sábado, 2 de abril de 2011
Claude_Theberge_the_invitation 

PESO DE NUVENS
Sophia de Mello Breyner Andresen


Sacode as nuvens que te poisam nos cabelos,
Sacode as aves que te levam o olhar.
Sacode os sonhos mais pesados do que as pedras.
Porque eu cheguei e é tempo de me veres,
Mesmo que os meus gestos te trespassem
De solidão e tu caias em poeira,
Mesmo que a minha voz queime o ar que respiras
E os teus olhos nunca mais possam olhar.

0-3

Mais de Sophia de Mello Breyner Andresen
Imagem: Pintura de Claude Theberge (the invitation)

"Este texto circulou mto tempo como sendo de Paulo Fuentes; estava no site pessoal dele e tb no Recanto das Letras… Inclusive ele chegou a receber premios pelo texto.

Até que Ricardo Labatt apareceu dizendo-se autor do texto, publicado em jornal. E tinha provas. Paulo Fuentes tirou rapidinho o texto do site dele." Betty Vidigal

Então, retirem o nome da Clarice Lispector, do Paulo Fuentes, e coloquem o de RICARDO LABATT.

RIFA-SE UM CORAÇÃO
Ricardo Labatt

Rifa-se um coração quase novo. Um coração idealista. Um coração como poucos. Um coração à moda antiga. Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário. Rifa-se um coração que na realidade está um pouco usado, meio calejado, muito machucado e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões. Um pouco inconseqüente que nunca desiste de acreditar nas pessoas. Um leviano e precipitado coração que acha que Tim Maia estava certo quando escreveu… “…não quero dinheiro, eu quero amor sincero, é isso que eu espero…”. Um idealista…Um verdadeiro sonhador…

Rifa-se um coração que nunca aprende. Que não endurece, e mantém sempre viva a esperança de ser feliz, sendo simples e natural. Um coração insensato que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar. Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras. Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros. Esse coração que erra, briga, se expõe. Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões. Sai do sério e, às vezes revê suas posições arrependido de palavras e gestos. Este coração tantas vezes incompreendido. Tantas vezes provocado. Tantas vezes impulsivo.

Rifa-se este desequilibrado emocional que abre sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas, mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto. Um coração para ser alugado, ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes. Um órgão abestado indicado apenas para quem quer viver intensamente contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida matando o tempo, defendendo-se das emoções. Rifa-se um coração tão inocente que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário. Um coração que quando parar de bater ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro na hora da prestação de contas: “O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento. Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança que insiste em não endurecer e, se recusa a envelhecer”

Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro que tenha um pouco mais de juízo. Um órgão mais fiel ao seu usuário. Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga. Um coração que não seja tão inconseqüente. Rifa-se um coração cego, surdo e mudo, mas que incomoda um bocado. Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda não foi adotado, provavelmente, por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais, por não querer perder o estilo. Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree. Um simples coração humano. Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado. Um modelo cheio de defeitos que, mesmo estando fora do mercado, faz questão de não se modernizar, mas vez por outra, constrange o corpo que o domina. Um velho coração que convence seu usuário a publicar seus segredos e a ter a petulância de se aventurar como poeta…

A intenção era fotografar a “LUA GRANDE” do dia 19/03. Mas, algumas coisitas deram erradas:

- o céu nublado;
- o equipamento precário (bondade minha > péssimo mesmo) e
- a pessoa por trás do péssimo precário equipamento…
3D Smiles (116)

A praia, o mar, o céu estavam lindos naquele cair de tarde.

Então, pra vocês, apresento a “minha praia”

 

card_augustobastos 

“A porta aberta,
o vão do tempo,
a vida apenas,
este momento” 

(Augusto Sérgio Bastos)

card_augustobastos4

Entre o cinza do amanhã
e o branco da espera,
me permito o azul

(Augusto Sérgio Bastos)

NO VÉRTICE
Abgar Renault


No vértice de nunca e sempre, o ouvido
desconhece a surdez do lusco-fusco
e não compreende os pássaros do olvido
que compõem de ausências o crepúsculo;

formas, regressando do finito,
despem a pele de invernia e luto,
e ergue-se em prata a voz de morto mito;
chegam em carros de rodas de um minuto

pensamentos de fruto, rosas, face,
que em torno da lareira de ontem se amam;
a sombra acende-se; outro verde nasce;

e fábulas e sóis, em convivência,
dentro de adormecido olhar derramam
novas letras de sonho e de existência.

1097016nhde6cshft[1]

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Imagem da Internet, via Google

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