quinta-feira, 20 de junho de 2013

Richard S. Johnson44


TALVEZ QUE SEJA A BRISA
Fernando Pessoa


Talvez que seja a brisa
Que ronda o fim da estrada,
Talvez seja o silêncio,
Talvez não seja nada...

Que coisa é que na tarde
Me entristece sem ser?
Sinto como se houvesse
Um mal que acontecer.

Mas sinto o mal que vem
Como se já passasse...
Que coisa é que faz isto
Sentir-se e recordar-se?

separador11
Fernando Pessoa na Voz da Poesia

Imagem: Richard S. Johnson

segunda-feira, 10 de junho de 2013

POEMA QUIETO
Flora Figueiredo


Deixe que o silêncio discorra por nós
e ache as respostas.
Que nos beije o peito,
que nos coce as costas
e nos dê o direito de calar o tempo.
Deixe que ele cubra o momento
e se distenda leve
como um lençol de renda;
que seja arguto o bastante
para impedir o instante de ser breve,
Deixe que o silêncio nos proteja.
Pra que ninguém escute,
nada se revele
e possamos trocar as nossas peles
sem que a censura veja.

separador10

© FLORA FIGUEIREDO
In Calçada de Verão, 1989
Fonte:
A Voz da Poesia

Imagem: Freydoon Rassouli

sábado, 8 de junho de 2013
Marcadores
namorados2 namorados3 namorados4
namorados5 namorados6 namorados7

Presente da Simone Enloucrescida para o Dia dos Namorados!

Para imprimir:

1. clique na imagem para abrir em tamanho original;
2. copie e cole no Word;
3. ajuste para o tamanho que lhe agradar;
4. imprima.

Dicas:

use impressora jato de tinta e papel VERGÊ ou papel AP 60g.

Se for imprimir em papel comum a sugestão é que seja plastificado depois.

 

Arte by Enlou

O CIÚME
Guilherme de Almeida


Minha melhor lembrança é esse instante no qual,
pela primeira vez, me entrou pela retina
tua silhueta provocante e fina
como um punhal.
Depois, passaste a ser unicamente aquela
que a gente se habitua a achar apenas bela
e que é quase banal.

E agora que te tenho em minhas mãos, e sei
que os teus nervos se enfeixam todos em meus dedos
e os teus sentidos são cinco brinquedos
com que brinquei;
agora que não mais me és inédita; agora
que compreendo que, tal como eu te vira outrora,
nunca mais te verei;

agora que, de ti, por muito que me dês,
já não me podes dar a impressão que me deste,
a primeira impressão que me fizeste;
— louco, talvez,
tenho ciúmes de quem não te conhece ainda
e, cedo ou tarde, te verá, pálida e linda,
pela primeira vez!

separador50

© Guilherme de Almeida
In Poemas escolhidos, 1931
Imagem: Agaphya Belaja

Fonte: A Voz da Poesia

Related Posts with Thumbnails

Poética

Poesias

Poetas

Vídeos

A Voz aqui

A Poética dos Amigos

Pesquisar neste blog

Rádio

Arquivos