sexta-feira, 25 de março de 2011

Nefelibata
Que, ou pessoa que vive nas nuvens, cujo espírito vagueia num mundo ideal. 
Diz-se de literato sonhador que se serve de uma linguagem de conotações imponderáveis, puramente sugestiva.
Nome dado a escritores, sobretudo poetas, de certa fase do movimento simbolista (no Brasil e em Portugal), como sinônimo de decadente. (Dicionário Aurélio)

NEFELIBATAS
Raquel Naveira

Os poetas simbolistas eram chamados de “nefelibatas”. Essa palavra tem origem no mito greco-romano de “Nefele”, nuvem mágica à qual Júpiter deu a forma da deusa Juno para enganar e punir Ixião.

Ixião foi rei dos lápitas, na Tessália. Após ter esposado Dia, filha do rei Deioneu, recusou ao soberano os ricos presentes que lhe havia prometido e acabou por matá-lo, lançando-o num fosso cheio de brasas. Culpado de perjúrio e sacrilégio por ter matado um parente, Ixião despertou o horror e o desprezo de todos. Júpiter, comovido com suas lamentações, levou-o ao Olimpo, serviu-lhe néctar e ambrosia e conferiu-lhe imortalidade. Mas Ixião, traidor por natureza, tentou seduzir Juno, esposa de Júpiter. Júpiter então criou uma nuvem com a forma da deusa. Ixião uniu-se a essa nuvem, dando origem aos Centauros. Pensando nessa história surpreendente de uma nuvem-mulher, escrevi este poema:

Nefele, nuvem mágica
Em forma de mulher,
Nem era mulher,
Mas gerou os centauros
Que cavalgaram loucos
Pelos campos.
Nefele nem era mulher,
Era nuvem de água e gelo,
Envolta em névoa.
Nefele,
Vago por realidades inefáveis,
Nebulosas;
Meus emblemas são a Via Láctea,
O véu da noiva,
A estrela polar,
A neve.
Oculto-me numa nuvem,
A nuvem é meu disfarce,
Sou a própria nuvem
Vista pela outra face.
Alma de poeta,
À cata de símbolos,
Nefelibata.

Dizem que o poeta vive nas nuvens ou trancafiado numa “torre de marfim”; que, dominado por um suposto ideal, não dá atenção aos fatos do cotidiano nem às lições da experiência. O poeta pode parecer distraído, desatento, mas, na verdade, ele está concentrado em coisas que ninguém observa ou dá valor, a não ser ele próprio. Esforça-se para apreender o impalpável, vive em busca do símbolo, que é o sinal luminoso duma complexa realidade espiritual, com a qual ele se comunica. É assim que o poeta pode se tornar porta-voz de multidões inteiras: verbalizando o que os outros não conseguem captar.

Sou mulher, meio nuvem, meio Nefele. Cultivo o Vago, o Oculto, o Mistério, a Ilusão, a Solidão que me permitem sondar além das aparências do concreto tangível, num mundo de névoas e idéias.

Raquel Naveira é escritora, poeta, Mestre em Comunicação e Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo.

 

Fonte do texto: Linguagem Viva – Ano XX – n. 245 – Janeiro de 2010

   3D Smiles (142)

Se você estiver procurando algo na vida que seja justo, lembre-se do sutiã: oprime os grandes, protege os pequenos e levanta os caídos.

@jsoaresreal José Eugênio Soares

quarta-feira, 23 de março de 2011

NU – O CORPO
Rosani Abou Adal


Quando as pétalas se calam
a manhã se ensurdece
o orvalho seca
a brisa se dispersa no alvorecer
a vida omite-se no pranto
a aurora sussurra inerte
o tempo descompassado se rompe
o silêncio grita desesperado
o sorriso murcha nos horizontes
espinhos acariciam o corpo nu
folhas beijam
a língua solitária
silencio-me e durmo
acompanhada à minha solidão.

00-1


Sobre a autora
Rosani Abou Adal nasceu em São Paulo - SP, Formada em Comunicação Social - habilitação em Jornalismo e Publicidade e Propaganda - pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. Fez curso de especialização na USP - Artes Plásticas e Música, o enfoque multidisciplinar da sociologia e da arte. Editora do jornal literário mensal Linguagem Viva.

terça-feira, 22 de março de 2011
Hoje contei pras paredes coisas do meu coração

 

AMOR, I LOVE YOU
Comp.: Marisa Monte e Carlinhos Brown
Intérpretes: Marisa Monte e Arnaldo Antunes

Deixa eu dizer que te amo
Deixa eu pensar em você
Isso me acalma, me acolhe a alma
Isso me ajuda a viver

Hoje contei pras paredes
Coisas do meu coração
Passeei no tempo, caminhei nas horas
Mais do que passo a paixão

É o espelho sem razão
Quer amor, fique aqui

Deixa eu dizer que te amo
Deixa eu gostar de você
Isso me acalma, me acolhe a alma
Isso me ajuda a viver

Hoje contei pras paredes
Coisas do meu coração
Passeei no tempo, caminhei nas horas
Mais do que passo a paixão

É o espelho sem razão
Quer amor, fique aqui

Meu peito agora dispara
Vivo em constante alegria
É o amor que está aqui

Amor, I love you
Amor, I love you
Amor, I love you
Amor, I love you
Amor, I love you
Amor, I love you
Amor, I love you
Amor, I love you

(...) tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo conduzia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações! (…) (Trecho do livro O primo Basílio, de Eça de Queiroz. São Paulo: Ática, 1994, p. 134)

 Amor, I love you
Amor, I love you
Amor, I love you
Amor, I love you
Amor, I love you
Amor, I love you
Amor, I love you
Amor, I love you

VÍDEO CLIP OFICIAL


domingo, 20 de março de 2011

1v6yepgb[1]

Quanto mais inteligente é um homem, mais originalidade ele descobre nos homens. Pessoas ordinárias não enxergam nenhuma diferença entre eles.

(Blaise Pascal)

1v6yepgb[1]

sábado, 19 de março de 2011

A LIÇÃO
Guilherme de Almeida


Pelos remendos do meu manto pobre,
pela moeda de cobre,
pela côdea de pão,

conhecerás o mundo que não cabe
nos livros, e não sabe
sair do coração.

Nos remendos terás um mapa-múndi:
a carta que nos funde,
que do homem faz o irmão;

o cobre há de dizer, mais que a palavra,
que o bem não se azinhavra
se vai de mão em mão;

a côdea mostrará que a crosta dura
da terra é uma fartura
para os que têm e dão.

Pelos remendos do meu manto pobre,
pela moeda de cobre,
pela côdea de pão,

conhecerás o mundo que não cabe
nos livros, e não sabe
sair do coração.

 
Imagem: pintura de Jim Warren
Sobre  Guilherme de Almeida

sexta-feira, 18 de março de 2011

O LADO BOM
JG de Araujo Jorge

 
Quero ser uma ilha,
um pouco de paisagem,
uma janela aberta,
uma montanha ao longe,
um aceno de mar,
quando precisares de sonho,
de um canto de beleza,
de um pouco de silêncio,
ou simplesmente
de sol... e de ar...
Quero ser o lado bom
em que pensas,
(isto que intimamente
a gente deseja
mas nem sempre diz)
- quero ser, naquela hora,
o que sentes falta
para seres feliz...
Que quando pensares
em fugir de todos
ou de ti mesma, enfim,
penses em mim...

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In A  Sós..., 1958

Imagem: Washington Maguetas

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