segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

QUERO NASCER DE NOVO
Dionísio Furtes Alvarez

Quero nascer de novo cada dia que nasce.
Quero ser outra vez novo, puro, cristalino.

Quero lavar-me, cada manhã, do homem velho,
da poeira velha, das palavras gastas,
dos gestos rituais.

Quero reviver a primeira manhã da criação,
o primeiro abrir dos olhos para a vida.

Quero que cada manhã
a alma desabroche do sono
como a rosa do botão,
e surja, como a aurora do oceano,
ao sorriso dos teus lábios,
ao gesto de tua mão.

Quero me engrinaldar para a festa renovada
como que cada dia nos convidasse
e desdobrar as asas como a águia
em demanda do sol.

Quero crer, a cada nova aurora,
que esta é a definitiva,
a do encontro com a felicidade,
a da permanência assegurada,
a do teu sim definitivo.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

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É NATAL 
Fernando Tanajura Menezes

Cavalo de pau
Barco de papel
Boneca de pano
E um falso anel

Bola de sabão
Azul da cor do céu
Saco de pipoca
Velho Papai Noel

É noite de Natal
Na igreja bate o sino
Corremos pro presépio
Pra ver o Deus-Menino

Estrela mais brilhante
Tempo de magia
Guia os três Reis Magos
E traz muita alegria

Tempo de Natal
Tempo só de luz
Tempo de presentes
É tempo de Jesus

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Fernando Tanajura Menezes é Poeta, Contador e Administrador de Empresas
Nasceu em
Nazaré das Farinhas – Ba

Leia mais do autor >> AQUI

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

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PAPAI NOEL ÀS AVESSAS
Carlos Drummond de Andrade

Papai Noel entrou pela porta dos fundos
(no Brasil as chaminés não são praticáveis),
entrou cauteloso que nem marido depois da farra.
Tateando na escuridão torceu o comutador
e a eletricidade bateu nas coisas resignadas,
coisas que continuavam coisas no mistério do Natal.
Papai Noel explorou a cozinha com olhos espertos,
achou um queijo e comeu.

Depois tirou do bolso um cigarro que não quis acender.
Teve medo talvez de pegar fogo nas barbas postiças
(no Brasil os Papai-Noéis são todos de cara raspada)
e avançou pelo corredor branco de luar.
Aquele quarto é o das crianças
Papai  entrou compenetrado.

Os meninos dormiam sonhando outros natais muito mais lindos
mas os sapatos deles estavam cheinhos de brinquedos
soldados mulheres elefantes navios
e um presidente de república de celulóide.

Papai Noel agachou-se e recolheu aquilo tudo
no interminável lenço vermelho de alcobaça.
Fez a trouxa e deu o nó, mas apertou tanto
que lá dentro mulheres elefantes soldados presidente brigavam por causa do  aperto.

Os pequenos continuavam dormindo.
Longe um galo comunicou o nascimento de Cristo.
Papai Noel voltou de manso para a cozinha,
apagou a luz, saiu pela porta dos fundos.

Na horta, o luar de Natal abençoava os legumes.

In Alguma Poesia, 1930
Mais Drummond >> A Voz da Poesia

Imagem: dos arquivos da Voz da Poesia

terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Tento compor o nosso amor dentro da tua ausência

 
A Rosa Desfolhada
Composição: Vinicius de Moraes e Toquinho 


Tento compor o nosso amor
Dentro da tua ausência
Toda a loucura, todo o martírio
De uma paixão imensa
Teu toca-discos, nosso retrato
Um tempo descuidado

Tudo pisado, tudo partido
Tudo no chão jogado
E em cada canto
Teu desencanto
Tua melancolia
Teu triste vulto desesperado
Ante o que eu te dizia
E logo o espanto e logo o insulto
O amor dilacerado
E logo o pranto ante a agonia
Do fato consumado

Silenciosa
Ficou a rosa
No chão despetalada
Que eu com meus dedos tentei a medo
Reconstruir do nada:
O teu perfume, teus doces pêlos
A tua pele amada
Tudo desfeito, tudo perdido
A rosa desfolhada

Fonte do vídeo
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Jean-Baptiste Valadie_sensualite

PSIQUE
Carlos Alberto de Mello

Um pedaço de mim corteja a lua,
outro procura pôr os pés no chão.
Enquanto aquele vaga pela rua,
este não perde nunca a direção.

Um lado pensa, julga, conceitua,
o outro se perde sempre na emoção.
Uma parte se veste, a outra está nua;
uma escreve discurso, a outra canção.

A metade que fala não escuta.
A que escuta não sabe o que dizer.
Eu inteiro sou parte da disputa,

e não sei o que vai acontecer:
Se sentamos na mesa com cicuta
ou se aprendemos a nos conhecer...

 9-4
Carlos Alberto de Mello é carioca morador de Botafogo. Possui poemas publicados nos livros VIDA (2001) e CANTO DE RUA (1981). Ambos com edição esgotada. Escreveu também um livro voltado ao público infanto-juvenil (DESCOBRINDO O BRASIL) sobre mamíferos brasileiros ameaçados de extinção (veja mais no link (http://descobrindoobrasil.no.comunidades.net/). É funcionário público federal, com curso de pós-graduação em Letras na UERJ.

Imagem: pintura de Jean-Baptiste Valadie
9-4

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

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NOSSA SENHORA DAS FLORES
Adélia Prado

Acostuma teus olhos ao negrume do pátio
e olha na direção onde ao meio-dia
cintilava o jardim.
A rosa miúda em pencas
destila inquietações,
peleja por abortar teu passeio noturno.
Há mais que um cheiro de rosas,
o movimento das palmas não será o réptil?
Ó Mãe da Divina Graça,
vem com tua mão poderosa,
mata este medo pra mim.

 

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