segunda-feira, 4 de abril de 2011


O LAÇO DE FITA
Poesia de Castro Alves
Música e Voz:
Canto in Verso

Não sabes, criança? ‘Stou louco de amores...
Prendi meus afetos, formosa Pepita.
Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?!
Não rias, prendi-me
Num laço de fita.

Na selva sombria de tuas madeixas,

Nos negros cabelos da moça bonita,
Fingindo a serpente qu’enlaça a folhagem,
Formoso enroscava-se
O laço de fita.

Meu ser, que voava nas luzes da festa,

Qual pássaro bravo, que os ares agita,
Eu vi de repente cativo, submisso
Rolar prisioneiro
Num laço de fita.

E agora enleada na tênue cadeia

Debalde minh’alma se embate, se irrita...
O braço que rompe cadeias de ferro,
Não quebra teus elos,
Ó laço de fita!

Meu Deus! As falenas têm asas de opala,

Os astros se libram na plaga infinita.
Os anjos repousam nas penas brilhantes...
Mas tu... tens por asas
Um laço de fita.

Há pouco voavas na célere valsa

Na valsa que anseia, que estua e palpita.
Por que é que tremeste? Não eram meus lábios...
Beijava-te apenas...
Teu laço de fita.

Mas ai! findo o baile, despindo os adornos

N’alcova onde a vela ciosa... crepita,
Talvez da cadeia libertes as tranças
Mas eu... fico preso
No laço de fita.

Pois bem! Quando um dia na sombra do vale

Abrirem-me a cova... formosa Pepita!
Ao menos arranca meus louros da fronte,
E dá-me por c’roa...
Teu laço de fita.

© Castro Alves
São Paulo, julho de 1868
Espumas Flutuantes,1870





LUA CHEIA
Comp.: Chico Buarque e Toquinho
Interp.: Chico Buarque

Ninguém vai chegar do mar
nem vai me levar daqui
nem vai calar minha viola que desconsola,

chora notas pra ninguém ouvir
Minha voz ficou na espreita, na espera,
quisera abrir meu peito, cantar feliz

Preparei para você uma lua cheia
e você não veio, e você não quis
Meu violão ficou tão triste, pudera,

quem dera abrir janelas, fazer serão
Mas você me navegou mares tão diversos
e eu fiquei sem versos, e eu fiquei em vão
domingo, 3 de abril de 2011

CARNE E ALMA
Anderson Christofoletti


Gosto de sentir sua voz
Penetrando em meu universo de silêncio
Nestes dias cinzentos
Em que nem eu me pertenço.

Seu jeito lúcido e sereno
De desvendar meus caminhos
E percorrê-los sem se perder,
Me torna mais e mais
Vulnerável às suas palavras.

Não entendo de que forma nasce
E qual força rege
Esta minha carência de você;
Esta precisão incessante
Que renasce das cinzas
Cada vez mais falta;
Cada vez mais você
Em mim;
Cada vez mais carne
E alma.

Em meu peito
Sustento uma armadura fundida
Em lágrima e dor,
Nela pode-se ver cunhada
A efígie de uma rosa
Em mulher e fogo.

Feito guerreiro exaurido,
Entrego-me às suas mãos
Refazendo-me em ti
Dos ferimentos:
Da memória em lâmina
Do mundo.

  358741o8cbncp84a[2]    

Leia mais do autor > AQUI  >> AQUI

©Anderson Christofoletti

sábado, 2 de abril de 2011
Claude_Theberge_the_invitation 

PESO DE NUVENS
Sophia de Mello Breyner Andresen


Sacode as nuvens que te poisam nos cabelos,
Sacode as aves que te levam o olhar.
Sacode os sonhos mais pesados do que as pedras.
Porque eu cheguei e é tempo de me veres,
Mesmo que os meus gestos te trespassem
De solidão e tu caias em poeira,
Mesmo que a minha voz queime o ar que respiras
E os teus olhos nunca mais possam olhar.

0-3

Mais de Sophia de Mello Breyner Andresen
Imagem: Pintura de Claude Theberge (the invitation)

"Este texto circulou mto tempo como sendo de Paulo Fuentes; estava no site pessoal dele e tb no Recanto das Letras… Inclusive ele chegou a receber premios pelo texto.

Até que Ricardo Labatt apareceu dizendo-se autor do texto, publicado em jornal. E tinha provas. Paulo Fuentes tirou rapidinho o texto do site dele." Betty Vidigal

Então, retirem o nome da Clarice Lispector, do Paulo Fuentes, e coloquem o de RICARDO LABATT.

RIFA-SE UM CORAÇÃO
Ricardo Labatt

Rifa-se um coração quase novo. Um coração idealista. Um coração como poucos. Um coração à moda antiga. Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário. Rifa-se um coração que na realidade está um pouco usado, meio calejado, muito machucado e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões. Um pouco inconseqüente que nunca desiste de acreditar nas pessoas. Um leviano e precipitado coração que acha que Tim Maia estava certo quando escreveu… “…não quero dinheiro, eu quero amor sincero, é isso que eu espero…”. Um idealista…Um verdadeiro sonhador…

Rifa-se um coração que nunca aprende. Que não endurece, e mantém sempre viva a esperança de ser feliz, sendo simples e natural. Um coração insensato que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar. Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras. Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros. Esse coração que erra, briga, se expõe. Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões. Sai do sério e, às vezes revê suas posições arrependido de palavras e gestos. Este coração tantas vezes incompreendido. Tantas vezes provocado. Tantas vezes impulsivo.

Rifa-se este desequilibrado emocional que abre sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas, mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto. Um coração para ser alugado, ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes. Um órgão abestado indicado apenas para quem quer viver intensamente contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida matando o tempo, defendendo-se das emoções. Rifa-se um coração tão inocente que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário. Um coração que quando parar de bater ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro na hora da prestação de contas: “O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento. Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança que insiste em não endurecer e, se recusa a envelhecer”

Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro que tenha um pouco mais de juízo. Um órgão mais fiel ao seu usuário. Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga. Um coração que não seja tão inconseqüente. Rifa-se um coração cego, surdo e mudo, mas que incomoda um bocado. Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda não foi adotado, provavelmente, por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais, por não querer perder o estilo. Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree. Um simples coração humano. Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado. Um modelo cheio de defeitos que, mesmo estando fora do mercado, faz questão de não se modernizar, mas vez por outra, constrange o corpo que o domina. Um velho coração que convence seu usuário a publicar seus segredos e a ter a petulância de se aventurar como poeta…

A intenção era fotografar a “LUA GRANDE” do dia 19/03. Mas, algumas coisitas deram erradas:

- o céu nublado;
- o equipamento precário (bondade minha > péssimo mesmo) e
- a pessoa por trás do péssimo precário equipamento…
3D Smiles (116)

A praia, o mar, o céu estavam lindos naquele cair de tarde.

Então, pra vocês, apresento a “minha praia”

 

card_augustobastos 

“A porta aberta,
o vão do tempo,
a vida apenas,
este momento” 

(Augusto Sérgio Bastos)

card_augustobastos4

Entre o cinza do amanhã
e o branco da espera,
me permito o azul

(Augusto Sérgio Bastos)

NO VÉRTICE
Abgar Renault


No vértice de nunca e sempre, o ouvido
desconhece a surdez do lusco-fusco
e não compreende os pássaros do olvido
que compõem de ausências o crepúsculo;

formas, regressando do finito,
despem a pele de invernia e luto,
e ergue-se em prata a voz de morto mito;
chegam em carros de rodas de um minuto

pensamentos de fruto, rosas, face,
que em torno da lareira de ontem se amam;
a sombra acende-se; outro verde nasce;

e fábulas e sóis, em convivência,
dentro de adormecido olhar derramam
novas letras de sonho e de existência.

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Mais de Abgar Renault
Imagem da Internet, via Google

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Hoje é dia de pregar peças nos amigos. Concordando ou não, a brincadeira existe em todos os cantos e recantos. E não só no Brasil.

Tudo começou quando o rei da França, Carlos IX, após a implantação do calendário gregoriano, instituiu o dia primeiro de janeiro para ser o início do ano. Naquela época, as notícias demoravam muito para chegar às pessoas, fato que atrapalhou a adoção da mudança da data por todos.

Antes dessa mudança, a festa de ano novo era comemorada no dia 25 de março e terminava após uma semana de duração, ou seja, no dia primeiro de abril. Algumas pessoas, as mais tradicionais e menos flexíveis, não gostaram da mudança no calendário e continuaram fazer tal comemoração na data antiga. Isso virou motivo de chacota e gozação, por parte das pessoas que concordaram com a adoção da nova data, e passaram a fazer brincadeiras com os radicais, enviando-lhes presentes estranhos ou convites de festas que não existiam.Tais brincadeiras causaram dúvidas sobre a veracidade da data, confundindo as pessoas, daí o surgimento do dia 1º de abril como dia da mentira.

Aproximadamente duzentos anos mais tarde essas brincadeiras se espalharam por toda a Inglaterra e, consequentemente, para todo o mundo, ficando mais conhecida como o dia da mentira. Na França seu nome é “Poisson d’avril” e na Itália esse dia é conhecido como “pesce d’aprile”, ambos significando peixe de abril. No Brasil, o primeiro Estado a adotar a brincadeira foi Pernambuco, onde uma informação mentirosa foi transmitida e desmentida no dia seguinte. “A Mentira”, em 1º de abril de 1848, apresentou como notícia o falecimento de D. Pedro, fato que não havia acontecido.

Pregar mentiras nesse dia é uma brincadeira saudável, porém o respeito e o cuidado devem ser lembrados, para que ninguém saia prejudicado, afinal, a honestidade é a base para qualquer relacionamento humano.


Fonte:
DAQUI >>
Brasil Escola
Texto de Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia

A imagem é da Internet via Google

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