já feita até hoje. E a mais surpreendente.

Com produção precisa e inventiva de Dé Palmeira, o disco é uma seleção de clássicos aparentemente ingênuos e simplórios da Jovem Guarda, vestidos luxuosamente por arranjos e instrumentações que dão um tratamento rítmico e harmônico moderno e sofisticado às popularíssimas canções que embalaram os jovens dos anos 60. [Nelson Motta]

Leia mais no site do cantor
http://www.zerenato.com.br

É TEMPO DE AMAR – 2008
capa

1. É Tempo de Amar (Pedro Camargo/José Ari)
2. Coração de Papel (Sérgio Reis)
3. Eu Não Sabia Que Você Existia (Renato Barros/Toni)
4. Por Você (Vinicius de Moraes/Francisco Enoé)
5. Lobo Mau (Ernest Mareska/vers. Hamilton di Giorgio)
6. Com Muito Amor e Carinho (Chil Deberto/Eduardo Araújo)
7. Não Há Dinheiro Que Pague (Renato Barros)
8. Nossa Canção (Luiz Ayrão)
9. Quero Ter Você Perto de Mim (Neneo)
10. Ninguém Vai Tirar Você de Mim (Hélio Justo/Edson Ribeiro)
11. Custe o Que Custar (Hélio Justo/Edson Ribeiro)
12. O Tempo Vai Apagar (Paulo César Barros/Getúlio Cortes)
13. A Última Canção (Carlos Roberto)

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