sábado, 11 de setembro de 2010

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                                      Imagem: Carlos Casamayor


TUA VOZ
Anderson Christofoletti

Fecho os olhos e ouço
tua voz doce
recitando palavras
de face puída,
mas de alma renascida
por entre teus lábios;
ouço a manhã colhida
da noite mais longa do mundo;
ouço a canção dos ventos:
solfejos penetrando muralhas
irigidas em dias desleais;
ouço a saudade tua
pulsando em meu peito
feito corcel que escorre
entre labaredas de um incêndio
que não se rende...

Nestes dias de íntimo sol
à flor da pele
qualquer intenção de sombra
torna-se abraço acolhedor.

As paredes brancas parecem sustentar
a leve voz do silêncio.
Não há fuga, nem exércitos aliados:
somos apenas eu e o tempo,
sendo este último implacável
algoz dos corações apartados
pela distância.
Mas flertarei com ele
sob a suposta onipresença
do livro sem versos
e tentarei, debalde, extirpar de meu coração
a pena cravada em sangue e dor.
Quiçá, nasça desta desconstrução
uma palavra que atravesse
barreiras e que rompa as correntes da ausência.
Por hora, tenho estas linhas e tenho
absoluta certeza que, sobre elas,
parte minha se esvai e,
uma vez não colhidas por teus olhos,
transformar-se-á em esquecimento
e entrega vã
.

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