domingo, 22 de março de 2009

rosa_botao
                                                           imagem da internet

Texto: Odalisca Andróide
Frag. do texto Disco Voador de Fausto Fawcet

Eu estou sempre aqui, olhando pela janela. Não vejo arranhões no céu nem discos voadores.
Os céus estão explorados mas vazios. Existe um biombo de ossos perto daqui. Eu acho que estou meio sangrando. Eu já sei, não precisa me dizer. Eu sou um fragmento gótico. Eu sou um castelo projetado. Eu sou um slide no meio do deserto. Eu sempre quis ser isso mesmo. Uma adolescente nua, que nunca viu discos voadores, e que acaba capturada por um trovador de fala cinematográfica. Eu sempre quis isso mesmo: armar hieróglifos com pedaços de tudo, restos de filmes, gestos de rua, gravações de rádio, fragmentos de tv.
Mas eu sei que os meus lábios são transmutação de alguma coisa planetária. Quando eu beijo eu improviso mundos molhados. Aciono gametas guardados. Eu sou a transmutação de alguma coisa eletrônica. Uma notícia de saturno esquecida, uma pulseira de temperaturas, um manequim mutilado, uma odalisca andróide que tinha uma grande dor, que improvisou com restos de cinema e com seu amor, um disco voador.

Tocando em Frente
Interprete: Maria Bethânia
Autores: Almir Sater e Renato Teixeira

Ando devagar porque já tive pressa
Levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Eu nada sei

Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir

Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando os dias pela longa estrada eu vou
Estrada eu sou

Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir

Todo mundo ama um dia, todo mundo chora,
Um dia a gente chega, no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz

Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir

Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua história,
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz

sábado, 21 de março de 2009

rosa_8                                                                              imagem da internet

SOU-ME
©Anderson Christofoletti

I

Sou-me.

No espaço fugaz
- infinita intensidade -
Entre o que fui
E o que serei,
Sou-me.

Com a cabeça
Entre as nuvens,
Os sonhos me atravessam.

Com os pés no chão
- destino necessário -
Atravesso meu tempo,
Minha realidade.

Com os olhos
Sobre a janela
O sol me amanhece
E o perfume das rosas
Me invade.
A criança sorri
E o amor reacende...

Sou-me,
Sendo tudo
Que posso ser
Dentro e fora
De mim.

II

O vento que
Afaga minha face
Frente à janela
É o som que já foi vento
E que será silêncio
Que se partirá com o
Som do vento
Que atravessará
A janela e afagará
Meu rosto.

Por hora,
Perpetua-se
O silêncio...

III

O pensamento
- eterna nascente -
Aflora em sonho,
Toma sua forma
Nos domínios da idéia
E desliza num passado
Sendo recapturado
Em memória
Até dissipar-se
Nas águas do esquecimento

IV

O sol,
As rosas,
As crianças,
O amor,
A janela,
A fresta,
O vento,
O som
Agora são silêncio
No espaço fugaz
E, nele,
Entre o que fui e o que serei,
Sou-me.

Fonte: http://andersonchristofoletti.blogspot.com

"A inclusão é a chave para a acessibilidade e para que tenhamos ainda mais estímulo para lutar para que as leis sejam cumpridas"

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País celebra Dia Internacional da Síndrome de Down

Com o tema Inclusão para a Autonomia foi celebrado neste sábado [21/03] o Dia Internacional da Síndrome de Down. A data, estabelecida pela Down Syndrome International, este ano coincide com os 50 anos da descoberta da alteração no cromossomo 21, responsável pela deficiência.

"O tema resume o que trabalhamos, esperamos e devemos oferecer aos nossos filhos e parentes com Síndrome de Down", explica a presidente da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, Cláudia Grabois.

Eventos comemorativos, coordenados pela entidade, foram realizados em quase todos os estados brasileiros. De acordo com Cláudia Grabois, cada associação, em parceria com outras entidades, ficou responsável pelas atividades da sua cidade. A programação está disponíveis no site da Federação.

Palestras, seminários, sessões solenes, pronunciamentos, caminhadas entre outras atividades foram realizadas para incentivar a autonomia dos portadores de Síndrome de Down. "A inclusão é a chave para a acessibilidade e para que tenhamos ainda mais estímulo para lutar para que as leis sejam cumpridas", afirmou.

Segundo resultados do Censo 2000 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 14,5% da população brasileira (aproximadamente 24 milhões de pessoas) têm alguma deficiência física ou mental. Dentro deste grupo, estima-se que 300 mil pessoas nasceram com a Síndrome de Down.

Fontes:
do texto: http://www1.folha.uol.com.br
da imagem: http://www.metasocial.org.br

Anderson_Christofoletti_desenho_corpo    
                             Desenho de Anderson Christofoletti
 
AULA DE DESENHO
Maria Esther Maciel

Estou lá onde me invento e me faço:
De giz é meu traço. De aço, o papel.
Esboço uma face a régua e compasso:
É falsa. Desfaço o que fiz.
Retraço o retrato. Evoco o abstrato
Faço da sombra minha raiz.
Farta de mim, afasto-me
e constato: na arte ou na vida,
em carne, osso, lápis ou giz
onde estou não é sempre,
e o que sou é por um triz.
sexta-feira, 20 de março de 2009
Elijah_Johnson_iii_the_light  
                                                   Elijah Johnson III

FALA
Orides Fontela

Tudo
será difícil de dizer:
a palavra real
nunca é suave.
Tudo será duro:
luz impiedosa
excessiva vivência
consciência demais do ser.
Tudo será
capaz de ferir.
Será agressivamente real.
Tão real que nos despedaça.
Não há piedade nos signos
e nem no amor: o ser
é excessivamente lúcido
e a palavra é densa e nos fere.

mulher_ceu
                                                       imagem da internet


DIZEM QUE EM CADA COISA UMA COISA OCULTA MORA
ALBERTO CAEIRO (heterônimo de Fernando Pessoa)
05/06/1922


Dizem que em cada coisa uma coisa oculta mora.
Sim, é ela própria, a coisa sem ser oculta,
Que mora nela.

Mas eu, com consciência e sensações e pensamento,
Serei como uma coisa?
Que há a mais ou a menos em mim?
Seria bom e feliz se eu fosse só o meu corpo -
Mas sou também outra coisa, mais ou menos que só isso.
Que coisa a mais ou a menos é que eu sou?

O vento sopra sem saber.
A planta vive sem saber.
Eu também vivo sem saber, mas sei que vivo.
Mas saberei que vivo, ou só saberei que o sei?
Nasço, vivo, morro por um destino em que não mando,
Sinto, penso, movo-me por uma força exterior a mim.
Então quem sou eu?

Sou, corpo e alma, o exterior de um interior qualquer?
Ou a minha alma é a consciência que a força universal
Tem do meu corpo por dentro, ser diferente dos outros?
No meio de tudo onde estou eu?

Morto o meu corpo,
Desfeito o meu cérebro,
Em coisa abstracta, impessoal, sem forma,
Já não sente o eu que eu tenho,
Já não pensa com o meu cérebro os pensamentos que eu sinto meus,
Já não move pela minha vontade as minhas mãos que eu movo.

Cessarei assim? Não sei.
Se tiver de cessar assim, ter pena de assim cessar,
Não me tomará imortal.

quinta-feira, 19 de março de 2009

white_birds  
                                                         imagem da internet

PRECISÃO
CLARICE LISPECTOR

O que me tranquiliza
é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe
com essa exatidão
nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos,
a perfeição.

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