terça-feira, 24 de maio de 2011

24 de Maio - Dia Nacional do Café
Minha homenagem a esse meu companheiro
de todas as horas.

O TEMPO EM QUE TOMÁVAMOS CAFÉ
Rúbio Rocha de Sousa

Lá, junto à tangerineira,
Meu pai rachava lenha
Agachado, eu ficava absorvido
Com aquela destreza de levantar
E descer o machado: o corte preciso
Eu queria crescer, aprender aquela arte

Depois, meu pai encostava o machado
No tronco da pequena tangerineira
Eu levava os pauzinhos de lenha
Para a cozinha, um de cada vez: eu era pequeno
Minha avó, no velho fogão, arrumava os paus e gravetos,
Derramava um pouquinho de querosene
Um fósforo... Estava o fogo aceso!
Eu queria crescer, aprender aquela arte

Sobre a chapa, o bule. Dentro do bule, a água fervendo
Era só colocar algumas colheres de pó de café e açúcar
Depois, o café sendo coado...
A fumacinha esvaindo-se, as xícaras sobre a mesa
O bico do bule entornando o cafezinho fresco
Eu queria crescer, aprender aquela arte.

Tia Valdecira lavava a louça
E ficávamos conversando, rindo...
Meu avô, no canto, reclamava que o café estava muito doce
Lá na estrada, passavam, em seus jumentos, cavalos, burros
Outros camponeses: acenavam, davam bom-dia, boa-tarde...
Respondíamos todos a um mesmo tempo.

Ah, mas só hoje é que sinto a leveza dos pauzinhos de lenha
O sabor daquele café sem igual,
Só hoje é que vejo a fumacinha subindo da xícara
As pessoas passado na estrada e acenando,
Que ouço o crepitar dos paus e gravetos,
Aquelas velhas conversas à mesa, entre um gole e outro...
Mas hoje sou apenas um café frio na cafeteira

Ali no canto, há um banquinho imóvel e mudo
Não ouvimos mais as reclamações de meu avô
Minha tia não está mais aqui para lavar a louça
Já não há mais a velha tangerineira
Para se encostar o machado
Que também não existe mais
Nem tão pouco há mais bule e o fogão de lenha
Bebemos o café silenciosamente, calados
Esse café por mais doce, sempre amargo.
Às vezes, uma palavra ou outra
Para vomitarmos um pouco o silêncio que os engole.

E só hoje é que eu queria
Carregar os pauzinhos de lenha,
Um de cada vez.

 

Poesia integrante do livro I Antologia Poética A Voz da Poesia, 2008, pag 30/31
Classificada em 4º lugar no I Concurso de Poesia A VOZ DA POESIA

segunda-feira, 23 de maio de 2011

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ELOGIE DO JEITO CERTO
Marcos Meier

Recentemente, um grupo de crianças pequenas passou por um teste muito interessante*. Psicólogos propuseram uma tarefa de média dificuldade, que elas executariam, contudo, sem grandes problemas. Todas conseguiram terminar a tarefa depois de certo tempo. Em seguida, foram divididas em dois grupos.

O grupo A foi elogiado quanto à inteligência. “Uau, como você é inteligente!”, “Que esperta você é!”, Menino, que orgulho de ver o quanto você é genial!”... E outros elogios relacionados à capacidade de cada criança.

O grupo B foi elogiado quanto ao esforço. “Menina, gostei de ver o quanto você se dedicou nesta tarefa!”, “Menino, que legal ter visto seu esforço!”, Uau, que persistência você mostrou. Tentou, tentou, até conseguir, muito bem!... E outros elogios relacionados ao trabalho realizado e não à criança em si.

Depois dessa fase, uma nova tarefa de dificuldade equivalente à primeira foi proposta aos dois grupos de crianças. Aqui, elas não seriam obrigadas a cumprir a tarefa, mas podiam escolher se queriam ou não, sem qualquer tipo de consequência.

As respostas das crianças surpreenderam. A grande maioria das crianças do grupo A simplesmente recusou a segunda tarefa. As crianças não queriam nem tentar. Por outro lado, quase todas as crianças do grupo B aceitaram tentar. Não recusaram a nova tarefa.

A explicação é simples e nos ajuda a compreender como elogiar nossos filhos e nossos alunos. O ser humano foge de experiências que possam ser desagradáveis. As crianças “inteligentes” não querem o sentimento de frustração de não conseguir realizar uma tarefa, pois isso poderia modificar a imagem que os adultos têm delas. Se eu não conseguir, eles não vão mais dizer que sou inteligente. As “esforçadas” não ficam com medo de tentar, pois mesmo que não consigam é o esforço que será elogiado. Sabemos de muitos casos de jovens considerados inteligentes não passarem no vestibular, enquanto aqueles jovens “ médios” obtêm a vitória. Os inteligentes confiaram demais em sua capacidade e deixaram de se preparar adequadamente. Os outros sabiam que se não tivessem um excelente preparo não seriam aprovados e, justamente por isso, estudaram mais, resolveram mais exercícios, leram e se aprofundaram melhor em cada uma das disciplinas.

No entanto, isso não é tudo. Além dos conteúdos escolares, nossos filhos precisam aprender valores, princípios e ética. Precisam respeitar as diferenças, lutar contra o preconceito, adquirir hábitos saudáveis e construir amizades sólidas. Não se consegue nada disso por meio de elogios frágeis, com enfoque apenas no ego de cada um. É preciso que sejam incentivados constantemente a agir assim. Isso se faz com elogios, feedbacks e incentivos ao comportamento esperado.

Nossos filhos precisam ouvir frases como: “Que bom que você o ajudou, você tem um bom coração”, “Parabéns, meu filho, por ter dito a verdade apesar de estar com medo... Você é ético”, ‘Filha, fiquei orgulhoso de você ter dado atenção àquela menina nova ao invés de tê-la excluído, como algumas de suas colegas o fizeram... Você é solidária”, “Isso mesmo, filho; deixar seu primo brincar com seu videogame foi muito legal, você é um bom amigo”. Elogios desse tipo estão fundamentados em ações reais e reforçam o comportamento da criança, que tenderá a repeti-los. Isso não é “tática” paterna, é incentivo real.

Por outro lado, elogiar superficialidades é uma tendência atual. “Que linda você é, amor”, “Acho você muito esperto, meu filho”, “Como você é charmoso”, Que cabelo lindo”, “Seus olhos são tão bonitos”. Elogios como esses não estão baseados em fatos, nem em comportamentos ou atitudes. São apenas impressões e interpretações dos adultos. Em breve, crianças como essas estarão fazendo chantagens emocionais, birras, manhas e “charminhos”. Quando adultos, não terão desenvolvido a resistência à frustração, e a fragilidade emocional estará presente.

Homens e mulheres de personalidade forte e saudável são como carvalhos que crescem nas encostas de montanhas. Os ventos não os derrubam, pois cresceram na presença deles. São frondosos, têm copas grandes e o verde de suas folhas mostra vigor, pois se alimentaram da terra fértil.

Que nossos filhos recebam o vento e a terra adubada por nossa postura firme e carinhosa.

*Notícia veiculada na revista Galileu, na edição de Janeiro de 2011

SOBRE O AUTOR
Marcos Meier é Mestre em Educação, psicólogo, professor de Matemática e especialista na teoria da Meditação da Aprendizagem em Jerusalém, Israel. Seus livros são encontrados na loja virtual www.kapok.com.br
Contatos pelo site www. marcosmeler.acn.br

Fontes:
imagens, via Google
texto recebido de Hugo Ferrante, a quem agradeço

sexta-feira, 20 de maio de 2011
quarta-feira, 18 de maio de 2011

Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes

DENUNCIE DISK 100

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O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes foi criado pela Lei n.º 9.970, de 17 de maio de 2000, em razão do crime que comoveu o Brasil, ocorrido na cidade de Vitória, capital do Espírito Santo, em 1973. Naquele ano, a menina Araceli Cabrera Crespo, de oito anos, foi espancada, violentada e assassinada. Até hoje, os culpados pelo crime não foram punidos.

Saiba mais > SAFERNET

domingo, 15 de maio de 2011


Poesia: Cântico XI
Cecília Meireles
Música: Fátima Guedes
Intérpretes: Thelmo Lins e Wagner Cosse


Vê formaram-se todas as águas
Todas a s nuvens.
Os ventos virão de todos os nortes.
Os dilúvios cairão sobre os mundos.
Tu não morrerás.
Não há nuvens que te escureçam.
Não há ventos que te desfaçam.
Não há águas que te afoguem.
Tu és a própria nuvem.
O próprio vento.
A própria chuva sem fim...

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Fonte do vídeo
quarta-feira, 11 de maio de 2011

Mais um texto atribuído – erroneamente – a Mario Quintana. E faz algum tempo que o verdadeiro autor já foi identificado. Mesmo assim, continua sendo enviado por e-mails (PPS) e publicado em blogs/flogs/memes com a autoria errada.

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A IDADE DE SER FELIZ
Geraldo Eustáquio de Souza

Existe somente uma idade para a gente ser feliz
somente uma época na vida de cada pessoa
em que é possível sonhar e fazer planos
e ter energia bastante para realizá-los
a despeito de todas as dificuldades e obstáculos

Uma só idade para a gente se encantar com a vida
e viver apaixonadamente
e desfrutar tudo com toda intensidade
sem medo nem culpa de sentir prazer

Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida
à nossa própria imagem e semelhança
e sorrir e cantar e brincar e dançar
e vestir-se com todas as cores
e entregar-se a todos os amores
experimentando a vida em todos os seus sabores
sem preconceito ou pudor

Tempo de entusiasmo e de coragem
em que todo desafio é mais um convite à luta
que a gente enfrenta com toda a disposição de tentar algo novo,
de novo e de novo, e quantas vezes for preciso

Essa idade, tão fugaz na vida da gente,
chama-se presente,
e tem apenas a duração do instante que passa ...
... doce pássaro do aqui e agora
que quando se dá por ele já partiu para nunca mais!

 

SOBRE O AUTOR

Geraldo Eustáquio de Souza é Economista e Psicanalista, com mestrado em Administração de Empresas (Belo Horizonte-UFMG), especialização em Comportamento Humano nas Organizações (Japão), Saúde e Forma (Inglaterra) e Metodologia Científica (São Paulo).

FONTE > COMPANHIA PARA CRESCER

domingo, 8 de maio de 2011

quinta-feira, 5 de maio de 2011

OS MEUS DEDOS ERRANTES
Eugénio de Sá

Os meus dedos, amor, dedos errantes
Úteis partes de mim, mas que eram teus
Sem o altar do teu corpo são ateus
Não se enternecem a orar como antes

São as extremidades destas mãos cativas
Da saudade que as tuas lhes deixaram;
Os meus dedos nos teus, como brincaram
Entrelaçados eles e nossas vidas

É triste que hoje os saiba acarinhados
Por outros que talvez não te amem tanto
Enquanto estes meus sofrem, ignorados

Mas sensações perduram entretanto;
Nestas mãos que te amaram sem pecado
Ficaram as memórias do encanto!

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Sobre o autor:

Nasceu em Lisboa, em 1945.
A poesia entrou na sua vida em 1968, trazida num livrinho que recebeu das mãos de José Saramago, então colaborador do Jornal A Capital, onde iniciou a atividade de comunicador.
Eugénio de Sá é acadêmico AVPB e membro da APP.

terça-feira, 3 de maio de 2011

SEU NOME
Composição: Vander Lee
Intérprete: Luiza Possi

Quando essa boca disser o seu nome, venha voando
Mesmo que a boca só diga seu nome de vez em quando

Posso enxergar no seu rosto um dia tão claro e luminoso
Quero provar desse gosto ainda tão raro e misterioso do amor...

Quero que você me dê o que tiver de bom pra dar
Ficar junto de você é como ouvir o som do mar
Se você não vem me amar é maré cheia, amor
Ter você é ver o sol deitado na areia

Quando quiser entrar e encontrar o trinco trancado
Saiba que meu coração é um barraco de zinco todo cuidado

Não traga a tempestade depois que o sol se pôr
Nem venha com piedade porque piedade não é amor

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Fonte do texto:
Cheiro de flor quando ri

segunda-feira, 2 de maio de 2011

OLHAR FORASTEIRO
de Helena Sut

Desejo descobrir a intenção
Perdida entre os véus da noite
Com os olhos das estrelas anciãs
Que velam a nossa escuridão
Enquanto olhares forasteiros
Encontram os nossos mistérios.

Desejo caminhar no céu
Desarmar a armadilha do esquecimento
Derramada sobre o espelho do mar
Na busca pelo barqueiro
E reencontrar, suspenso no horizonte,
O cais entre as correntes de estórias.

Desejo ser o olhar
A noite, o dia, o mistério,
O prazer de ser apenas a vida
Forasteira e plena de perguntas
E encontrar nos caminhos de Sasso
As pedras da minha identidade.

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Imagem: pintura de  John Waterhouse

Sobre a autora

Helena Sut nasceu no Rio de Janeiro em 19 de novembro de 1969 e reside em Curitiba. Autora dos livros: Sonhos e Cicatrizes, 2001, Beatriz Navegante e Confissões de uma Barriga, 2002, Alfinetes de Lapela,2003, Todas as Ovelhas são Pardas, 2003. Apresentou livros na 48ª Feira do Livro de Porto Alegre (2002) e na Bienal do Livro do Rio de Janeiro (2003). Participou da coletânea de poesias Próximas Palavras, lançada em julho de 2002 em Curitiba, além de outras coletâneas no Rio de Janeiro e Brasília.

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