segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

CONTEMPLO O LAGO MUDO
Fernando Pessoa

Contemplo o lago mudo
Que uma brisa estremece.
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece.
O lago nada me diz,
Não sinto a brisa mexê-lo
Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo.
Trêmulos vincos risonhos
Na água adormecida.
Por que fiz eu dos sonhos
A minha única vida?

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FERNANDO PESSOA
4-8-1930
In Poesias, 1942
Ed. Ática, Lisboa
Mais do Autor:  A VOZ DA POESIA
Imagem: the lost wood by caithness155-2

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