quinta-feira, 18 de abril de 2019

SONETO DO SONO
Ruy Espinheira Filho


A tarde é tão serena que parece
vir do hálito que sobe do teu sono.
Vejo-te ir nas nuvens do abandono,
comovido de calma. A tarde desce

ao longe, sobre o mar. Mas lenta e leve,
como a exalar o sonho desse sono.
E tudo, enfim, é o sopro do abandono
e o seu sussurrar na mão que escreve.

Dormes como num voo. Como se fosse
quando o tempo era jovem. E então me sinto
pleno de mar e luz e céu  ̶  e sou

soberbo e claro por estar absorto
no abandono desse pó de estrelas
que se juntou para inventar teu corpo.


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© Ruy Espinheira Filho
In: Estação infinita e outras estações - poesia reunida, 2012
Arte: Richard Macneil

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