segunda-feira, 27 de julho de 2009

Atualizado em 21 de Julho

 avozdapoesialogo[5]

 POETAS ADICIONADOS

ADELMAR TAVARES
http://www.avozdapoesia.com.br/adelmartavares

ALCIONE A. XAVIER - AKASHA DE LIONCOURT
http://www.avozdapoesia.com.br/alcioneaparecida

ALFONSINA STORNI
http://www.avozdapoesia.com.br/adalgisanery

JOSÉ RÉGIO
http://www.avozdapoesia.com.br/joseregio

TEXTOS ADICIONADOS

DORA BRISA
http://www.avozdapoesia.com.br/dorabrisa/obra.php

• COMO DÓI
• ENQUANTO A MORTE NÃO CHEGA
• MOMENTO
• QUE FALTA ME FAZ

ÁUDIOS ADICIONADOS

ANTONIO BRASILEIRO
http://www.avozdapoesia.com.br/antoniobrasileiro/obra.php
• CÁLICE
• COMO AQUELES TÍTIROS BUCÓLICOS
• CONTEMPLAÇÃO DA NUVEM

CECÍLIA MEIRELES
http://www.avozdapoesia.com.br/ceciliameireles/obra.php
• EVELYN

LUIS CARLOS MORDEGANE – UM VELHOMENINO
http://www.avozdapoesia.com.br/luiscarlosmordegane/obra.php

• CALA-TE POETA
• O ENCANTO DA POESIA
• PANTUN A VIRGEM MARIA
• PANTUN DA REAL TERNURA
• SONHOS ADORMECIDOS

JÁ ESTÃO NO SITE

ABGAR RENAULT
ADALGISA NERY
ADÉLIA PRADO
ADELMAR TAVARES
AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA
ALCIONE A. XAVIER - AKASHA DE LIONCOURT
ALFONSINA STORNI
ÁLVARES DE AZEVEDO
ANDERSON CHRISTOFOLETTI - POETA DAS ROSAS
ANTONIO BRASILEIRO
ANTONIO CALLONI
ANTONIO GEDEÃO
CASIMIRO DE ABREU
CASTRO ALVES
CECÍLIA MEIRELES
CLAUDIA DINIZ - CRISTAL LUZ BRASIL
DENISE EMMER
DORA BRISA - PAZLUZ
ELIZABETH BARRETT BROWNING
ELZA FRAGA
FERREIRA GULLAR
JORGE ELIAS MELLO
JOSÉ RÉGIO
LUÍS CARLOS MORDEGANE - UMVELHOMENINO
MARCELLE ASFOUR - NARINHA11
MILTON JOSÉ NEVES JUNIOR
OLAVO BILAC
PAULO PERES - PERES22

Se ao navegar encontrar algum erro, por favor, avise.

A VOZ DA POESIA FALANDO AO CORAÇÃO

"Vou plantar um pé de poema
já esterquei a cova
fiz desova com minha pena
já arregacei os baldes da manga
fiz descarrego das veias
assim planto esse pé de poema no canteiro do agora..."
(trecho de Um Pé de Poema - Lilian Reinhardt)

Fotos: Luciana G.mae01 mae02 mae03 mae04 mae05 mae06 mae07 mae08 mae09 mae20 mae21 mae23 mae27 mae28 mae29 mae30 mae32 mae33 mae34 mae35 mae36 mae37 mae38 mae39 mae40 mae41 mae42 mae59 mae52 mae53  mae57

euviummenino
                              Foto de Marcus Vinicius de Faria Oliveira

A UM MENINO
Carla Jaia

Devo dizer, menino, que não posso ouvir a sua história enquanto me apego à minha falsa honradez. Não posso ouvir seus desatinos, seus segredos de becos e de pés no chão, a primeira arma de fogo na sua mão, não posso ouvir esses destroços, menino, se a piedade é o que me toma e se invento, em meus sonhos seguros, o que seria melhor para você. Não posso ouvir você, menino, se só vejo erro. Sinto tonturas enquanto ouço sua voz, tonturas de grávida, eu tenho enjôos de parir você pela boca. Pela boca de onde sai a minha palavra certa e rígida, minha palavra treinada no bom tom que me ensinaram. Queria saber ouvir e silenciar, e depois deixar a palavra dançar sem se constranger. Dar um basta em minha vontade de assepsia e calcar meus pés descalços no chão que nós pisamos. Gosto dos seus olhos. Eu queria não ser anjo, menino, e dar umas férias à minha dama de companhia. Queria abandonar a meiguice estrondosa da minha voz suave e aprender a falar feito gente. Queria descascar. Queria que você entendesse um pouco dessa coisa de ser mulher e de achar que, para tal, é importante ser sutil. Tivesse eu um pouco de coragem lançaria minha boca em tosses sangrentas, adoeceria sem dó a dor do mundo, e adormeceria aos apelos da noite vazia. Em silêncio. Ouviria sua voz, então, menino das ruas. Ouviria nossa voz, de menino e menina, de homem e mulher, nossa voz de gente, nossa voz de bicho, gritaria ao seu lado meu urro de leoa e não temeria as feridas que você desenha. Só então me sentiria à vontade para cobrir você com meu lençol mais elegante e para cantar musiquinhas de ninar. Só depois de ouvir a sua voz, criança, eu voltaria a ser princesa e reinventaria sem vergonha a minha delicadeza. Se me envergonho hoje de ser delicada, é tudo porque ando calando meus urros numa farsa medrosa. Tenho medo, criança. Mas aí está você que não me deixa mentir.


Fontes:
do texto: http://bailedemascaras.wordpress.com
da foto: http://br.olhares.com/marcusvinicius30

domingo, 26 de julho de 2009


CANÇÃO A CAMINHO DO CÉU
(As Mão Que Trago)

Poesia de Cecília Meireles
Música de Alain Oulma
Intérprete: Dulce Pontes


As mãos que trago 
Foram montanhas, forma mares
foram os números que não sei
por muitas coisas singulares
não te encontrei, não te encontrei
E te esperava, te chamava
em teus caminhos me perdi
fui nuvem negra, maré brava
e era por ti, e era por ti

As mãos que trago
as mãos são estas
elas sozinhas te dirão
se vêm de mortes ou de festas
meu coração, meu coração
Tal como sou, não te convido
a ires para onde eu for
tudo o que eu tenho
é haver sofrido
pelo meu sonho alto e perdido
e o encantamento arrependido
do meu amor, do meu amor.

Fonte do vídeo
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Michael_and_Inessa_Garmash_giselle 
                  Michael and Inessa Garmash

ATO DE CONTRIÇÃO
Raimundo Gadelha


Perdoe-me
por chegar assim, tão de repente
e encontrar-te assim, tão desprevenida
Perdoe-me
por não te dar tempo de me conheceres inteiro,
mas apenas o tempo inteiro tentar ser tudo aquilo
que – sei – tu gostarias que eu fosse
Perdoe-me
por tão subitamente adentrar teu corpo,
tenda, templo do espírito,
sem antes deter-me em cada detalhe
Bater à porta com suavidade
Encantar-me com os vasos na janela
Sentir todos os cheiros
e, devagar, ir penetrando com um sorriso

Perdoe-me
por, já dentro de ti, ter esquecido do essencial
Não ter percebido o quadro pendurado na parede
Não ter regulado o oxigênio dos peixes dourados no aquário
Não ter falado do retrato amarelado na mesa de cabeceira
Não ter me emocionado com o velho gramofone no canto da sala
e não ouvir as belas e tristes canções por ti sussurradas

Perdoe-me
por, ainda dentro de tua casa – tão próximo de tua alma –
não ter percorrido com brandura todos os cômodos,
mas apenas comodamente ter seguido meu próprio caminho

Perdoe-me
por, assim sozinho, tão impróprio ter sido,
quando melhor teria sido deixar que naturalmente fôssemos

Perdoe-me
por assim partir, deixando apenas inconsistência
em múltiplas formas de sonhos e esperanças

Perdoe-me, perdoe-me.

_h 

Raimundo Gadelha nasceu na Paraíba, morou em várias cidades do Norte e Nordeste e também em diversas cidades do mundo. Estudou em Nova York, especializou-se em Tóquio, onde residiu por quase três anos, e só então se impôs o desafio de ser editor, fundando a Escrituras Editora, em São Paulo, em 1994.
Publicitário, jornalista, escritor e fotógrafo, lançou seu primeiro livro em 1978. Em Algum Lugar do Horizonte (romance, 2000) e Vida Útil do Tempo (poesia, 2004) são seus trabalhos mais recentes.

_h
segunda-feira, 20 de julho de 2009

amigos1

RECADO AOS AMIGOS DISTANTES
Cecília Meireles

Meus companheiros amados,
não vos espero nem chamo:
porque vou para outros lados.
Mas é certo que vos amo.

Nem sempre os que estão mais perto
fazem melhor companhia.
Mesmo com sol encoberto,
todos sabem quando é dia.

Pelo vosso campo imenso,
vou cortando meus atalhos.
Por vosso amor é que penso
e me dou tantos trabalhos.

Não condeneis, por enquanto,
minha rebelde maneira.
Para libertar-me tanto,
fico vossa prisioneira.

Por mais que longe pareça,
ides na minha lembrança,
ides na minha cabeça,
valeis a minha Esperança.

Cecília Meireles, in Poemas (1951)

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Minha eterna saudade, Guria
E pela poesia da Cecília, minha homenagem no seu aniversário!

estrelaquemaisbrilha 
                        imagem da internet via Google

EVELYN
Cecília Meireles


Não te acabarás Evelyn

As rochas que te viram são negras, entre espumas finas
Sobre elas giram lisas gaivotas delicadas,
E ao longe as águas verdes revolvem seus jardins de vidro

Não te acabarás Evelyn

Guardei o vento que tocava
A harpa dos teus cabelos verticais,
E teus olhos estão aqui e são conchas brancas,
Docemente fechados, como se vê nas estátuas

Guardei teu lábio de coral róseo
E teus dedos de coral branco
E estás para sempre, como naquele dia
Comendo, vagarosa, fibras elásticas de crustáceos
Mirando a tarde e o silêncio
E a espuma que te orvalhava os pés

Não te acabarás Evelyn

Eu te farei aparecer entre as escarpas
Sereia, serena
E os que não te viram procurarão por ti
Que eras tão bela e nem falaste

Evelyn – disseram-me,
Apontando-te entre as barcas
E eras igual a meu destino

Evelyn – entre a água e o céu
Evelyn – entre a água e a terra
Evelyn – sozinha
Entre os homens e Deus.

©Cecília Meireles
in Mar Absoluto, 1945

www.avozdapoesia.com.br/ceciliameireles

domingo, 12 de julho de 2009
SCA290390299  01 
                                                  Carl Larsson
PRIMEIRO FRÊMITO
Maria Eugênia Celso Carneiro de Mendonça

Passei ao pé de ti, tremulamente ouvindo
em mim mesma ecoar uma estranha canção,
o som era confuso e tênue mas foi indo
e de súbito encheu-me o frio coração...

Depois tornou-se um hino ardente, e prosseguindo
dia a dia, a crescer, de força e de emoção,
todo o meu ser vibrou naquele canto infindo
como junco dobrado ao sopro do tufão.

Na floresta vagava esparsa melodia.
Um frêmito de luz, de vida e de alegria
fazia rescender o jasmineiro em flor.

E na terra fremente, e na amplidão profunda
e em minhalma a tremer, invencível, fecunda,
palpitava a canção vitoriosa do amor!

 <><><><>

Maria Eugênia Celso Carneiro de Mendonça nasceu em São João Del Rey, Minas Gerais, a 19 de abril de 1886, filha do Conde e Condessa de Afonso Celso, neta do Visconde de Ouro Preto que presidia o Gabinete Imperial quando da deposição do Imperador D. Pedro II.
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