segunda-feira, 6 de outubro de 2008

fenix
imagem da internet

Em plena efervescência do movimento mangue, nos idos de 1993, quase despercebido, um cantor pernambucano fazia as primeiras apresentações nos palcos do Recife. O cantor assinava então J. Fênix e estudava no Conservatório Pernambucano de Música, na época em que as atenções estavam voltadas para o maracatu cibernético. Seu inusitado registro vocal de contralto não se encaixava na nova cena musical recifense.

Em 1994 Fênix parte para o Rio onde continuou a estudar música com o Maestro Antonio Adolfo. Depois de uma apresentação na cidade carioca, teve a oportunidade de fazer um teste que lhe renderia o personagem principal do musical “Os Quatro Carreirinhas” dirigido por Wolf Maya, quando chamou a atenção da crítica e do público carioca em 1996. Com este trabalho Fênix entrosou-se no meio artístico e logo realizou seu primeiro show solo.

A trajetória de Fênix estava só começando. O cantor decidiu ir para Nova York e lá não perdeu a oportunidade de aprimorar seus conhecimentos musicais e artísticos. Lá conheceu Gerald Thomas e começou a cantar na noite Nova Iorquina. Trabalhou com Gerald Thomas na montagem de “O Cão Andaluz” (1998) inspirado na obra do escritor espanhol Garcia Lorca e voltou a trabalhar com Wolf Maya em 1999 no arrojado musical “Fênix e Stuart”. Ainda na época em que trabalhou com Wolf Maya, o produtor Guto Graça Melo – um dos mais respeitados e bem sucedidos da indústria fonográfica brasileira – chamou a atenção de que o mercado precisava conhecer Fênix.

Entre 2001 e 2004 registra de forma independente seus dois cds: “Eu, Causa e Efeito” e “Marfim”. O primeiro “Eu, Causa e Efeito” foi produzido por Jaime Alem, produtor e maestro de Maria Bethânia. As participações especiais ficaram a cargo de Ney Matogrosso, Naná Vasconcelos, Otto, Dominguinhos e o Maracatu Nação Pernambuco. [Fonte]

Assim como no disco de estréia, Eu, Causa e Efeito, em Marfim conta com vários músicos bem conhecidos: Marcos Susano, Totonho, Sacha Ambak, João Vianna (filho de Djavan), Ramiro Musoto, Carlos Malta, e composições inéditas de Zeca Baleiro e Totonho, entre outros. “Acho que isso se deve à qualidade. Eu a busco incessantemente, sou um tarado pela qualidade”, explica.

Dono de um timbre raro de voz, assumidamente andrógino (é comparado a Ney Matogrosso e Edson Cordeiro, sem os exageros do segundo, e com a elegância do primeiro), Fênix foi coberto de elogios pelo novo trabalho, mas sabe que ainda não foi além do status de cult, “Nos shows de lançamento, o teatro lota, sai bastante matérias na imprensa, maior badalação, depois acaba”, diz ele, revelando que este ano pretende lutar para conseguir uma maior projeção, mesmo que isso passe pelo paradoxalmente onipresente e invísivel jabá (dinheiro que as emissoras de rádio receberiam para tocar determinado artista). “Sem o rádio a gente não alcança o público. Minha música toca numa rádio lá em Goiás, noutra em Minas, não adianta. Pretendo chegar a um público mais amplo, estou fazendo um remix com Marcelinho da Lua e quero tocar no rádio. Mas como a coisa é na base da grana, vou investir no jabá”, detona.

Se dependesse do prestígio que desfruta no meio artístico, Fênix não precisaria apelar para esse detestável recurso. No show do disco anterior, no Recife, Ney Matogrosso que veio de Brasília para cantar apenas duas músicas com o amigo e voltar em seguida para a Capital do País, onde fazia temporada. Neste show, é a vez de Leo Gandelman, que faz um solo com a banda de Fênix, e toca em Chá de maçã, faixa de Marfim, de cuja gravação participou. [Fonte]

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