domingo, 23 de janeiro de 2011

Alexander_Volkov_AprilThunderlg

 MEUS VERSOS
Albano martins

Meus versos, gritos do vento nas ramagens,
são a minha própria alma angustiada
a refletir imagens
duma lenda, em mim iniciada.

São a ternura destas mãos que escrevem
desatinadas palavras de ansiedade.
Meus versos são a voz da minha voz, a margem
que há entre o sonho e a realidade.

Meus versos
são encontros da sombra com a luz.
São perfis irregulares, talhados
na emoção que os revela e os traduz.

Meus versos
são distâncias várias dum único caminho.
Pássaros que abandonaram
o calor e o âmbito do ninho.

smallRose

Albano Dias Martins nasceu em 1930 na província da Beira Baixa, Portugal. Formado em Filologia Clássica, foi professor do Ensino Secundário de 1956 a 1976. Exerce o cargo de Inspector-coordenador da Inspecção-Geral do Ensino.

Imagem: pintura de Alexander Volkov

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
foto-bebes-da-parmalat-01
AS INGÊNUAS, DELICIOSAS MENTIRAS
Adelmar Tavares

Que bem fazem à gente certas mentiras
Essas pequenas, ingênuas deliciosas mentiras...
Essas mentirinhas bebês,
redondinhas, rosadas e frescas...
A dos médicos para seus enfermos desenganados:
— "Mas está excelente! Vai sarar!"
A dos amigos para os nossos poemas:
— "Cortei na revista... Guardei-o comigo".
E sobre todas, as da criatura amada
que justifica, no reclamo da saudade:
— "Sonhei contigo a noite inteira... e estou intranqüila... Vem!..."
Meu Deus do Céu, que imenso bem!...
A gente tem vontade de pegar essas mentirinhas como aos bebês,
redondinhas, rosadas e frescas,
e atirá-las para o alto, pelos braços,
às momices e aos beijos...
— "De quem é essa mentirinha mais bonita do mundo?
— "De quem é essa mentirinha tão querida, gente?"
E depois, num abraço bem apertado, numa efusão,
enterrá-las, como um tesouro de felicidade,
no coração.
♥  ♥  ♥
Imagem: “Bebês da Parmalat”, by Google

monet

A VOZ QUE NOS RASGOU POR DENTRO
Nuno Judice

De onde vem - a voz que
nos rasgou por dentro, que
trouxe consigo a chuva negra
do outono, que fugiu por
entre névoas e campos
devorados pela erva?

Esteve aqui — aqui dentro
de nós, como se sempre aqui
tivesse estado; e não a
ouvimos, como se não nos
falasse desde sempre,
aqui, dentro de nós.

E agora que a queremos ouvir,
como se a tivéssemos re-
conhecido outrora, onde está? A voz
que dança de noite, no inverno,
sem luz nem eco, enquanto
segura pela mão o fio
obscuro do horizonte.

Diz: "Não chores o que te espera,
nem desças já pela margem
do rio derradeiro. Respira,
numa breve inspiração, o cheiro
da resina, nos bosques, e
o sopro húmido dos versos."

Como se a ouvíssemos.

 

©Nuno Júdice
In Meditação sobre Ruínas
Imagem: pintura de Monet

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

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PEDIDO
Fábio de Melo

Eu não quero que você seja eu
Eu já tenho a mim.
O que quero é que você chegue
Com seu poder de chegar
E de me devolver pra mim.
Que você chegue com seu dom
De também me fazer chegar
Perto de mim...

Pra mim fazer o que sou e que só você viu.
Pra eu ser capaz de amar também
O que só você amou.
Eu não quero que você seja igual a mim.
Eu já tenho a mim.
Não quero construir uma casa de espelhos
Que multiplique minha imagem por
todos os cantos.
Quero apenas que você me reflita
Melhor do que julgo ser.

In Quem me roubou de mim? - Pe. Fábio de Melo
Imagem: pintura de Childe Hassam (1859-1935)

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

QUERO NASCER DE NOVO
Dionísio Furtes Alvarez

Quero nascer de novo cada dia que nasce.
Quero ser outra vez novo, puro, cristalino.

Quero lavar-me, cada manhã, do homem velho,
da poeira velha, das palavras gastas,
dos gestos rituais.

Quero reviver a primeira manhã da criação,
o primeiro abrir dos olhos para a vida.

Quero que cada manhã
a alma desabroche do sono
como a rosa do botão,
e surja, como a aurora do oceano,
ao sorriso dos teus lábios,
ao gesto de tua mão.

Quero me engrinaldar para a festa renovada
como que cada dia nos convidasse
e desdobrar as asas como a águia
em demanda do sol.

Quero crer, a cada nova aurora,
que esta é a definitiva,
a do encontro com a felicidade,
a da permanência assegurada,
a do teu sim definitivo.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

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É NATAL 
Fernando Tanajura Menezes

Cavalo de pau
Barco de papel
Boneca de pano
E um falso anel

Bola de sabão
Azul da cor do céu
Saco de pipoca
Velho Papai Noel

É noite de Natal
Na igreja bate o sino
Corremos pro presépio
Pra ver o Deus-Menino

Estrela mais brilhante
Tempo de magia
Guia os três Reis Magos
E traz muita alegria

Tempo de Natal
Tempo só de luz
Tempo de presentes
É tempo de Jesus

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Fernando Tanajura Menezes é Poeta, Contador e Administrador de Empresas
Nasceu em
Nazaré das Farinhas – Ba

Leia mais do autor >> AQUI

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

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