quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Ainda circula pela internet como sendo de Vinicius de Moraes ou como autor desconhecido.

Informação recebida por e-mail do próprio autor:

"Aqui os dados sobre a autoria do poema "Dá um Abraço?" e não "Queria um abraço hoje":

Autoria: Francisco Macedo Junior (TrovadorPR)
Criado em 1999
Publicado na web em 1999 - endereço: www.trovadorpr.com/abraco.htm

Obrigado.
TrovadorPR"

 

DÁ UM ABRAÇO?

De repente, deu vontade de um abraço...
Uma vontade de entrelaço, de proximidade...
de amizade, sei lá!

Talvez um aconchego amigo e meigo,
que enfatize a vida e amenize as dores...
que fale sobre os amores,
seja afetuoso e ao mesmo tempo forte...
Deu vontade, de poder ter saudade de um abraço.

Um abraço que eternize o tempo e preencha todo o espaço.
Mas que faça lembrar do carinho, que surge devagarinho,
na magia da união dos corpos, das auras, sei lá!

Lembrar do calor das mãos, acariciando as costas, a dizerem:
- Estou aqui!

Lembrar do enlaçar dos braços, envolventes e seguros, afirmando: - Estou com você!

Lembrar da transfusão de força,
ou até da suavidade do momento, sei lá.

Então, pensei em como chamar esse abraço:
abraço poesia, abraço força, abraço união, abraço suavidade, abraço consolo e compreensão, abraço segurança e justiça, abraço verdade, abraço cumplicidade?

Mas o que importa é a magia desse abraço,
a fusão de energias que harmoniza, integra o todo e se traduz no cosmos, no tempo e no espaço...

Só sei que agora, deu vontade desse abraço:

Um abraço que desate os nós,
transformando-os em envolventes laços...
Que sirva de "colo", afastando toda e qualquer angústia...
Que desperte a lágrima de alegria e acalme o coração...
Um abraço que traduza a amizade, o amor e a emoção.
E para um abraço assim, só consegui pensar em você.
Nessa sua energia, nessa sua sensibilidade,
que sabe entender o porque dessa minha vontade.

Pois então:

- Dá logo esse abraço!!!

 

UMA DICA IMPORTANTE:

TODA a obra de Vinicius de Moraes está disponibilizada no site: www.viniciusdemoraes.com.br

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
image
Arte: Alexander Dzigurski

UMA APÓS UMA AS ONDAS APRESSADAS
Ricardo Reis


Uma após uma as ondas apressadas
Enrolam o seu verde movimento
E chiam a alva espuma
No moreno das praias.
Uma após uma as nuvens vagarosas
Rasgam o seu redondo movimento
E o sol aquece o espaço
Do ar entre as nuvens escassas.
Indiferente a mim e eu a ela,
A natureza deste dia calmo
Furta pouco ao meu senso
De se esvair o tempo.
Só uma vaga pena inconsequente
Pára um momento à porta da minha alma
E após fitar-me um pouco
Passa, a sorrir de nada.


© RICARDO REIS (heterônimo de Fernando Pessoa)
23-11-1918
In Odes de Ricardo Reis. Fernando Pessoa, 1946

Imagem: Alexander Dzigurski
domingo, 17 de fevereiro de 2013

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TIMIDEZ
Cecília Meireles

Basta-me um pequeno gesto
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...

— mas só esse eu não farei.

Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...

— palavra que não direi.

Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,

— que amargamente inventei.

E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...

— e um dia me acabarei.

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© CECÍLIA MEIRELES
In Viagem, 1939
Fonte: A Voz da Poesia - Cecília Meireles

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SOBRE AS AREIAS
Eugénio de Andrade


É outra vez a música,
é outra vez
a música que me chama,
outra vez esse esplendor
quase animal
que me procura
e comigo se faz alma
ou primeira manhã sobre as areias.

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© EUGÉNIO DE ANDRADE
In Rente ao Dizer, 1992
Fontë: www.avozdapoesia.com.br/eugeniodeandrade

Imagem: Steve Hanks

ANTONIETTA VARALLO7

ITAOCA
Vinicius de Moraes


Serenamente pousada
Sobre a montanha elevada
Como um ninho de poesia,
A casa branca e pequena
É como a mansão serena
Da luz, da paz, da alegria!

Ó viajante fatigado
Se no teu passo cansado
Aqui vieres pousar,
Tu voltarás satisfeito
Com risos claros no peito
E calmas santas no olhar!

 

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© VINÍCIUS DE MORAES
In Poesia completa e prosa, 1998
Poesias Coligidas
Fonte: www.avozdapoesia.com.br/viniciusdemores

Imagem: Antonietta Varallo

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

LEVO COMIGO AS ÁRVORES
Albano Martins

Levo comigo as árvores,
os lagos,
o vento — as suas cestas
de merenda e volúpia.
À beira
dos relâmpagos planto
uma araucária, uma raiz
de espadas flutuantes ou adagas
floridas — o crepúsculo,
talvez, cinzenta
espuma volátil
de beijos e de lágrimas.

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© ALBANO MARTINS
In Assim São as Algas, 1999

Imagem: Émile Friant

sábado, 9 de fevereiro de 2013

O VENTO SOPRA LÁ FORA
Fernando Pessoa

O vento sopra lá fora.
Faz-me mais sozinho, e agora
Porque não choro, ele chora.

É um som abstrato e fundo.
Vem do fim vago do mundo.
Seu sentido é ser profundo.

Diz-me que nada há em tudo.
Que a virtude não é escudo
E que o melhor é ser mudo.

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© FERNANDO PESSOA
In Poesias Inéditas (1930-1935), 1955
Fonte:
A Voz da Poesia - Fernando Pessoa

Imagem: Gleb Goloubetski

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Carmen Jiménez


POEMA DO BECO

Manuel Bandeira

Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?
— O que eu vejo é o beco.

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© MANUEL BANDEIRA
In Estrela da Manhã, 1936

Imagem: Carmen Jiménez

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