terça-feira, 30 de dezembro de 2008

É chegado o término de mais um ano, ocasião em que se renovam as esperanças de um mundo melhor, em que sonhos são projetados, e lembranças dos bons momentos se eternizam na memória coletiva. Esse é um sentimento que ressurge com mais afinco em período de festividades, ligando pessoas em torno de um ideal comum. Irmanados nele é que lançamos nossa pequena semente de um mundo mais harmônico, solidário e feliz.
Aspiramos juntos. Aprendemos juntos. Que essa presença familiar inconfundível continue conosco no ano que se inicia. E, ainda que as preocupações peculiares ao dia-a-dia cheguem a pesar, esse elo afetivo permanecerá sempre inquebrantável... porque nos habituamos com o perfume marcante do seu imenso carinho em nossas vidas.
Feliz Ano Novo, com muita alegria e muita paz!

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

                                                                             daqui

A lua projetava o seu perfil azul
Sobre os velhos arabescos das flores calmas
A pequena varanda era como o ninho futuro
E as ramadas escorriam gotas que não havia.

Na rua ignorada anjos brincavam de roda...
– Ninguém sabia, mas nós estávamos ali.
Só os perfumes teciam a renda da tristeza
Porque as corolas eram alegres como frutos
E uma inocente pintura brotava do desenho das cores

Eu me pus a sonhar o poema da hora.
E, talvez ao olhar meu rosto exasperado
Pela ânsia de te ter tão vagamente amiga
Talvez ao pressentir na carne misteriosa
A germinação estranha do meu indizível apelo
Ouvi bruscamente a claridade do teu riso
Num gorjeio de gorgulhos de água enluarada.
E ele era tão belo, tão mais belo do que a noite
Tão mais doce que o mel dourado dos teus olhos
Que ao vê-lo trilar sobre os teus dentes como um címbalo
E se escorrer sobre os teus lábios como um suco
E marulhar entre os teus seios como uma onda
Eu chorei docemente na concha de minhas mãos vazias
De que me tivesses possuído antes do amor.


[Vida e poesia - Vinicius de Moraes]

domingo, 21 de dezembro de 2008

Grandes nomes da música brasileira interpretam canções natalinas. Um presente de primeira qualidade!

Natal Bem Brasileiro (2008)

capa

Escolha a faixa de sua preferência

01 - BOAS FESTAS
Autor: Assis Valente
Intérprete: Maria Bethânia

02 - CARTÃO DE NATAL
Autor: Luiz Gonzaga e Zé Dantas
Intérprete: Elba Ramalho

03 - Ô DE CASA
Autor: Simone Gimarães e Sérgio Natureza
Intérprete: Flávio Venturini

04 - NATAL DAS CRIANÇAS
Intérprete: Jane Duboc

05 - FELIZ NATAL, PAPAI NOEL
Autor: Martinho da Vila
Intérprete: Zezé Motta

06 - VÉSPERA DE NATAL
Autor: Adoniran Barbosa
Intérprete: Marcos Sacramento

07 - E NASCEU JESUS
Autor: Orlandivo e Roberto Jorge
Intérprete: Maria Alcina

08 - O VELHINHO
Autor: Otávio Filho
Intérprete: Dominguinhos

09 - RECADINHO DE PAPAI NOEL
Autor: Assis Valente
Intérprete: Wanderléa

10 - MEU MENINO JESUS
Autor: Roberto e Erasmo Carlos
Intérprete: Célia

11 - FELIZ NATAL
Autor: Armando Cavalcanti e Klécius Caldas
Intérprete: Miúcha

12 - NATAL
Autor: Francis Hime e Vinicius de Moraes
Intérprete: Leila Pinheiro e Francis Hime

13 - VELHO AMIGO
Autores: Baden Powell e Vinicius de Moraes
Intérprete: Olivia Hime

14 - POEMA DE NATAL
Autor: Vinicius de Moraes
Intérprete: Vinicius de Moraes com participação especial de Toquinho no violão

OUÇA


Recomendo este CD
COMPRAR

sábado, 20 de dezembro de 2008

Procurava uma mensagem de Natal para aqueles que ainda reserva alguns minutos do seu tempo para ler alguma coisa. E ela me veio por e-mail. Verdadeira. Bela. Simples.

PRA VOCÊ
NG_6 
Mais um Natal vem chegando, e a alma de toda gente fica apertadinha, encolhida, do tamanho de uma criança... confesse que, nesta época do ano principalmente, você tem vontade de afrouxar a gravata, trocar o par de sapatos de salto por havaianas, e até sorri quando, inadvertidamente, pisa numa poça d'água... confesse que, às vezes, durante o teu cotidiano, você enxerga, no espelho do olhar do outro, a criança que ainda vive na tua alma...
Quer saber?... Eu acho isso tudo, a alma do Natal... Cada ínfimo gesto: o tamborilar na mesa, acompanhando o ritmo musical; o assovio, em resposta ao passarinho que pousa no telhado;
e tantas outras grandes pequenas atitudes que denunciam a criança em nós...
Tem gente que perde tempo, reclamando que Natal foi transformado em consumismo, comércio desenfreado... Consumismo existe o ano todo - por que todos consumimos (quanto mais temos, mais consumimos, obviamente)... Perde tempo, quem fica a conjecturar sobre essas coisas... É Natal!... Natal construído antes do dia 25 - a expectativa, os preparativos, os presentes (grandes ou pequenos, sempre lembranças de luz na solidão)...
Em razão da proximidade do final de ano, ainda há aqueles que, às vésperas do Natal, ficam somando os fracassos, e menosprezando as pequenas vitórias de cada dia... Poxa, não conseguiu o aumento salarial?... Mas continua trabalhando, e, este ano, produziu... Todo caminho leva ao sucesso - lamentavelmente, tem gente que desvia do caminho, antes de chegar lá...
Mas há outros que fazem planos mirabolantes, como se satisfizessem com o que consideram impossível... Um dia, saberão que o impossível não existe...
Nesta lista, ainda adiciono aqueles que vivem de 'se' 'se' 'se', mais 'se' 'se' 'se' ("ah, se eu tivesse feito a outra opção", "se eu tivesse feito aquilo", "se eu não tivesse viajado", etc e tal), neste mês de dezembro, que deveria ser de festa... Para os cristãos, aniversário de Jesus... Para todos, indistintamente, a festa da vida humana... Estamos vivos, não estamos?... Tão vivos, que damos vida àqueles que partiram antes de nós...
Acho que, como eu, você também já viveu pelo menos um desses natais citados - ou não... Não importa, por que convivemos com "tanta diferente gente", como cantou o poeta, e por isso enxergamos, em nós e/ou nos outros, situações semelhantes...
Escrevi tudo isso, pra te dizer que este Natal vai ser diferente - não por que Papai Noel vai te visitar, te apresentar CPF, RG, e comprovar que existe, nem por causa da decoração natalina que você ornamentou, ou a ceia que você pretende servir aos familiares e amigos... O Natal vai ser diferente, simplesmente por que não existe dia igual - nem 25, nem 24, nem 26...
Quer saber mais?... Você também está diferente, é diferente, por que também você não é um ser estático - assim como eu... Você já não é a criatura de dezembro passado, que ficou lá atrás...
Por isso, aproveite o máximo dos dias que antecedem à Festa Natalina, e, tanto quanto possível, continue aproveitando os dias que se sucederem... Afinal, a gente nunca sabe quando vai partir - o que a gente sabe é que hoje, aqui, agora, a gente está, a gente é, a gente pode ser... Sem pensar muito, retire a poeira dos sonhos, liberte a criança da alma, e deixe-se inebriar pelo espírito natalino: corresponda aos sorrisos e beijos, surpreenda com um abraço aquele que se mutila em sentimentos negativos...
... e tudo pode ser tão simples, né?...
É só o que te desejo: um simples Natal!!!!

DORA BRISA

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

155044 001 
                                                   Imagem: Tomasz Rut


Carrega-me contigo, Pássaro-Poesia
Quando cruzares o Amanhã, a luz, o impossível
Porque de barro e palha tem sido esta viagem
Que faço a sós comigo. Isenta de traçado
Ou de complicada geografia, sem nenhuma bagagem
Hei de levar apenas a vertigem e a fé:
Para teu corpo de luz, dois fardos breves.
Deixarei palavras e cantigas. E movediças
Embaçadas vias de Ilusão.
Não cantei cotidianos. Só cantei a ti
Pássaro-Poesia
E a paisagem-limite: o fosso, o extremo
A convulsão do Homem.

Carrega-me contigo.
No Amanhã.


[I - Hilda Hilst in Amavisse, 1989]

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O nosso menino
Nasceu em Belém.
Nasceu tão-somente
Para querer bem.

Nasceu sobre as palhas
O nosso menino.
Mas a mãe sabia
Que ele era divino.

Vem para sofrer
A morte na cruz,
O nosso menino,
Seu nome é Jesus.

Por nós ele aceita
O humano destino:
Louvemos a glória
De Jesus menino.

[Canto de Natal - Manoel Bandeira]

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008


My Healing
Jo Davidson

Do CD Tell The Story (1999)

Fonte do vídeo
 
sábado, 13 de dezembro de 2008


LAVOURA

Composição: Teresa Cristina e Paulo Amorim
Intérpretes: Roberta Sá e Ney Matogrosso

Quatro da manhã
Dor no apogeu
A lua já se escondeu
Vestindo o céu de puro breu
E eu mal vejo a minha mão
A rabiscar
Esboço de canção.

Poesia vã
Pobre verso meu
Que brota quando feneceu
A mesma flor que concebeu
Perdido na alucinação
Do amor
Acreditando na ilusão.

Canto pra esquecer a dor da vida
Sei que o destino do amor
É sempre a despedida
A tristeza é um grão
Saudade é o chão onde eu planto
No ventre da solidão
É que nasce o meu canto.

No ventre da solidão é que nasce o meu canto...

Fonte do vídeo

 
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

presepio

Jesus nasceu. Na abóbada infinita
Soam cânticos vivos de alegria;
E toda a vida universal palpita
Dentro daquela pobre estrebaria...
Não houve sedas, nem cetins, nem rendas
No berço humilde em que nasceu Jesus...
Mas os pobres trouxeram oferendas
Para quem tinha de morrer na cruz.
Sobre a palha, risonho, e iluminado
Pelo luar dos olhos de Maria,
Vede o Menino-Deus, que está cercado
Dos animais da pobre estrebaria.
Nasceu entre pompas reluzentes;
Na humildade e na paz deste lugar,
Assim que abriu os olhos inocentes
Foi para os pobres seu primeiro olhar.
No entanto, os reis da terra, pecadores,
Seguindo a estrela que ao presépio os guia,
Vem cobrir de perfumes e de flores
O chão daquela pobre estrebaria.
Sobem hinos de amor ao céu profundo;
Homens, Jesus nasceu! Natal! Natal!
Sobre esta palha está quem salva o mundo,
Quem ama os fracos, quem perdoa o mal,
Natal! Natal! Em toda a natureza
Há sorrisos e cantos, neste dia...
Salve Deus da humildade e da pobreza
Nascido numa pobre estrebaria.


[Natal - Olavo Bilac]

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Um cd belíssimo para tornar a sua festa de Natal tão brasileira quanto o som do cavaquinho.
Natal De Cavaquinho - Sérgio Chiavazzoli
 
capa


1 Jingle bells (domínio público)
2 Boas Festas (Assis Valente)
3 Noite feliz (Silent night) (Franz Gruber)
4 O velhinho (Otávio Babo Filho)
5 White Christmas (Irving Berlin)
6 Jesus alegria dos homens (S. Bach)
7 Happy X-mas (War is over) (John Lennon/Yoko Ono)
8 Natal das crianças (Black-Out)
9 Homem de Nazaré (Claudio Fontana)
10 José (Joseph) (George Monstaki/Vrs. Nara Leão)
11 What a wonderful world (B.Thiele/G.D. Weiss)
12 Ave Maria (Vicente Paiva/Jaime Redondo)

Para ouvir

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Natal


Clique na imagem para entrar no álbum do Picasa.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

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Não está no céu a estrela. Está na terra.
Não indicará, o nascimento do Senhor
não prometerá o céu,
indicará o nascimento do homem
prometerá a terra.
Está na terra a estrela, há séculos enterrada
como um diamante - um filão de ouro ignorado
talvez uma lágrima.
Quando os homens a encontrarem, todos terão
e todos serão ricos.
Sou rico porque a encontrei: - aqui está a estrela da terra.
Faiscará nas minhas mãos como pepita na bateia,
coloquei-a na cabeça como lanterna de mineiro
para iluminar as galerias.
Não a procurarão os reis Magos, os poetas a procurarão,
não indicará o caminho do céu
indicará o caminho da terra.
Ricos serão os poetas que encontrarem a estrela da terra
porque cumprirão o seu destino
e transmitirão a sua mensagem.
Vinde, irmãos de todas as terras, eu vos ofereço a estrela da terra,
olhai a estrela no chão,
ela tem todas as cores como a luz
e irá à nossa frente, caminhará conosco.


[Estrela na Terra - JG de Araujo Jorge]

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Recebido por e-mail do meu amigo Narfe.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008


Bloco da Solidão
Intérprete: Thais Gulin
Composição: Evaldo Gouveia e Jair Amorim


Ángústia, solidão
Um triste adeus em cada mão
Lá vai, meu bloco vai
Só deste jeito é que ele sai
Na frente sigo eu
Levo um estandarte de um amor
Amor que se perdeu
No carnaval lá vai meu bloco
E lá vou eu também
Mais uma vez sem ter ninguém
No sábado e domingo
Segunda e terça-feira
E quarta feira vem
O ano inteiro é sempre assim
Por isso quando eu passar
Batam palmas para mim
Aplaudam quem sorrir
Trazendo lágrimas no olhar
Merece uma homenagem
Quem tem forças pra cantar
Tão grande é minha dor
Pede passagem quando sai
Comigo só
Lá vai meu bloco vai
Laiá, laiá, laiá
Laiá, laiá, laiá
Lalaiá, lalaiá
Laiá
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
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08/08/1920 São Paulo, SP
10/04/1985 São Paulo, SP

Compositor e multiinstrumentista (violão, cavaquinho, bandolim, banjo, contrabaixo, viola, guitarra havaiana). .
Desde os 10 anos, demonstrou habilidade com os instrumentos de cordas. Entre 1942 e 1944, serviu à Força Expedicionária Brasileira.
Começou sua carreira artística na década de 1930, em São Paulo, quando passou a acompanhar cantores populares de então: Januário de Oliveira, Paraguaçu e Arnaldo Pescuma. Em 1937, foi chamado para trabalhar no conjunto Regional da Rádio Difusora paulista, como violonista e solista de cavaquinho e bandolim. Na mesma época, integrou o conjunto vocal Grupo X, que concorria com o Bando da Lua. Compôs sua primeira música em 1939, uma valsa intitulada "Você", com letra de José Roberto Penteado, que nunca foi gravada. Foi esse parceiro que sugeriu o nome artístico Poli, abreviatura de Apolônio.
Em 1940, foi convidado pelo também multiinstrumentista Garoto para trabalhar em seu regional no Rio de Janeiro. Com o Regional de Garoto, atuou no Cassino Copacabana, na Rádio Clube do Brasil, na Rádio Mayrink Veiga e ainda gravou alguns discos. Em 1942, interrompeu suas atividades musicais para servir à FEB, só retornando dois anos depois. Em 1944, gravou seu primeiro disco solo, tocando guitarra havaiana interpretando os fox-troptes "Deep in the heart of Texas", de Don Swander e June Herchey e "Jingle, jangle, jungle", de J. L. Lilley e F. Loesser. [saiba mais]





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Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos –
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.

Assim será a nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos –
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.

Não há muito que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez, de amor
Uma prece por quem se vai –
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte –
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

[Poema de Natal - Vinicius de Moraes]

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
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 RETRATO PARA SER VISTO DE LONGE
 Francisco Carvalho

Sou um ser, o outro é metade
que não sabe de onde veio.
Sou treva, sou claridade.
Solidão partida ao meio
e entre os dois a eternidade.

Sei quem sou, não me conheço.
Parado, estou sempre indo
para um país sem regresso.
Sou fonte e estou me esvaindo,
fluir sem fim nem começo.

Coração partido ao meio,
pulsando em cada metade.
O lirismo do espantalho
a espuma do devaneio.
Entre os dois a eternidade.


Imagem da Internert, pelo Google

Sobre o autor:
Francisco Carvalho, nasceu em 1927, na cidade de Russas- Ceará
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

                                                                Fonte

Oh! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh! dias de minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez de mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
De camisa aberta ao peito,
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo,
E despertava a cantar!

Oh! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
- Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

foto_rara_mpb                                                                       imagem recebida da Lari

Clique na imagem para ampliar

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Van Gogh


Rebelde, inclinado à solidão, até mesmo insociável, van Gogh é um desajustado no seu lar, em sua terra e em sua sociedade.

Desde jovem, tem dificuldade em se adequar aos padrões e passa por diversos trabalhos, até que descobre sua verdadeira aptidão, a pintura. É ajudado por seu irmão mais novo Theodore, a quem chama carinhosamente de Theo. Foi seu amparo afetivo, emocional e econômico.

Em 1876, vive suas primeiras crises nervosas e tem na religião um refúgio. Resolve ser pastor. Mas nem assim ele se aquieta. Pregava pouco e se preocupava demais com os doentes e crianças.

Quando resolve pintar, Theo o ajuda, pois neste período é um dos dirigentes da Galeria Goupil. Theo está em Paris, o centro artístico. Com o dinheiro que ele manda, van Gogh estuda anatomia e perspectiva. Resolve pintar a sua terra e os homens simples. Não deseja fazer uma pintura clássica, pintar "gente que não trabalha". E diz:

"Eu não quero pintar quadros, quero pintar a vida".

Vida para ele são paisagens e gente, isto é, camponeses e mineiros, campo e trigais.

Em 1885/86, van Gogh está em Antuérpia, onde ele se apaixona definitivamente pela cor:

"O pintor do futuro será um colorista como nunca foi possível antes".

Era um excepcional artista que foi buscar lá fora, na própria natureza, o colorido, as formas revoltas, as árvores farfalhantes, as casas solitárias, os rostos sofridos, os corpos alquebrados, os céus estrelados, o amarelo dos girassóis e dos trigais, tudo com um brilho muito exagerado para ter mais expressão. Ele dizia:

"Procuro com o vermelho e o verde exprimir as mais terríveis paixões humanas. Quero pintar o retrato das pessoas como eu as sinto e não como eu as vejo".

Em 1888 (Arles) pinta ao ar livre. Quando chega o verão e o sol, van Gogh liberta as cores:

"Eu quero a luz que vem de dentro, quero que as cores representem as emoções".

A seu convite, Gauguin chega em Outubro, para trabalharem juntos. Seguem-se dois meses de trabalho duro é fértil para ambos. Mas a diferença de temperamento e de atitude diante da vida acaba explodindo numa inevitável desavença.

Van Gogh tem crises de humor, discute, agride o amigo, sofre de mania de perseguição e numa das crises tenta ferir Gauguin com uma navalha. Perde a luta, é levado para a cama em lágrimas e com descontrole muscular. Arrependido, corta, de propósito, um pedaço da orelha e manda num envelope à mulher que motivou a briga.

Recolhido ao hospital Saint-Paul para doentes nervosos, mais tarde pinta, diante do espelho , o Auto-retrato com a orelha cortada. Seu olhar é de espanto, mágoa e melancolia.

Em maio de 1889 ele mesmo pede ao irmão que o interne. Vai ao hospital de Saint-Rémy. Seu quarto do hospital é transformado em atelier.Pinta sem parar, e manda dizer ao irmão que está pintando bem. Pinta paisagens, o hospital, os doentes, as celas, o pátio e os médicos. Apesar de sua grande produção, vendeu um único quadro em sua vida toda.

Seus últimos quadros já mostram deformações mais fortes, pois van Gogh prefere pintar a sua própria realidade. Os trigais são turbulentos e inquietos, os ciprestes estão trêmulos, angustiantes, cheios de tensão, as oliveiras tornam-se exaltadas e torcidas.

No dia 27 de julho de 1890 sai para o campo de trigo com um revólver na mão. É domingo, o grão está dourado, o céu incrivelmente azul. Corvos muitos pretos gritam e fogem em revoada. Dias antes ele pintou esse quadro. No meio do campo dá um tiro no peito.

Vincent van Gogh com sua pintura contribuiu para a pintura moderna com a vitória da cor sobre o desenho, libertando a cor. Foi o precursor do Expressionismo.

Fonte

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