sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019


L'ENVOL RADIEUX - Michel Pépé

Fonte do vídeo
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019


NÃO QUERO OUTRO AMOR
Castro Alves


Eu não quero outro amor; não quer a abelha
Um novo cetro se o primeiro cai;
Iramaia viúva nos desertos,
Peregrina chorando - a morte atrai.


Eu não quero outro amor; sou como o cervo
Que a raiz encontrou no jibatã;
Ali se abriga na floresta escura,
Lá viu-o a noite, e vê-lo-á a manhã.


Eu não quero outro amor; não quer a paca
Mais de um caminho, procurando o rio,
Ali a espera o caçador malvado,
Ali ferida, soluçou, caiu.


Eu não quero outro amor - sou como o índio
Que caminha buscando o Taracuá:
Afeito ao fogo da escolhida planta
Vai andando e rejeita o Biribá.


Eu não quero outro amor - não quer a planta
Outra seiva, outro sol, estranho chão:
Não cresce longe, mas definha e prende
Amando o sol que encubara o grão.


Eu não quero outro amor; sou como a seta
Que num vôo somente corta o ar;
Se perde o golpe tomba logo inerte
Entra o índio sem caça o tijupar.


Eu a vítima fui da seta ervada,
De plumas verdes, venenoso fio;
Mas não quero outro amor, ajoelho e beijo
O pó da campa que este amor abriu.


Porque eu sou como a abelha que rejeita
Um novo cetro se o primeiro cai;
Iramaia perdida nos desertos
Peregrina, chorando a morte atrai.




terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

ALGA
Fernando Pessoa

Paira na noite calma
O silêncio da brisa...
Acontece-me à alma
Qualquer coisa imprecisa...

Uma porta entreaberta...
Um sorriso em descrença...
Uma ânsia que não acerta
Com aquilo em que pensa.

Sonha, duvida, elevo-a
Até quem me suponho
E a sua voz de névoa
Roça pelo meu sonho...


© FERNANDO PESSOA
24-7-1916
In Novas Poesias Inéditas, 1973
Ed. Ática, Lisboa.

Arte: Helen Cottle_lady in the rain



A DESPEDIDA

Foram mais de 20 anos da terna presença do site A VOZ DA POESIA na Web, projeto sem fins lucrativos - portanto, sem publicidade e não remunerado - que com muito esforço vinha sendo mantido por um pequeno grupo de amigos. Começamos de forma despretensiosa, mas o site rapidamente foi guindado à fonte de pesquisa de muitos, graças ao seu conteúdo educativo, alcançando grande visibilidade dentre os buscadores, a exemplo do Google, e também por causa do seu notável pioneirismo. Mesmo lutando contra muitas dificuldades, sempre tentamos aprimorá-lo na medida das nossas forças, para oferecer ao público a melhor experiência de navegação associada ao maior esforço de pesquisa literária, tarefa dividida com um número talvez insuficiente de pessoas, dada a missão monumental que se verificava. Tínhamos pretensões respeitáveis de expansão desse trabalho, mas a realidade foi se impondo cada vez mais. Embarcar novos colaboradores nesse projeto demandava o desenvolvimento de ferramentas adequadas que favorecessem tal participação abrangente. O tempo destinado a isso, porém, foi ficando cada vez mais curto, sendo enorme a nossa responsabilidade social de atender a todos os interessados que buscavam o conteúdo do site. Muitos contatos ficaram sem a merecida resposta, mestres do ensino de todo o país a quem rendemos as nossas profundas homenagens, estudantes etc, e pedimos sinceras desculpas por todas as circunstâncias alheias à nossa vontade. Lembrando que sempre consideramos esse um trabalho de amigos para amigos, nos imbuindo do propósito de dar acesso amplo, responsável e gratuito à cultura literária do nosso país. Hoje, é com pesar que comunicamos que os fatos da vida se impuseram acima dos nossos mais nobres ideais de continuidade nessa tarefa, parecendo-nos impróprio e temerário manter no ar uma página sem a devida e corriqueira manutenção. Não se trata, porém, de uma despedida sem esperanças. Cuidaremos, ainda, da reserva da URL por tempo indefinido. Como recordação saudosa desse trabalho tão apreciado por todos, os visitantes poderão se dirigir à nossa fanpage do Facebook, embora já nos desculpando antecipadamente pela impossibilidade de pronta resposta a novos contatos. E quem sabe em anos vindouros possamos revisitar esse projeto tão querido, com as mentes arejadas por soluções inovadoras, e amparados por uma nova sinergia de grupo. O momento, assim sendo, não é de um adeus lacônico, mas, quem sabe, de um "até breve" esperançoso. Nossa imensa gratidão pela sua companhia nessa longa e belíssima jornada, agradecendo também o carinho daqueles a quem A VOZ DA POESIA sempre falou ao coração!
[...] Meu ofício é cantando revelar
a palavra que serve aos companheiros;
mas se preciso for calar o canto
e em fainas diferentes me aplicar
unindo a outros meu braço prevenido,
mais serviço que houver será servido.
© GEIR CAMPOS
In Antologia Poética, 2003

Fonte: Facebook
terça-feira, 20 de fevereiro de 2018
 

sábado, 9 de dezembro de 2017

A POESIA É UMA ARMA CARREGADA DE FUTURO
Gabriel Celaya

Quando já nada se espera de pessoalmente exaltante,
mas se palpita e se continua para cá da consciência,
ferozmente existindo, cegamente afirmando,
como um pulso que lateja nas trevas,

quando se olham de frente
os claros olhos vertiginosos da morte,
dizem-se as verdades:
as bárbaras, terríveis, amorosas crueldades.

Dizem-se os poemas
que dilatam os pulmões de quantos, asfixiados,
pedem ser, pedem ritmo,
pedem lei para o que sentem excessivo.

Com a velocidade do instinto,
com o raio do prodígio,
como mágica evidência, converte-se o real
no idêntico a si mesmo.

Poesia para o pobre, poesia necessária
como o pão de cada dia,
como o ar que exigimos treze vezes por minuto,
para ser e enquanto somos dizer um sim que glorifica.

Porque vivemos de vez em quando, porque mal nos deixam
dizer que somos quem somos,
nossos cantos não podem sem pecado ser um ornamento.
Estamos a tocar o fundo.

Maldigo a poesia concebida como um luxo
cultural pelos neutrais
que lavando as mãos, se desinteressam e evadem.
Maldigo a poesia de quem não toma partido até manchar-se.

Faço minhas as faltas. Sinto em mim quantos sofrem
e canto ao respirar.
Canto, canto, e a cantar para além de minhas mágoas
pessoais, fico maior.

Quisera dar-vos vida, provocar novos atos,
e calculo por isso com técnica, que venço.
Sinto-me um engenheiro do verso e um operário
que com outros trabalha Espanha nos seus aços.

Assim é a minha poesia: poesia-ferramenta
e ao mesmo tempo pulsação do unânime e cego.
Assim é, arma carregada de futuro expansivo
com que aponto ao peito.

Não é uma poesia gota a gota pensada.
Nem um belo produto. Nem um fruto perfeito.
É algo como o ar que todos respiramos
e é o canto que difunde o que dentro levamos.

São palavras que todos repetimos sentindo
como nossas, e voam. São mais que o que elas dizem.
São o mais necessário: o que não possui um nome.
São gritos no céu, e, na terra, são atos.

<><>

Gabriel Celaya
Tradução: José Bento
(Foto: retirada do Pinterest, sem identificação de autoria)

<><>
SOBRE O AUTOR: Gabriel Celaya (Hernani, Guipúzcoa, 18 de março de 1911 - Madri, 18 de abril de 1991), foi um poeta espanhol da geração literária pós-guerra  Seu nome era Rafael Gabriel Juan Múgica Celaya Leceta.



terça-feira, 28 de novembro de 2017
CASTRO ALVES, Poeta da Liberdade, Poeta do Amor, Poeta Maior!




























Com muita alegria, o site A Voz da Poesia informa que já está publicada toda a obra do poeta CASTRO ALVES:

213 obras, dentre elas, o Drama "Gonzaga ou a Revolução de Minas, 1875".

Todas as poesias dos livros:
• Espumas flutuantes, 1870
• Vozes d`África. Navio Negreiro, 1880
• Os escravos, obra dividida em duas partes:
1. A cachoeira de Paulo Afonso;
2. Manuscritos de Stênio, 1883;
• Obras completas, 1921
Edição do cinquentenário da morte de Castro Alves.
Org. de Afrânio Peixoto, em 2 vols., contendo numerosos inéditos: poesias diversas, colegiais, coligidas, etc.


44 áudios de poesias musicadas
25 áudios de poesias recitadas.


Acesse: OBRA COMPLETA DE CASTRO ALVES
sexta-feira, 6 de outubro de 2017
Para Rita de Cássia, a moça que tem voz de queijo com goiabada!



Amo-te muito
Como as flores amam
O frio orvalho que, infinito, chora
Amo-te muito qual sabiá-da-praia
Ama a sanguínea e deslumbrante aurora
Ó não te esqueças que eu te amo assim
Ó não te esqueças nunca mais de mim
Amo-te muito
Como a onda à praia
E a praia à onda que a vem beijar
Amo-te muito como a branca pérola
Ama as entranhas do infinito mar
Ó não te esqueças que eu te amo assim
Ó não te esqueças nunca mais de mim



AMO-TE MUITO
Intérprete: Marcelo Barra
Composição: João Chaves

A Poesia te convida:
www.avozdapoesia.com.br

Related Posts with Thumbnails

Poética

Poesias

Poetas

Vídeos

A Voz aqui

A Poética dos Amigos

Pesquisar neste blog

Rádio

Arquivos