segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
"Acho a coisa mais simples, mais definitiva, pra explicar o amor entre duas pessoas: gostava dela porque era ela, porque era eu."porque era ela, porque era eu."



Porque Era Ela, Porque Era Eu
Chico Buarque

Eu não sabia explicar nós dois
Ela mais eu
Porque eu e ela
Não conhecia poemas
Nem muitas palavras belas
Mas ela foi me levando pela mão
Íamos todos os dois
Assim ao léo
Ríamos, choravamos sem razão
Hoje lembrando-me dela
Me vendo nos olhos dela
Sei que o que tinha de ser se deu
Porque era ela
Porque era eu

Aqui Chico explica a frase:
"Acho a coisa mais simples, mais definitiva, pra explicar o amor entre duas pessoas: gostava dela porque era ela, porque era eu."

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012


POESIA: FAZ ESCURO, MAS EU CANTO
AUTOR: Thiago de Mello
MÚSICA: Monsueto Menezes 

Intérprete: Nara Leão
Álbum: Manhã De Liberdade
Ano: 1966
Selo: Philips: 


Faz escuro mas eu canto,
porque a manhã vai chegar.
Vem ver comigo, companheiro,
a cor do mundo mudar.
Vale a pena não dormir para esperar
a cor do mundo mudar.
Já é madrugada,
vem o sol, quero alegria,
que é para esquecer o que eu sofria.
Quem sofre fica acordado
defendendo o coração.
Vamos juntos, multidão,
trabalhar pela alegria,
amanhã é um novo dia.


<><>

© Thiago de Mello
In: Faz escuro mas eu canto, 1966


Fonte do vídeo:
domingo, 5 de fevereiro de 2012

ENTARDECER NO SERTÃO
Luís Carlos Mordegane


Como é lindo o teu entardecer sertão!
    Faço de minhas palavras versos pra ti...
    Das estradas de terra por toda imensidão
    Ouvir ao  longe o piar alegre da juriti.
    

    Raios a refletirem teus brilhos pelo  chão
    Traz a lembrança das límpidas águas da fonte
    Tão límpidas que reluz e ofusca a visão
    Em contraste com as sombras no alto do monte
    

    A encobrirem  os raios brilhantes  do sol.
    Mostra a terra de um vermelho escaldante
    Quando começa se esconder por detrás do paiol
    E outras terras aquecer com tua luz radiante...
    

    Muge o gado lá no canto da invernada
    Canta nos galhos a passarada
    Pia o nhanbú lá na baixada
    No terreiro o som do monjolinho...
    

    Lembro minha casinha no pé da serra
    No alpendre minha cabocla me espera
    Como é doce o cheiro da minha terra
    Como é lindo o teu entardecer sertão!

barrinhas1 
Fontes:
Luís Carlos Mordegane >>
DAQUI
Imagem: Ricardo Boaventura >> DAQUI

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

ACORRENTADOS
Paulo Mendes Campos


Quem coleciona selos para o filho do amigo; quem acorda de madrugada e estremece no desgosto de si mesmo ao lembrar que há muitos anos feriu a quem amava; quem chora no cinema ao ver o reencontro de pai e filho; quem segura sem temor uma lagartixa e lhe faz com os dedos uma carícia; quem se detém no caminho para ver melhor a flor silvestre; quem se ri das próprias rugas; quem decide aplicar-se ao estudo de uma língua morta depois de um fracasso sentimental; quem procura na cidade os traços da cidade que passou; quem se deixa tocar pelo símbolo da porta fechada; quem costura roupa para os lázaros; quem envia bonecas às filhas dos lázaros; quem diz a uma visita pouco familiar: Meu pai só gostava desta cadeira; quem manda livros aos presidiários; quem se comove ao ver passar de cabeça branca aquele ou aquela, mestre ou mestra, que foi a fera do colégio; quem escolhe na venda verdura fresca para o canário; quem se lembra todos os dias do amigo morto; quem jamais negligencia os ritos da amizade; quem guarda, se lhe deram de presente, o isqueiro que não mais funciona; quem, não tendo o hábito de beber, liga o telefone internacional no segundo uísque a fim de conversar com amigo ou amiga; quem coleciona pedras, garrafas e galhos ressequidos; quem passa mais de dez minutos a fazer mágicas para as crianças; quem guarda as cartas do noivado com uma fita; quem sabe construir uma boa fogueira; quem entra em delicado transe diante dos velhos troncos, dos musgos e dos liquens; quem procura decifrar no desenho da madeira o hieróglifo da existência; quem não se acanha de achar o pôr-do-sol uma perfeição; quem se desata em sorriso à visão de uma cascata ; quem leva a sério os transatlânticos que passam; quem visita sozinho os lugares onde já foi feliz ou infeliz; quem de repente liberta os pássaros do viveiro; quem sente pena da pessoa amada e não sabe explicar o motivo; quem julga adivinhar o pensamento do cavalo; todos eles são presidiários da ternura e andarão por toda a parte acorrentados, atados aos pequenos amores da armadilha terrestre.

1%10

In O Anjo Bêbado, 1969
Imagem:
Mary Baxter St. Clair

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

 

OS LÍRIOS
Henriqueta Lisboa

Certa madrugada fria
irei de cabelos soltos
ver como crescem os lírios.

Quero saber como crescem
simples e belos — perfeitos! —
ao abandono dos campos.

Antes que o sol apareça
neblina rompe neblina
com vestes brancas, irei.

Irei no maior sigilo
para que ninguém perceba
contendo a respiração.

Sobre a terra muito fria
dobrando meus frios joelhos
farei perguntas à terra.

Depois de ouvir-lhe o segredo
deitada por entre os lírios
adormecerei tranqüila.

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Henriqueta Lisboa
in A Face Lívida, 1945
Imagens: >
DAQUI

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

CANTAREI O AMOR
JG de Araujo Jorge

Acima de tudo
cantarei o amor

O de Cristo e Confúcio,  o de Romeu e D. Juan,
acima de tudo cantarei o amor.

Em todos os momentos, lascivos ou gloriosos,
mansos ou eróticos,
unindo dois ou arrastando milhões,
nascido da ternura ou da revolta,
procriando seres ou idéias,
acima de tudo cantarei o amor.

O amor
- cimento e força -
que constrói e ilumina
que convoca e conquista,
- bola de neve do Bem inevitável -
acima de tudo cantarei o amor.

E o tirarei do coração
como a hóstia do cálice
ou o sol, da manhã,
ou a espada, da bainha,
- fulcro para a alavanca do meu verso
mover o mundo -

acima de tudo cantarei o amor.

barrinha_1
JG de Araujo Jorge
In O Poder Da Flor, 1969

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