segunda-feira, 29 de outubro de 2012

"Os amigos não morrem: andam por aí, penetram-nos quando menos esperamos e é como se nunca tivessem partido. É como, não: nunca partiram." (*)

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As pessoas não morrem: andam por aí. Quantas vezes as sinto à minha volta: a presença, o cheiro, a cumplicidade silenciosa… Aproximam-se, afastam-se, vão-se embora, regressam, não me abandonam nunca, andam por aí, invisíveis

(invisíveis?)

densas de humanidade, tão próximas.

Segredam-nos:

- Não faleci, sabes?

E não faleceram, é verdade, continuam, não na nossa lembrança, continuam de fato, pertinho. Quase sem ruído mas, tomando atenção, percebem-se, quase não ocupando espaço mas, reparando melhor, ali, iguais a nós, tão vivos. Andam por aí, pertencem-nos, pertencemos-lhes, não deixamos de estar juntos. Nunca deixamos de estar juntos: Quando é necessário pousam-nos a palma no ombro.

Se olhar bem o ombro vejo a palma que pousou nele. Há palmas tão bonitas quanto os pássaros. Daqui a nada, sem que ela dê por isso, começa a cantar. Basta um bocadinho de atenção para a ouvir cantar. E, ao cantar, começo a escutar as ondas. Uma após outra. Reparem.

 

Trechos do texto
Aqueles que andam por aí
António Lobo Antunes

Leia na íntegra no link:
http://goo.gl/eOII2
visao.sapo.pt

 

(*) Desconheço o autor
Imagem da internet via Google

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