quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Ver meu campo florir e uma rosa se abrir em minha mão

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Uma Rosa Em Minha Mão
Composição: Toquinho / Vinícius de Moraes
Intérprete: Marília Barbosa

 
Procurei um lugar
Com meu céu e meu mar,
Não achei.

Procurei o meu par,
Só desgosto e penar
Encontrei.

Onde anda o meu rei,
Que me deixa tão só
Por aí.

A quem tanto busquei
E de tanto que andei,
Me perdi.

Quem me dera encontrar,
Ter meu chão, ter meu mar,
Ter meu chão.

Ver meu campo florir
E uma rosa se abrir
Em minha mão.
terça-feira, 14 de setembro de 2010

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SONETO DE CONTRIÇÃO
Vinícius de Moraes

Eu te amo, Maria, eu te amo tanto
Que o meu peito me dói como em doença
E quanto mais me seja a dor intensa
Mais cresce na minha alma teu encanto.

Como a criança que vagueia o canto
Ante o mistério da amplidão suspensa
Meu coração é um vago de acalanto
Berçando versos de saudade imensa.

Não é maior o coração que a alma
Nem melhor a presença que a saudade
Só te amar é divino, e sentir calma...

E é uma calma tão feita de humildade
Que tão mais te soubesse pertencida
Menos seria eterno em tua vida.

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Rio de Janeiro, 1938
in Novos Poemas
in Antologia Poética
in Livro de Sonetos
in Poesia completa e prosa: "A saudade do cotidiano"
Fonte: www.viniciusdemoraes.com.br

Imagens da internet, by Google

A aniversariante de hoje é uma amiga querida de animadas pescarias:

pescando grandes (grandes? 3D Smiles (127) ) peixes, lá na represa,

e de pescarias musicais que acontecem na sala A Voz da Poesia.

 

Recebo todos os dias os seus recadinhos animados no Orkut, hoje retribuo essa delicadeza com o mesmo carinho, desejando de todo o coração o que diz a mensagem.

FELIZ ANIVERSÁRIO, YEDA!

recados para Orkut de férias !!

   Imagem >> DAQUI

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Hoje, no aniversário da poeta Rosany Costa, o presente é ela quem nos oferece.
Convido-os a um passeio poético pela obra da autora.

image  Clique na imagem para abrir o site

“Os poemas de Rosany desvelam sua alma, seu âmago com tamanha transparência, que o leitor, ao adentrar os versos, percebe que ali está mais do que as próprias palavras dizem, pois verifica-se que há uma ânsia de liberdade, um desejo infindo de se revelar tal como ela se vê e sente diante da vida e do mundo.
Trabalha  com plenitude e em plenitude dos versos que vão se alinhavando diante de seu fazer poético.” (Ceição Di Castro)

 

   Parabéns, Rosany Costa – PLENYTUDE!

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   A “champanhe” é sua…

  champanhe 

   … o champanhe é nosso!…

 arranjorosasvermelhas

“… e as rosas, sempre vermelhas!”

sábado, 11 de setembro de 2010

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                                      Imagem: Carlos Casamayor


TUA VOZ
Anderson Christofoletti

Fecho os olhos e ouço
tua voz doce
recitando palavras
de face puída,
mas de alma renascida
por entre teus lábios;
ouço a manhã colhida
da noite mais longa do mundo;
ouço a canção dos ventos:
solfejos penetrando muralhas
irigidas em dias desleais;
ouço a saudade tua
pulsando em meu peito
feito corcel que escorre
entre labaredas de um incêndio
que não se rende...

Nestes dias de íntimo sol
à flor da pele
qualquer intenção de sombra
torna-se abraço acolhedor.

As paredes brancas parecem sustentar
a leve voz do silêncio.
Não há fuga, nem exércitos aliados:
somos apenas eu e o tempo,
sendo este último implacável
algoz dos corações apartados
pela distância.
Mas flertarei com ele
sob a suposta onipresença
do livro sem versos
e tentarei, debalde, extirpar de meu coração
a pena cravada em sangue e dor.
Quiçá, nasça desta desconstrução
uma palavra que atravesse
barreiras e que rompa as correntes da ausência.
Por hora, tenho estas linhas e tenho
absoluta certeza que, sobre elas,
parte minha se esvai e,
uma vez não colhidas por teus olhos,
transformar-se-á em esquecimento
e entrega vã
.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

soldeinverno

E no meio de um inverno,
eu finalmente aprendi,
que havia dentro de mim,
um verão invencível.

Mahatma Gandhi

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

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   Imagem: divulgação "Ária", Christian Gaul

Em 34 anos de carreira Djavan sempre gravou seu próprio repertório. Em "Ária" pela primeira vez ele é só intérprete.
Numa escolha apurada, - e acertadíssima - o melhor da música brasileira. E ainda um passeio pelo som jazzístico de Fly me to the Moon e o flamenco de La Noche.
Um dos melhores lançamentos do ano.
Recomendadíssimo!

“Das reminiscências mais remotas à informação mais atual, e tendo o cancioneiro brasileiro como base, Djavan apresenta um disco de raro
desprendimento estético. E de intenso compromisso com o que importa, a música. O resultado ouve-se com a alegria e a surpresa sempre renovada da ária mais aguardada.

- Nunca imaginei fazer um disco assim, porque o meu prazer sempre foi compor. Pensava: vou me divertir pouco. E pensava também: vai ser um disco fácil, já que não preciso compor. E me enganei: acabei me divertindo muito reinventando e pesquisando as canções dos outros, e foi um dos discos mais difíceis de fazer, sobretudo na hora de escolher o que cantar – sentencia Djavan.” (Fonte: site oficial do cantor: www.djavan.com.br)

O critério para a escolha do repertório
”Foram vários os critérios. Tem coisas que são reminiscências de infância, da adolescência e da época em que eu trabalhava cantando na noite. A música “Sabes mentir”, de Othon Russo, por exemplo. Aprendi aos 6 anos, quando minha mãe cantava a versão de Ângela Maria. “Brigas nunca mais”, de Tom e Vinícius, veio da época em que eu trabalhava como crooner em boates. “Nada a nos separar”, de Wayne Shanklin, vem da minha adolescência, pois eu amava a voz da Evinha, cantora do Trio Esperança, que a gravou na época. Já “Fly me to the moon” e “Palco” são duas das músicas do disco mais conhecidas, mais batidas, mais clássicas. Incluí exatamente para tentar refrescá-las. Porque é difícil fazer algo novo com uma canção como "Palco”, por exemplo, que já tem uma versão tão definitiva com Gil.

"La noche" já tem uma história diferente. Estava em turnê, viajando de ônibus de uma cidade para outra, quando Max (Vianna, guitarrista e filho de Djavan) me mostrou a canção no computador. Fiquei encantando com a voz da cantora, uma espanhola chamada Montse Cortez. Pensei: “Nossa, quem dera gravar isso um dia”. Mas não imaginei que fosse acontecer de fato (risos)” Leia na íntegra > AQUI

Video > Djavan fala sobre a sessão de fotos para a capa do cd

O DISCO

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  Capa


01   Disfarça e Chora
Autores: Angenor de Oliveira / Dalmo Martins Castello

02 Oração ao Tempo
Autores: Caetano Veloso

03 Sabes Mentir
Autores: Othon Fortes Russo

04 Apoteose ao Samba
Autores: Silas Oliveira de Assumpção

05 Luz e Mistério
Autores: Beto Guedes / Caetano Veloso

06 La Noche
Autores: Enrique Heredia Carbonell/Juan Jose Suarez Escobar

07 Treze de Dezembro (instrumental)
Autores: Luiz Gonzaga / Zé Dantas

08 Valsa Brasileira
Autores: Edu Lobo / Chico Buarque

09 Brigas Nunca Mais
Autores: Antonio Carlos Jobim / Vinícius de Moraes

10 Fly Me To The Moon
Autores: Bart Howard

11 Nada A Nos Separar (West of the Wall)
Autores: vers. Romeu Nunes / Wayne Shanklin

12 Palco
Gilberto Gil


Ficha Técnica

Violão Nylon – Djavan
Baixo Acústico – André Vasconcellos
Guitarra – Torcuato Mariano
Percussão – Marcos Suzano / Leonardo Reis / Marco Lobo
Violão Nylon – Djavan

BISCOITO FINO E LUANDA PRODUÇÕES

segunda-feira, 6 de setembro de 2010


PÁTRIA MINHA
Vinicius de Moraes
Na voz do autor

A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.

Se me perguntarem o que é a minha pátria, direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.

Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias, pátria minha
Tão pobrinha!

Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação e o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus!

Tenho-te no entanto em mim como um gemido
De flor; tenho-te como um amor morrido
A quem se jurou; tenho-te como uma fé
Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito
Nesta sala estrangeira com lareira
E sem pé-direito.

Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra
Quando tudo passou a ser infinito e nada terra
E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu
Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz
À espera de ver surgir a Cruz do Sul
Que eu sabia, mas amanheceu...

Fonte de mel, bicho triste, pátria minha
Amada, idolatrada, salve, salve!
Que mais doce esperança acorrentada
O não poder dizer-te: aguarda...
Não tardo!

Quero rever-te, pátria minha, e para
Rever-te me esqueci de tudo
Fui cego, estropiado, surdo, mudo
Vi minha humilde morte cara a cara
Rasguei poemas, mulheres, horizontes
Fiquei simples, sem fontes.

Pátria minha... A minha pátria não é florão, nem ostenta
Lábaro não; a minha pátria é desolação
De caminhos, a minha pátria é terra sedenta
E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Que bebe nuvem, come terra
E urina mar.

Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um libertas quae sera tamen
Que um dia traduzi num exame escrito:
"Liberta que serás também"
E repito!

Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão...
Que vontade me vem de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.

Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.

Agora chamarei a amiga cotovia
E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama:
"Pátria minha, saudades de quem te ama…
Vinicius de Moraes."
Barcelona, 1949
in Antologia Poética
in Pátria minha
in Poesia completa e prosa: "Nossa Senhora de Los Angeles"

Fonte: www.viniciusdemoraes.com.br


Declamação feita por:  Chico Buarque, Caetano Veloso, Edu Lobo, Ferreira Gullar, Maria Bethânia e Toquinho, no Documentário de Miguel Faria Jr. 


                                                                     


Fonte deste vídeo
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