segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Afastada da net por obra e graça da Oi/Telemar – que sumiu com o sinal da Velox –, deixei de registrar datas importantes nos meses de Junho e Julho. Peço desculpas aos amigos da Voz da Poesia e do Dihitt que fizeram aniversário e eu não postei, como vinha fazendo. Sintam-se todos abraçados e festejados!
Uma data, no entanto, não posso deixar passar em branco… Mesmo com atraso registro aqui a minha lembrança e a minha saudade: Evelin, Guria, você faz uma tremenda falta na vida dos que a amam. Só tenho a dizer que os anjos têm mais sorte do que nós…
E assim como Almas Perfumadas parece ter sido feita pra você, a nossa escritora preferida enlaçou “Com fios de amor” os nossos corações, que dedico a você e também ao Milton, porque entendemos que a saudade não tem que ser – necessariamente - sofrimento, nem a que machuca a alma ou faz do espírito refém. A nossa saudade é assim… “feita de um punhado de sorrisos viçosos floridos no jardim da memória… que desembrulham lembranças e deixam o instante da gente todo perfumado de Deus”
Pra você, Guria, pelo dia do seu aniversário: 15 de Julho.
foggy_day_by_leonid_afremov
                                                         Pintura de Leonid Afremov
 
COM FIOS DE AMOR
Ana Cláudia Saldanha Jácomo

Era saudade, sim, eu pude dar nome quando tocou o meu instante com mãos de surpresa e me convidou pra sentir. Eu deixei que crescesse, que expandisse seus ramos, que florisse com calma, sem tentar adiá-la ou entretê-la, essas coisas que às vezes a gente tenta fazer com saudade que machuca, e vez ou outra até consegue. Mas aquela, eu pressenti pela melodia do perfume que emanava, aquela não tinha a mínima intenção de ferir. Aquela não saberia, ainda que tentasse. Aquela, eu sei, não tentaria.
Não era daquelas saudades que fazem a musculatura da vida ficar toda contraída de dor. Daquelas que amordaçam as flores e espantam as borboletas. Daquelas que engasgam o canto e fazem as asas encolherem. Daquelas traiçoeiras que, na primeira oportunidade, quebram as pontas dos nossos lápis de cor. Daquelas que escondem os brinquedos da gente nas prateleiras mais altas e, por via das dúvidas, encurtam os braços do nosso contentamento. Daquelas que inflam nuvens que depois inundam tudo de carência e de tristeza. Não, aquela não.
Aquela era uma saudade feita de um punhado de sorrisos viçosos floridos no jardim da memória. Era pássaro que cantava macio na árvore mais frondosa da minha gratidão. Era mar que estendia ondas suaves de ternura por toda a orla dos meus olhos. Aquela era dessas saudades que toda vez que dizem acendem um mundaréu de estrelas no céu do coração. Era uma certeza de que a vida sempre arruma maneiras para aproximar as almas irmãs, esses anjos vestidos de gente que tornam mais fácil e mais feliz a nossa temporada de aulas e recreios nesse mundo.
Aquela era dessas saudades bem-vindas que trazem também descanso e alegria na sua cesta de bênçãos. Era dessas saudades que derrubam cercas e desenham pontes. Era dessas saudades que desembrulham lembranças que deixam o instante da gente todo perfumado de Deus. Aquela era dessas saudades generosas que bordam sol no tecido da alma com os seus lindos fios de amor.


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