segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019
Especial para Cláudia Diniz


Sabir - Erimos



DOIS CORAÇÕES
Autores: Andre Sperling - Ronaldo Bastos
Intérprete: Nana Caymmi


De que é feito o amor?
Dizem que o amor é paz
O que o amor me deu
Ninguém vai me tirar
O meu amor só crê
Nas visões que o amor me dá
Se uniu dois corações
Não vai mais separar

Uniu dois mundos em vidas tão separadas
Juntou caminhos, mas separou as estradas

Cadê o amor, cadê?
Sinto que ele vai chegar
Posso morrer de amor
Ou por amor calar
O meu amor só crê
Nas visões que o amor me dá
Se uniu dois corações
Não vai mais separar

Fonte do vídeo
domingo, 24 de fevereiro de 2019

Canção do não tempo de lua
Mário Lago


Amada não me censure, se sou de pouco falar
Nem se esse pouco que falo não faz você suspirar
É tempo de vida feia, de se morrer ou matar
De sonho cortado ao meio, de voz sem poder gritar
De pão que pra nós não chega, de noite sem se acabar
Por isso não me censure, se sou de pouco falar

Criança é bonito? É
Mulher é bonito? É
A lua é bonito? É
A rosa é bonito? É
Mas criança chega a homem se a bomba quiser
A mulher só tem seu homem se a bomba quiser
Homem sonha e faz seu sonho se a bomba quiser
Não é tempo de ver lua nem tirar rosa do pé

Amada minha não chore se nunca falo de amor
Nem se meu beijo é salgado, que é beijo chorado em dor
É tempo de vida triste, de olhar o seu com pavor
De mão pro último gesto, de olhar pra última flor
De verde que era esperança trazer desgraça na cor
Por isso amada não chore se nunca falo de amor

Criança é bonito? É
Mulher é bonito? É
A Lua é bonito? É
A rosa é bonito? É
Mas criança chega a homem se a bomba quiser
A mulher só tem seu homem se a bomba quiser
Homem sonha e faz seu sonho se a bomba quiser
Não é tempo de ver lua nem tirar rosa do pé

Amada não vá embora se eu trouxe desilusão
Se aumento sua tristeza, tão triste a minha canção
É tempo de fazer tempo, de pegar tempo na mão
De gente vindo no tempo em passeata ou procissão
No mesmo passo de sonho pra bomba dizendo ?não!?
Amada não vá embora, mudou a minha canção!

Criança é bonito? É
Mulher é bonito? É
A lua é bonito? É
A rosa é bonito? É
Pois criança vai ser homem porque a gente quer
A mulher vai ter seu homem porque a gente quer
Homem vai fazer seu sonho porque a gente quer
Vai ser tempo de ver lua e tirar rosa do pé

Fonte do vídeo
Fonte do texto

Aqui neste vídeo só a voz do Mário Lago



Fonte do vídeo
sábado, 23 de fevereiro de 2019



CONTIGO APRENDI
Autores: Armando Manzanero – Versão de Nazareno de Brito
Intérprete: Moacyr Franco


Contigo aprendi
Que a vida se renova a cada instante
Contigo aprendi
A conhecer o mundo, a ver adiante

Aprendi
Numa semana contar mais de sete dias
E ver maiores as pequenas alegrias
E a crer nos outros, eu contigo aprendi

Contigo aprendi
Que existe luz na noite mais escura
Contigo aprendi
Que em tudo existe um pouco de ternura

Aprendi
Que pode um beijo ser mais doce e mais profundo
Que posso ir-me amanhã mesmo deste mundo
As coisas boas eu contigo já vivi

Contigo...
Aprendi...

Aprendi
Que pode um beijo ser mais doce e mais profundo
Que posso ir-me amanhã mesmos deste mundo
As coisas boas eu contigo já vivi

E contigo aprendi
Que eu nasci no dia em que te conheci

Fonte do vídeo
 


 A CASA
Myriam Fraga

Pedra sobre pedra
Construí esta casa:
Tijolo, sonho e argila.

Custaram-me os alicerces
A metade da asa
Direita,
A outra metade,
Serviu de escora
Às traves que a sustentaram.

A asa esquerda perdeu-se
Na argamassa.

Esta casa, para fazer,
Levou-me anos
De solidão e fomes
Aplacadas.

Uma casa tão clara,
Aberta aos ventos,
E a cada dia sempre
Renovada.

Aqui plantei minha vida,
Nos esquadros
E soleira das portas.
Ancoradouro e barco,
Minha casa.

Daqui se ouvia o mar
E o canto das sereias,
Se nostálgico das janelas
O olhar se alongava.

Mas o perfume do incenso
Rolava nos altares, deuses lares,
E eu ficava e fui sempre
A guardiã da casa.

Pássaro do abismo,
Mensageiro da desgraça,
Meus olhos marinheiros
Pressentiram o desastre.

Ventos do sul sopraram
Sobre a casa. Marés de março
Enormes, com suas vagas,
Submergiram e arrasaram
Da soleira aos telhados.

Olho de furacão,
Espiral de sargaços,
Conheci o sumidouro,
A fúria da voragem.

Sobrevivente do escarcéu
Hoje, náufraga, na casa,
Sei que as paredes permanecem
Intactas, com suas marcas,
E novamente, aos poucos,
Com meus dedos quebrados,
Vou recompondo lentamente
A cumeeira arrasada.

 
In: Femina, 1996
Ed. Fundação Casa de Jorge Amado/Copene. Salvador,BA.

Arte: Thomas Henry Victor

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019


L'ENVOL RADIEUX - Michel Pépé

Fonte do vídeo
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019


NÃO QUERO OUTRO AMOR
Castro Alves


Eu não quero outro amor; não quer a abelha
Um novo cetro se o primeiro cai;
Iramaia viúva nos desertos,
Peregrina chorando - a morte atrai.


Eu não quero outro amor; sou como o cervo
Que a raiz encontrou no jibatã;
Ali se abriga na floresta escura,
Lá viu-o a noite, e vê-lo-á a manhã.


Eu não quero outro amor; não quer a paca
Mais de um caminho, procurando o rio,
Ali a espera o caçador malvado,
Ali ferida, soluçou, caiu.


Eu não quero outro amor - sou como o índio
Que caminha buscando o Taracuá:
Afeito ao fogo da escolhida planta
Vai andando e rejeita o Biribá.


Eu não quero outro amor - não quer a planta
Outra seiva, outro sol, estranho chão:
Não cresce longe, mas definha e prende
Amando o sol que encubara o grão.


Eu não quero outro amor; sou como a seta
Que num vôo somente corta o ar;
Se perde o golpe tomba logo inerte
Entra o índio sem caça o tijupar.


Eu a vítima fui da seta ervada,
De plumas verdes, venenoso fio;
Mas não quero outro amor, ajoelho e beijo
O pó da campa que este amor abriu.


Porque eu sou como a abelha que rejeita
Um novo cetro se o primeiro cai;
Iramaia perdida nos desertos
Peregrina, chorando a morte atrai.




terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

ALGA
Fernando Pessoa

Paira na noite calma
O silêncio da brisa...
Acontece-me à alma
Qualquer coisa imprecisa...

Uma porta entreaberta...
Um sorriso em descrença...
Uma ânsia que não acerta
Com aquilo em que pensa.

Sonha, duvida, elevo-a
Até quem me suponho
E a sua voz de névoa
Roça pelo meu sonho...


© FERNANDO PESSOA
24-7-1916
In Novas Poesias Inéditas, 1973
Ed. Ática, Lisboa.

Arte: Helen Cottle_lady in the rain


Related Posts with Thumbnails

Poética

Poesias

Poetas

Vídeos

A Voz aqui

A Poética dos Amigos

Pesquisar neste blog

Rádio

Arquivos