quarta-feira, 6 de janeiro de 2010


Sete Cantigas para Voar
Autor: Vital Farias
Intérprete: Monica Albuquerque
Violão: Robson Russo

Cantiga de campo
De concentração
A gente bem sente
Com precisão
Mas recordo a tua imagem
Naquela viagem
Que eu fiz pro sertão
Eu que nasci na floresta
Canto e faço festa
No seu coração
Voa, voa, azulão...

Cantiga de roça
De um cego apaixonado
Cantiga de moça
Lé do cercado
Que canta a fauna e a flora
E ninguém ignora
Se ela quer brotar
Bota uma flor no cabelo
Com alegria e zelo
Para não secar
Voa, voa no ar...

Cantiga de ninar
A criança na rede
Mentira de água
É matar a sede:
Diz pra mãe que eu fui para o açude
Fui pescar um peixe
Isso eu num fui não
Tava era com um namorado
Pra alegria e festa
Do meu coração
Voa, voa, azulão...

Cantiga de índio
Que perdeu sua taba
No peito esse incêndio
Céu não se apaga
Deixe o índio no seu canto
Que eu canto um acalanto
Faço outra canção
Deixe o peixe, deixe o rio
Que o rio é um fio de inspiração
Voa, voa, azulão...

Fonte do vídeo
domingo, 3 de janeiro de 2010

Um projeto que vale a pena apoiar.
Um sonho de muitos que o nosso amigo Fernando Monção está realizando. E precisa da nossa ajuda.

livrosemfronteira 

“Um grande projeto de incentivo à leitura! De uma idéia simples, e ajuda de muita gente, estamos realizando o Projeto Livro Sem Fronteiras, mobilizando a cidade e a rede virtual. Visite nossa página de parceiros e saiba quem são essas pessoas e empresas que merecem nossa fidelidade e reconhecimento pelo envolvimento no crescimento cultural de nossa cidade. Conheça o projeto no site: CIDADE DA LEITURA
www.cidadedaleitura.com

sábado, 2 de janeiro de 2010

"Por mais raro que seja, ou mais antigo,
Só um vinho é deveras excelente.
Aquele que tu bebes, docemente,
Com teu mais velho e silencioso amigo "
(Mario Quintana)

vinho

VINHO E VIRTUDE
Charles Baudelaire

Deveis estar sempre bêbado.

Nada mais conta.

Para não sentir a horrível perda de tempo que esmaga os nossos ombros e nos faz pender para a terra, deveis embebedar-vos sem tréguas.

Mas de quê?

De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha. Mas embebedai-vos.

E se algumas vezes nos degraus de um palácio, na erva verde de uma vala, na solidão baça do vosso quarto, acordais, já diminuída ou desaparecida a bebedeira, perguntai ao vento, à vaga, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, a ave, o relógio, vos responderão: "são horas de vos embebedardes!"

Para não serdes os escravos martirizados do tempo, embebedai-vos sem cessar!

De vinho, de poesia, ou de virtude, à vossa escolha.

vinho_e_lareira

ODE AO VINHO
Pablo Neruda

Vinho cor do dia
vinho cor da noite
vinho com pés púrpura
o sangue de topázio
vinho,
estrelado filho
da terra
vinho, liso
como uma espada de ouro,
suave
como um desordenado veludo
vinho encaracolado
e suspenso,
amoroso, marinho
nunca coubeste em um copo,
em um canto, em um homem,
coral, gregário és,
e quando menos mútuo.

O vinho
move a primavera
cresce como uma planta de alegria
caem muros,
penhascos,
se fecham os abismos,
nasce o canto.
Oh tu, jarra de vinho, no deserto
com a saborosa que amo,
disse o velho poeta.
Que o cântaro do vinho
ao peso do amor some seu beijo.

Amo sobre uma mesa,
quando se fala,
à luz de uma garrafa
de inteligente vinho.
Que o bebam,
que recordem em cada
gota de ouro
ou copo de topázio
ou colher de púrpura
que trabalhou no outono
até encher de vinho as vasilhas
e aprenda o homem obscuro,
no cerimonial de seu negócio,
a recordar a terra e seus deveres,
a propagar o cântico do fruto.

vinhoepoesia

SONETO DO VINHO
Jorge Luis Borges

Em que reino, em que século, sob que silenciosa
Conjunção dos astros, em que dia secreto
Que o mármore não salvou, surgiu a valorosa
E singular idéia de inventar a alegria?

Com outonos de ouro a inventaram.
O vinho flui rubro ao longo das gerações
Como o rio do tempo e no árduo caminho
Nos invada sua música, seu fogo e seus leões.

Na noite do júbilo ou na jornada adversa
Exalta a alegria ou mitiga o espanto
E a exaltação nova que este dia lhe canto

Outrora a cantaram o árabe e o persa.
Vinho, ensina-me a arte de ver minha própria história
Como se esta já fora cinza na memória.

vinho_coracao

VINHOS E MULHERES
Agilson Gavioli

Mulheres vestidas de branco me fazem chorar,
vestidas de mel me adoçam o olhar e
vestidas com vinho me fazem corar.
Extraído das uvas, femininas formas naturais,
natural bebida é o vinho!
Bebida que encanta como as mulheres,
que embriaga como as mulheres,
e nos põe a sonhar... como as mulheres!

VINHOS E LIVROS
Cardoso Marta

Da vida sábia e sem perda
Melhor exemplo não topo
Que um livro na mão esquerda
E na mão direita um copo.

Com igual fervor constante
Tua mão colide e agrega
Bons livros, na tua estante
Bons vinhos, na tua adega!

"Sobre ti tombarei, vegetal ambrosia,
Grão precioso que lança o eterno Semeador,
Para que enfim do nosso amor nasça a poesia
Que até Deus subirá como uma rara flor!"
(Guilherme de Almeida)

Imagens: de diversas fontes da Internet

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
O tempo é muito lento para os que esperam
Muito rápido para os que tem medo
Muito longo para os que lamentam
Muito curto para os que festejam
Mas, para os que amam, o tempo é eterno.
(Henry Van Dyke)




Oração Ao Tempo
Intérprete e autor: Caetano Veloso

 
És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...

Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...


"Não nos cabe saber quanto tempo temos, e sim o que fazer com o que nos é dado."
(Tolkien)


 
                                         Pintura de Salvador Dali
O TEMPO
Laurindo Rabelo

Deus pede estrita conta do meu tempo,
é forçoso do tempo já dar conta;
mas como dar sem tempo tanta conta,
eu que gastei sem conta tanto tempo?

Para ter minha conta feita a tempo,
dado me foi bem tempo e não foi conta.
Não quis sobrando tempo fazer conta,
quero hoje fazer conta e falta tempo.

Oh! vós que tendes tempo sem ter conta,
não gasteis esse tempo em passatempo:
cuidai enquanto é tempo em fazer conta.

Mas, oh! Se os que contam com seu tempo
fizessem desse tempo alguma conta,
não choravam como eu o não ter tempo.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

danny_hahlbohm_christ_and_child                                      Pintura de Danny Hahlbohm


PROMESSA DE ANO NOVO
Roberta Marcon

Só o que quero prometer
para este ano novo
é que não vou prometer mais nada.
Não quero uma lista de idéias      
que pareçam simples no papel,
nem decisões coagidas
pelo espírito de renovação.
Não quero uma lista
de problemas e defeitos,
nem meus e nem dos outros.
Não pretendo usar
o próximo ano para consertar
os erros, pois teria
que me lembrar deles bem agora...
Como poderia começar o ano melhor
se fosse já pensando no que não deu certo?
Não creio na auto-avaliação
com data marcada.
Ela há de ser honesta,
constante e em que tempo for.
Por hora eu quero apenas pensar
que cumpri mais uma etapa,
que tive escolhas e as fiz.
Assumi meus riscos
para aproximar meus sonhos.
Não quero julgar
nem questionar,
muito menos me comprometer
com minhas ações do futuro.
Prefiro chegar até ele devagar.
Prefiro conhecê-lo aos poucos,
sem disfarces ou segundas intenções.
Quero me apresentar a ele
de mãos vazias
e sempre prontas para o trabalho.
Quero chegar sabendo
e aceitando
o fato de que nada é perfeito,
mas que também desta vez
continuarei tentando fazer
o melhor que puder.
Afinal, o calendário de nossa memória
é mais flexível
e tem efeito acumulativo.
Um ano se vai, o outro chega.
Cada um de nós avança mais um passo...

Roberta Marcon
© Todos os direitos reservados
Recebi da Rosany por e-mail, gostei e divido com vocês.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Que os laços de amizade que nos uniram, se perpetuem ao longo de 2010 e que a vida seja um eterno poema de amor, esperança e fé no futuro!

“Hoje eu quero que os poetas dancem pela rua
pra escrever a música sem pretensão
eu quero que as buzinas toquem flauta-doce
e que triunfe a força da imaginação.”

avozdapoesia_anonovo

Hoje eu quero a rua cheia de sorrisos francos
de rostos serenos, de palavras soltas
eu quero a rua toda parecendo louca
com gente gritando e se abraçando ao sol

Hoje eu quero ver a bola da criança livre
quero ver os sonhos todos nas janelas
quero ver vocês andando por aí

Hoje eu vou pedir desculpas pelo que eu não disse
eu até desculpo o que você falou
eu quero ver meu coração no seu sorriso
e no olho da tarde a primeira luz

Hoje eu quero que os boêmios gritem bem mais alto
eu quero um carnaval no engarrafamento
e que dez mil estrelas vão riscando o céu
buscando a sua casa no amanhecer

Hoje eu vou fazer barulho pela madrugada
rasgar a noite escura como um lampião
eu vou fazer seresta na sua calçada
eu vou fazer misérias no seu coração

Hoje eu quero que os poetas dancem pela rua
pra escrever a música sem pretensão
eu quero que as buzinas toquem flauta-doce
e que triunfe a força da imaginação.

...eu vou fazer seresta na sua calçada
eu vou fazer misérias no seu coração

Hoje eu quero que os poetas dancem pela rua
pra escrever a música sem pretensão
eu quero que as buzinas toquem flauta-doce
e que triunfe a força da imaginação.

Créditos:
Cartão: Simone Enlou
Música: Sem Mandamentos
Intérprete: Oswaldo Montenegro
Composição: Oswaldo Montenegro

bertoldbrecht
“Todas as artes contribuem para a maior de todas as artes:
a arte de viver”
(Bertold Brecht)

domingo, 27 de dezembro de 2009

salvador_dali_explosion
                                         Pintura de Salvador Dali

CONDUTA E POESIA
Pablo Neruda

Quando o tempo nos vai comendo com o seu relâmpago quotidiano decisivo, as atitudes fundadas, as confianças, a fé cega se precipitam e a elevação do poeta tende a cair como o mais triste nácar cuspido, perguntamo-nos se já chegou a hora de envilecermos. A hora dolorosa de ver como o homem se sustém a puro dente, a puras unhas, a puros interesses. E como entram na casa da poesia os dentes e as unhas e os ramos da feroz árvore do ódio.
É o poder da idade, ou proventura, a inércia que faz retroceder as frutas no próprio bordo do coração, ou talvez o «artístico» se apodere do poeta e, em vez do canto salobro que as ondas profundas devem fazer saltar, vemos cada dia o miserável ser humano defendendo o seu miserável tesouro de pessoa preferida?
Aí, o tempo avança com cinza, com ar e com água! A pedra que o lodo e a angústia morderam floresce com prontidão com estrondo de mar, e a pequena rosa regressa ao seu delicado túmulo de corola.
O tempo lava e desenvolve, ordena e continua.
E que fica então das pequenas podridões, das pequenas conspirações do silêncio, dos pequenos frios sujos da hostilidade? Nada, e na casa da poesia não permanece nada além do que foi escrito com sangue para ser escutado pelo sangue.

In Nasci para nascer, 1981

Related Posts with Thumbnails

Poética

Poesias

Poetas

Vídeos

A Voz aqui

A Poética dos Amigos

Pesquisar neste blog

Rádio

Arquivos