quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
 ArtSeries_ChenChongPing_04


CANÇÃO DO AMOR IMPOSSÍVEL
Antonio Cícero

Como não te perderia
se te amei perdidamente
se em teus lábios eu sorvia
néctar quando sorrias
se quando estavas presente
era eu que não me achava
e quando tu não estavas
eu também ficava ausente
se eras minha fantasia
elevada a poesia
se nasceste em meu poente
como não te perderia?


Imagem: Pintura de Chen Chong Ping

Claude_Monet_Impression_soleil_levant_1872 
                                                   Claude Monet

ONDE ME LEVAS, RIO QUE CANTEI
EUGÉNIO DE ANDRADE

Onde me levas, rio que cantei,
esperança destes olhos que molhei
de pura solidão e desencanto?
Onde me leva?, que me custa tanto.

Não quero que conduzas ao silêncio
duma noite maior e mais completa.
com anjos tristes a medir os gestos
da hora mais contrária e mais secreta.

Deixa-me na terra de sabor amargo
como o coração dos frutos bravos.
pátria minha de fundos desenganos,
mas com sonhos, com prantos, com espasmos.

Canção, vai para além de quanto escrevo
e rasga esta sombra que me cerca.
Há outra fase na vida transbordante:
que seja nessa face que me perca.


[Onde me levas, rio que cantei - Eugénio de Andrade]

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