sábado, 26 de fevereiro de 2011

XXXVIII
(NO CORAÇÃO, NO OLHAR)
Hilda Hilst

No coração, no olhar
Quando te tocarem
Pela primeira vez
Aqueles que se amam
Eu estarei.
Nas grandes luas.
Nas tardes.
Nas pequeninas canções
Nos livros
Eu e minha viva morte
Estaremos ali
Pela primeira vez.
Dirão:
Um poeta e sua morte
Estão vivos e unidos
No mundo dos homens.
Nas madrugadas
Pela primeira vez
Em amor
Tocada.
000000001[1]

© Hilda Hilst
In: Da Morte. Odes Mínimas, 1979
Imagem: pintura de Alexandru Darida (carmen)

       
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     000000001[1]
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
 rosa_anderson14
 
ROSAS
Augusto Frederico Schmidt
 
Frágeis filhas da Aurora e do Mistério,
Rosas que despertais virgens e frescas,
Sorrindo entre os espinhos e as folhagens,
Nos roseirais sadios e viçosos. 

Rosas débeis, que os ventos assassinam,
Sois a forma e a expressão do própio efêmero.
Na luta natural incerta e cega.
Sois o instante de Pausa e Sutileza. 

Rosas que as mãos da noite despetalam,
Sois o triunfo do Amor e da harmonia
Sois a imagem tranquila da beleza. 

Rosas que alimentais meu olhar enfermo,
Rosas, vós sois da terra humilde e escura
Um gesto puro, um alto pensamento!

Imagem: foto de Anderson Christofoletti
Saiba mais do autor AQUI
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011


UM GRANDE AMOR
Poesia de Fernanda de Castro
Musicada por Casimiro Ramos
Interpretada por Teresa Silva Carvalho


Um grande amor não cabe em nenhum verso,
como a vida não cabe num jardim,
como não cabe Deus no Universo
nem o meu coração dentro de mim.

A noite é mais pequena do que o luar,
e é mais vasto o perfume do que a flor.
É a onda mais alta do que o mar.
Não cabe em nenhum verso um grande amor.

Dizer em verso aquilo que se pensa,
ideia de poeta, ideia louca.
Não é bastante a frase mais extensa,
diz mais o beijo do que diz a boca.

Ninguém deve contar o seu segredo.
Versos de amor, só se os fizer assim:
como os pássaros cantam no arvoredo,
como as flores se beijam no jardim.

Que verso incomparável, infinito,
feito de sol, de misterioso brilho,
poderia dizer o que, num grito,
diz a mulher quando lhe nasce um filho?

E quando sobre nós desce a tristeza,
como desce a penumbra sobre o dia,
uma lágrima triste e sem beleza,
diz mais do que a palavra nua e fria.

Redondilha de amor... Para fazê-la,
desse-me Deus a tinta do luar,
a candeia suspensa de uma estrela
e o tinteiro vastíssimo do mar.


Fonte do vídeo

Claude_Theberge_Resurrection

NA LUZ DO PRUMO
Eugénio de Andrade


Se as mãos pudessem (as tuas,
as minhas) rasgar o nevoeiro,
entrar na luz a prumo.
Se a voz viesse. Não uma qualquer:
a tua, e na manhã voasse.
E de júbilo cantasse.
Com as tuas mãos, e as minhas,
pudesse entrar no azul, qualquer
azul: o do mar,
o do céu, o da rasteirinha canção
de água corrente. E com elas subisse.
(A ave, as mãos, a voz.)
E fossem chama. Quase.

Imagem: pintura de Claude Theberge (Resurrection)
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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Beverly_Bennington_castle_of_dreams 

LADRÃO DE INUTILIDADES
Alexandre Bonafim


em meu peito
um forasteiro
vindo do último
vento do oriente
estrangeiro sem face
sem pés e pernas
a percorrer a pátria
da inexistência.


em minhas veias
um ladrão de inutilidades
ancião de areia
a roubar do vento
sorrisos de chuva
alegrias de nuvem
lágrimas de estrela.


em minhas palavras
um menino triste
tão triste quanto a esperança
tão velho quanto a alegria
um menino invisível
feito de poeiras e folhas
morte de todos os instantes.


Imagem: pintura de Beverly Bennington (castle of dreams)
Sobre o autor

Alexandre Bonafim nasceu em Belo Horizonte, reside em Franca e leciona literatura em Araraquara. É poeta, ficcionista e crítico literário. É mestre em Estudos Literários pela UNESP e doutorando em Literatura Portuguesa pela USP. Publicou os seguintes livros de poesia: Biografia do deserto (2006), A outra margem do tempo (2008), Sob o silêncio do anjo (2009) e Sagração das despedidas (2009).

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Hallelujah
Comp.: Leonard Cohen
Intérprete: Katherine Jenkins

I've heard there was a secret chord
That David played and it pleased the lord
But you don't really care for music, do you?
It goes like this: the fourth, the fifth
The minor fall, the major lift
The baffled king composing Hallelujah

Hallelujah, hallelujah
Hallelujah, hallelujah

Your faith was strong, but you needed proof
You saw her bathing on the roof
Her beauty and the moonlight overthrew you
She tied you to a kitchen chair
And she broke your throne and she cut your hair
And from your lips she drew the Hallelujah

Hallelujah, hallelujah
Hallelujah, hallelujah

Now, maybe there's a god above
As for me, all I ever learned from love
Is how to shoot at someone who outdrew you
But it's not a crime that you're here tonight
It's not some pilgrim who claims to have seen the light, no
It's a cold and it's a very broken Hallelujah

Hallelujah, hallelujah
Hallelujah, hallelujah

Hallelujah, hallelujah
Hallelujah, hallelujah

Oh, people, I've been here before
I know this room and I've walked this floor
You see, I used to live alone before I knew you
And I've seen your flag on the Marble Arch
But listen love, love is not some kind of victory march, no
It's a cold and it's a very lonely Hallelujah

Hallelujah, hallelujah
Hallelujah, hallelujah

There was a time you let me know
What's really going on below
But now, now you never even show it to me, do you?
I remember when I moved in you
And the holy dove, she was moving too
And every single breath that we drew was Hallelujah

Hallelujah, hallelujah
Hallelujah, hallelujah

I've done my best, I know it wasn't much
I couldn't feel, so I learned to touch
I've told the truth, I didn't come here to fool you
And even though it all went wrong
I'll stand right here, before the Lord of Song
With nothing, nothing on my tongue but Hallelujah

Hallelujah, hallelujah
Hallelujah, hallelujah

Hallelujah, hallelujah
Hallelujah, hallelujah
Aleluia


TRADUÇÃO

Eu ouvi dizer que havia um acorde secreto
Que Davi tocava e agradava ao Senhor
Mas você não liga muito para música, não é?
É assim: a quarta, a quinta
A menor cai, a maior ascende
O rei perplexo compondo Aleluia

Aleluia, Aleluia
Aleluia, Aleluia

Sua fé era forte, mas você precisava de provas
Você a viu se banhando no telhado
A beleza dela e o luar arruinaram você
Ela te amarrou à cadeira da cozinha
E ela destruiu seu trono e cortou seu cabelo
E dos seus lábios ela tirou o Aleluia

Aleluia, Aleluia
Aleluia, Aleluia

Agora, talvez haja um deus acima
Quanto a mim, tudo o que eu aprendi sobre o amor
É como atirar em alguém que sacou a arma primeiro
Mas não é um crime você estar aqui esta noite
Não é um peregrino que alega ter visto a luz, não
É um Aleluia frio e muito sofrido

Aleluia, Aleluia
Aleluia, Aleluia

Aleluia, Aleluia
Aleluia, Aleluia

Ah, pessoal, eu já estive aqui antes
Eu conheço este quarto e já pisei este chão
Veja, eu costumava viver sozinho antes de te conhecer
E eu vi sua bandeira no Marble Arch
Mas escute, amor, o amor não é como uma marcha de vitória, não
É um Aleluia frio e muito solitário

Aleluia, Aleluia
Aleluia, Aleluia

Houve um tempo em que você me deixava saber
Tudo o que realmente acontecia
Mas agora você nunca me mostra isso, não é?
Eu me lembro de quando entrei em você
E a pomba sagrada entrou também
E cada suspiro que dávamos era um Aleluia

Aleluia, Aleluia
Aleluia, Aleluia

Eu fiz o meu melhor, eu sei que não foi muito
Eu não podia sentir, então eu aprendi a tocar
Eu disse a verdade, eu não vim aqui para te enganar
E mesmo que tudo tenha dado errado
Eu estarei aqui, diante do Senhor da Música
Com nada, nada em meus lábios além de Aleluia

Aleluia, Aleluia
Aleluia, Aleluia

Aleluia, Aleluia
Aleluia, Aleluia

Fonte do vídeo
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

 image

 PEDIDO
Cecília Meireles


Armem rede entre as estrelas,
para um descanso secular!
Os conhecidos – esquecê-los.
E os outros, nem imaginar.
Armem a rede!

Chamem o vento, um grande vento
aéreo leão, para amarrar
sua juba de esquecimento
a esta rede, entre Deus e o mar.
Chamem o vento!

Não falem nunca mais daquela
que oscila, invisível, pelo ar.
Não digam se foi triste ou bela
sua vocação de cantar!
Não falem nela. 

Cecília Meireles
in Mar Absoluto
Imagem: pintura de Pino Daeni
Leia mais da autora >
A Voz da Poesia

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O cântico celebra a união do rio para o mar e a Deusa do Mar, Yemaya.


As religiões afro-americanas eram transmitidas como parte de uma longa tradição oral, há muitas variações regionais em nome da divindade. Ela é representada com Nossa Senhora.

África: Yemoja, Ymoja, Yemowo
Brasil: Yemanjá, Iemanjá, Janaína
Cuba: Yemaya, Yemayah, Iemanya
Haiti: La Sirène, LaSiren (no Vodou)
USA (New Orleans Voodoo): Yemalla, Yemana
Uruguai: Imanja

Em alguns lugares, Yemaya é sincretizada com outras divindades:

Mami Wata
A Deusa do Mar
Mermaid Deusa do Mar

 

Fonte: Wikipedia

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